6 de out. de 2017

Duas finalidades da Pastoral litúrgica

Muitas vezes se fala de Pastoral Litúrgica e sequer sabemos direito o que vem a ser e nem como funciona a Pastoral Litúrgica. Por isso, na prática, muito esforço é perdido em termos de Pastoral Litúrgica, sem se chegar a lugar algum, pois pode ser que os passos estejam sejam dados em estradas marginais e não no caminho principal. Por isso, é necessário e importante considerar algumas noções do que seja Pastoral Litúrgica. Da mesma forma, não se veem frutos da Pastoral Litúrgica por não se conhecer uma das finalidades prioritárias da Pastoral Litúrgica: a vivência do discipulado.
A Constituição Litúrgica Sacrossanctum Concilium (SC), no nº 9, deixa claro que nem tudo é Liturgia na comunidade. A comunidade, como bem sabemos e conhecemos pela experiência, precisa ocupar-se com outras pastorais, cada qual com suas finalidades bem específicas. A Pastoral Catequética, por exemplo, tem a finalidade de promover a formação catequética na comunidade em todas as faixas etárias. A Pastoral Familiar atende as famílias, ajudando-se na santificação pela vivência dos valores evangélicos em família. A Pastoral da Criança trabalha com as famílias carentes proporcionando educação e assistência.... Por isso, a pergunta é esta: o que é específico, do ponto de vista prático, na Pastoral Litúrgica?
A Pastoral Litúrgica tem entre suas finalidades a preparação e o serviço celebrativo para favorecer a participação plena e consciente em todos os celebrantes. Esta é uma finalidade. Outra finalidade, quase sempre esquecida ou pouco valorizada, é
favorecer a passagem da prática ritual para a prática vivencial. As três palavras que ajudam compreender a finalidade da Pastoral Litúrgica são: passagem, prática ritual e prática eclesial. Na prática é muito simples compreender tal finalidade da Pastoral Litúrgica. Significa que aquilo que celebramos nas Liturgias da Igreja devem ser vividas na vida cotidiana, devem se traduzir em atitudes, em práticas existenciais concretas na vida pessoal e na vida comunitária. Assim, o Batismo celebrado é vivenciado através do discipulado; o perdão celebrado na Liturgia da Penitência é vivenciado pela conversão contínua. E assim com todas as celebrações sacramentais.
A prática ritual é o modo litúrgico de celebrar, com elementos da Teologia Litúrgica, da linguagem litúrgica; envolve a preparação das celebrações, etc... A prática eclesial é como esta celebração favorece nos celebrantes a vivência concreta através do discipulado; como vivem aquilo que celebram. O contato santificador, do qual todos os celebrantes participam, pela celebração litúrgica, como está escrito na SC 10, deve transformar-se em vida, em Evangelho vivo na comunidade. (Pela Liturgia louvamos a Deus, ele nos santifica para vivermos esta santidade na comunidade – SC 10). 
Disto decorrem, para a Pastoral Litúrgica, três funções e finalidades características:
·         Ajudar as pessoas a celebrar de modo participativo e consciente a Salvação de Jesus Cristo (dimensão memorial e santificadora).

·         Favorecer a participação ativa e consciente nas celebrações (dimensão celebrativa).

·         Favorecer nos celebrantes a proposta de viver o que celebram (dimensão pedagógica e existencial).

Para que cada uma destas funções e finalidades seja realizada e alcançada com qualidade existe todo um trabalho a ser realizado em nível de Pastoral Litúrgica. Por isso, como dito em outro artigo, a Pastoral Litúrgica não se limita a organizar lista de leitores e músicos para os finais de semana. A Pastoral litúrgica tem uma finalidade celebrativa, podemos dizer, e junto a essa, uma finalidade existencial. Celebra-se o Mistério Pascal de Jesus Cristo para que este seja vivenciado no concreto da vida de cada celebrante.
Para que este trabalho pastoral seja realizado de modo proveitoso e frutuoso, exige-se um conteúdo formativo da parte dos agentes da Pastoral Litúrgica. Por isso, para se participar da Pastoral Litúrgica, especialmente quem faz parte da Equipe Litúrgica Paroquial, pede-se (eu colocaria como exigência) uma formação básica em Liturgia e uma formação básica em Pastoral.
Serginho Valle

Outubro de 2017
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