19 de ago. de 2016

IGMR 45 – O Silêncio na comunicação litúrgica da Missa

Oportunamente, como parte da celebração deve-se observar o silêncio sagrado. A sua natureza depende do momento em que ocorre em cada celebração. Assim, no ato penitencial e após o convite à oração, cada fiel se recolhe; após uma leitura ou a homilia, meditam brevemente o que ouviram; após a comunhão, enfim, louvam e rezam a Deus no íntimo do coração.
 Convém que já antes da própria celebração se conserve o silêncio na igreja, na sacristia, na secretaria e mesmo nos lugares mais próximos, para que todos se disponham devota e devidamente para realizarem os sagrados mistérios.

Com este parágrafo concluímos uma parte da leitura da Instrução Geral do Missal Romano, relativa a elementos gerais do processo comunicativo na Missa. A conclusão acontece com o tema do silêncio, apresentado na IGMR 45, como elemento essencial na comunicação litúrgica. O silêncio é um elemento essencial em qualquer comunicação, não somente na comunicação litúrgica. Não existe comunicação saudável sem silêncio, isto é, de comunhão e participação, sem o silêncio, porque o silêncio é o ambiente apropriado para se acolher o que o outro diz. É no silêncio que acolhemos a mensagem de uma bela música ou de uma pintura, de uma foto ou de uma dança. Ora, se o silêncio é importante na comunicação humana, tanto mais importante o é na comunicação com Deus, seja na oração, na meditação da Palavra, no estudo da Teologia e, particularmente no contexto da celebração litúrgica.
A IGMR 45 diz que o silêncio é parte integrante da celebração litúrgica. Isso significa que a comunicação litúrgica, no contexto celebrativo do Mistério Eucarístico, acontece em ambiente silencioso e em clima de silêncio. Celebra-se a Eucaristia no silêncio. Missas barulhentas, com volume alto nos microfones ou no ministério de música; com conversas e murmúrios antes e no durante celebrativo... são ruídos que impedem uma boa comunicação litúrgica.

Diferentes silêncios
Outro fato que chama atenção são os diferentes modos de silenciar propostos pela IGMR 45. O texto, para ser mais preciso, fala de diferentes contextos nos quais se criam diferentes formas de silenciar. Da mesma forma como diferentes ritos têm características celebrativas diferentes, existe uma finalidade do silenciar para cada rito em vista da participação plena e ativa na Eucaristia.
Assim, existe o “silêncio para o recolhimento” como condição necessária para se refletir sobre a própria vida, antes do ato penitencial. Existe o “silêncio meditativo”, na Liturgia da Palavra, com a finalidade de refletir sobre o que se ouviu na Palavra e na homilia. Existe o “silêncio orante”, para silenciosamente louvar e agradecer a Deus, para adorar a Eucaristia. O silêncio é sempre silencioso, isto é, sem fundo musical e sem motivações de mensagens do padre ou de outro ministro; é silencio mesmo, mas com finalidades diferentes.
Acrescentaria ainda o “silêncio da escuta”, necessário para se ouvir quem preside, quem proclama a Palavra ou propõe uma monição. E, ainda, o “silêncio da educação” que respeita quem celebra ao meu lado, não conversando durante a Missa, não rindo ou, pior de todos, não mexendo no celular.

Silêncio antes da Missa
Uma orientação que merece ser considerada, com certa urgência em algumas comunidades, é o silêncio antes da celebração. A importância do silêncio, seja na sacristia, como mencionado na IGMR 45, seja na igreja, no tempo que se espera para o início da Missa. Em algumas comunidades, tem-se a impressão que a igreja, antes da Missa, é uma praça pública, tanto se conversa. Sem contar o mau gosto de ministérios de músicas afinando seus instrumentos antes da Missa, dentro da igreja. O ideal é criar um clima de silêncio e, neste caso, uma música ambiente gregoriana ou instrumental ajudaria os celebrantes a se prepararem silenciosamente para a celebração.
Quanto ao silêncio na sacristia, dedicarei futuramente um artigo sobre este espaço. Que se converse sobre alguns detalhes da celebração, tudo bem, mas quando a sacristia, antes da da celebração da Missa, é local para se contar piadas ou fazer brincadeiras, então é preciso pensar se tais atitudes condizem com aquilo que se vai celebrar.
Tenho a impressão que existe uma confusão motivada pelo sentido festivo da Missa. Sempre se diz que a “Missa é uma festa”. É verdade. Mas, qual o sentido da festa litúrgica? É a festa do encontro fraterno e com Deus, que não acontece na barulheira, mas na alegria interior, de onde a necessidade de silenciar para experimentar a manifestação silenciosa do silencioso Deus. Quando não é capaz de celebrar a Missa em clima silencioso, então a comunicação litúrgica deixará a desejar.
Serginho Valle
2016




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