8 de fev. de 2017

Incensação das oferendas

A incensação das oferendas, do ponto de vista comunicativo, oferece ao rito da apresentação e preparação das oferendas uma mensagem de solenidade. Por isso, se a incensação não for possível em todas as celebrações, ao menos naquelas mais solenes e festivas e, em pelo menos, numa das Missas Dominicais, seria bom realizá-la 
A incensação sempre existiu nos mais diferentes cultos e cerimônias religiosos. Os historiadores da Liturgia anotam que a incensação passou a fazer parte da Liturgia cristã por volta do século IV, quando já não havia mais um grande risco de confusão com o paganismo. É um típico exemplo de aculturação ritual com um sentido novo, inspirando-se particularmente na Bíblia. Por isso, do ponto de vista litúrgico, seria equivocado considerar que o rito da incensação tenha origem no paganismo. Sim, é verdade que a incensação era usada em ritos pagãos, mas o fundamento para o uso da incensação na nossa Liturgia, encontra-se na Bíblia.  
Muitas são as passagens Bíblicas que se referem ao uso do incenso, especialmente no Antigo Testamento. É em tais passagens Bíblicas que encontramos o sentido da incensação nos ritos litúrgicos cristãos. É, portanto, nos mesmos textos que encontramos o significado do louvor, da ação de graças, da oração silenciosa e perfumada que sobe para o alto, até junto de Deus. Em Ex 30,7-9 está uma prescrição de queimar incenso continuamente diante do Senhor. Vários textos do Antigo Testamento fazem referência a esta prescrição. Mas, o sentido litúrgico do rito da incensação na preparação e apresentação das oferendas, está no Novo Testamento, no livro do Apocalipse. Ali, o incenso é apresentado como oferenda agradável diante de Deus porque oferecida pela santidade dos corações que adoram o Senhor (Ap 5,8), com uma referência clara ao Sl 141,2: “que minha oração suba à tua presença como incenso, a elevação das minhas mãos como sacrifício da tarde”.
Merece destaque especial a referência mais clara quanto ao sentido do uso do incenso na apresentação das oferendas, presente em Ap 8,3-4. Diz o texto: “E veio um outro anjo que se colocou perto do altar, com um turíbulo de ouro. Ele recebeu uma grande quantidade de incenso, para oferecê-lo com as orações de todos os santos, no altar de ouro que está diante do trono. E da mão do anjo subia até Deus a fumaça do incenso com as orações dos santos.” Um texto que mostra como a Igreja deseja que as oferendas apresentadas no altar sejam acolhidas por Deus: com a oração de todos os santos, aqueles que já vivem na glória e, nós, que oferecemos o sacrifício da Eucaristia. De onde a conclusão do rito com o convite reforçativo do “orate fratres” (orai, irmãos).
Do ponto de vista da comunicação litúrgica, como dito acima, a incensação comunica uma mensagem de solenidade à celebração. É um daqueles ritos que vem de uma tradição antiquíssima da Igreja, mas que não perde sua atualidade. Como a comunicação litúrgica lida com a arte de celebrar, a incensação é um rito que expressa a arte de uma celebração solene para comunicar aos celebrantes o respeito solene diante das oferendas apresentadas ao Pai sobre o altar.
Sempre do ponto de vista da comunicação litúrgica, o rito da incensação é cênico, isto significa que é realizado num contexto de comunicação gestual simbólica. De onde a necessidade de que seja feito cm arte e com classe. 

O rito da incensação
O rito da incensação consta da preparação do turibulo, colocando incenso sobre a brasa acesa. Depois de abençoado, o turiferário entrega o turíbulo ao presidente da celebração para que este incense primeiramente as oferendas, depois o altar, circulando ao redor do mesmo, concluindo com a incensação do padre  e da assembléia celebrante. Tanto o padre como a assembléia celebrante tornam-se oferentes, isto é, participantes e comungantes na oração dos santos, como diz o texto do Apocalipse citado acima. São perfumados pela oração da santidade da Igreja que já vive na glória celeste e pela santidade da Igreja reunida na oferenda do seu sacrifício de pão, vinho e água.
Serginho Valle 
2017 


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