24 de fev. de 2016

Missa é sempre igual

“Não gosto de Missa; é sempre a mesma coisa”. O refrão é conhecido e tão velho quanto quê. Pode ser que você já tenha pensado a mesma coisa. Mas, tenho certeza que mudou de idéia depois que passou a ver sentido na Missa.
            É sempre assim. Quando a gente começa a ir na Missa para passivamente assisti-la, então é a mesmice de sempre. O padre que reza lá na frente e o povo que senta e levanta, ajoelha e canta até terminar. Quando se deixa de ser um passivo assistente e passa a celebrar, a coisa muda. E muda para melhor.
            Muda porque na assistência passiva a gente só vê. E, por ser uma assistência passiva, sempre vê a mesma Missa. Quando a gente celebra, a coisa fica diferente. Cada Missa torna-se uma Missa nova, muito diferente da anterior. Cada vez você tem um sentido novo, uma razão para estar lá celebrando. Haverá domingo que você estará celebrando para pedir alguma ajuda a Deus. Outro, você estará lá para agradecer. Numa Missa você pode estar triste, magoado com alguém, e você quer celebrar com os irmãos a paz. Noutro você quer abraçar o mundo, e você vai para celebrar com os irmãos a alegria de Deus na sua vida. Cada domingo você vai celebrar sua vida diante de Deus e encontrará Deus oferecendo um sentido novo ao seu viver.
            Você então ouve Deus falar pela Bíblia. Depois tem a mensagem do padre, a mensagem das canções, das orações... Cada vez é diferente, muito diferente. Mas tem um algo mais: o pão e o vinho, Corpo e Sangue do Senhor nunca é o mesmo. Cada vez que você come daquele pão é o mesmo Cristo que você comunga, mas é sempre vida divina na sua vida humana divinizando sua existência. E vida divina nunca é igual, é sempre mais vida plena, eterna, interminável... É o novo de Deus agindo e dando sentindo ao nosso viver.
Mas, se existe “assistência passiva”, quer dizer que pode haver uma “assistência ativa?” Sim, do ponto de vista comunicativo, existe uma assistência ativa: é aquela, na qual o espectador sempre vê algo diferente naquilo que já viu anteriormente, desde que olhe cada vez com um olhar diferente. Tem gente que assiste muitas vezes o mesmo filme e sempre vê algo diferente e emocionante; vê o mesmo filme, mas com olhares diferentes A dinâmica da assistência ativa nunca vê a Missa com os mesmos olhos; cada rito, cada palavra, mesmo conhecidos, estabelece uma nova mensagem na vida do celebrante. Mas, para isso é preciso conhecimento e aprendizado do processo comunicativo litúrgico e crescimento na espiritualidade litúrgica, não somente da parte do receptor, também do comunicador.

Serginho Valle
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