31 de mar. de 2018

Pastoral Litúrgica: celebrar o cotidiano

O Ano Litúrgico atualiza, no tempo, do ponto de vista litúrgico teológico, o Mistério Pascal de Jesus Cristo. Já, do ponto de vista pastoral, o Ano Litúrgico pode ser proposto como a coluna vertebral da espiritualidade de uma paróquia, como a dinâmica que conduz e dá sentido ao tempo histórico da vida eclesial da comunidade.

O desafio de celebrar o cotidiano
            O Ano Litúrgico dita o ritmo das celebrações que ilumina a vida espiritual e a vida cotidiana do cristão, com seus momentos de solenidade e de festa, com seu grande tempo de discipulado, no Tempo Comum, com seus momentos penitenciais e aquele da esperança. A Pastoral Litúrgica (PL), portanto, não pode contentar-se com a rotina de realizar celebrações programadas pelo Diretório Litúrgico. Mais que isso, é tarefa da PL ajudar a comunidade a viver momentos festivos, penitenciais, de esperança, do discipulado. Não apenas celebrar, mas vivenciar. É uma atividade, infelizmente, pouco considerada em muitas comunidades, especialmente naquelas, nas quais a atividade da PL limita-se a preparar celebrações e, naquelas, com atividades ainda mais limitadas, de encontrar leitores e cantores para as celebrações.
            A atividade da PL, em favorecer a vivência, no ato celebrativo e no pós celebrativo dos tempos litúrgicos, pode ser considerada uma atividade central da Pastoral Litúrgica Paroquial. Uma atividade que precisa ser cultivada com estudos, reflexões e aprofundamentos. Uma atividade que se realiza sem os “efeitos especiais” de celebrações para emocionar ou impressionar, porque é um desafio que consiste em prolongar os efeitos da celebração no decurso da lida cotidiana. Uma PL ativa, do ponto de vista litúrgico, reconhece que somente em circunstâncias pontuais celebra momentos fortes da fé, mas a maior parte da sua atividade concentra-se na simplicidade do cotidiano. É na proposta de produzir a vivência cristã, pelo discipulado, na vida cotidiana, que se encontra o grande desafio da Pastoral Litúrgica Paroquial. Para tal finalidade, a PL conta com a dinâmica do Ano Litúrgico .

Itinerário de fé e santificação
            A reforma da Liturgia (1964) propõe o Ano Litúrgico, a celebração do Mistério de Jesus Cristo no tempo histórico, como um itinerário de fé e de santificação. Embora uma proposta muito bonita, parece que a mesma não conseguiu atingir algumas Pastorais Litúrgicas Paroquiais por estarem mais preocupadas, não com o novo da fé e da santidade, mas com a novidade de inventar ritos com criatividades pouco ou nada litúrgicas.
            O “programa” do itinerário de fé e de santificação proposto pelo Vaticano II, na Sacrosanctum Concilium, e em tantos outros documentos litúrgicos, baseia-se na Palavra de Deus, distribuída nas celebrações (especialmente na Missa) para maior proveito dos celebrantes. Para isso, é necessário propor a Palavra com profundidade e, isto, significa com conteúdo, não somente na homilia, mas em tudo aquilo que compõe a celebração: nos ritos, nas canções, nas monições...
            Na Missa Crismal de 2018, Papa Francisco dizia que a resposta vocacional autêntica do padre imita o Jesus Cristo andarilho e pregador do Evangelho. Neste sentido, o Papa falava de um “padre de rua”. Assim como tem moradores de rua, digo eu, assim tem o “padre de rua”, que fala a linguagem do povo, que conhece a palavra do povo e a ilumina com a Palavra de Deus. A celebração é local onde ecoa a Palavra de Deus para iluminar a palavra do povo, quer dizer, iluminar o modo com que o povo fala sua vida. Na mesma reflexão, Papa Francisco afirmava que “a homilia é a expressão do padre que conhece a vida do povo”. Para isso, o padre necessita ir ao povo, estar com o povo, viver no meio do povo e, igualmente, conhecer a Palavra, o que acontece pela oração, pela Lectio Divina, pelo estudo. Tal enunciado pode ser estendido à atividade da PL: conhecer a palavra do povo para ajudá-lo a dialogar com a Palavra de Deus.

A espiritualidade do Ano Litúrgico
            O Ano Litúrgico é a fonte da espiritualidade da vida paroquial. Já comentei em outra oportunidade, que a maior parte dos paroquianos alimenta sua vida espiritual pela Liturgia. E que tal nutrição inspira-se no Ano Litúrgico. É um desafio.
            Um desafio tamanho onde se nota, aqui e ali, o “uso” do Ano Litúrgico como agenda celebrativa, mas a preferência é pela espiritualidades de movimentos, de grupos, com celebrações feitas ao gosto de padres ou de líderes de algum movimento, e não com a espiritualidade litúrgica, que é a espiritualidade da Igreja. “Per carità”, como dizem os italianos, não se entenda que estou detonando a espiritualidade de tais grupos, mesmo porque toda espiritualidade autêntica é profética numa comunidade, como também é verdadeiro que toda espiritualidade autêntica bebe da fonte espiritual celebrada no Ano Litúrgico.
            Volto a dizer que existe um desafio grande em nossas comunidades: tornar o Ano Litúrgico aquilo que é: fonte de vida espiritual para o crescimento na fé e na santificação das pessoas. Faço esta ressalva porque percebo pouco empenho nas atividades de muitas Pastorais Litúrgicas paroquiais neste sentido, uma vez que a maior parte delas atua como organizadora de celebrações. O desafio da Pastoral Litúrgica Paroquial é bem maior que atuar, apenas, na organização de celebrações. O desafio consiste em ajudar os celebrantes a vivenciar na vida concreta o que celebram no decorrer do Ano Litúrgico para crescer na fé e na santidade.
Serginho Valle

Março de 2018

24 de mar. de 2018

Pastoral Litúrgica e seus sintomas

O primeiro momento para uma avaliação pastoral é fazer um levantamento que demonstre o processo e a dinâmica da pastoral. Isto, evidentemente, vale também para a Pastoral Litúrgica (PL). O início da PL começa com um levantamento, uma avaliação capaz de visualizar a sua dinâmica.
Os sintomas são sinais indicativos de uma dinâmica, de alguma energia que favorece ou desfavorece os resultados esperados. Por isso, os sintomas podem contemplar aspectos positivos, mas no contexto próprio da sintomatologia, na fisiologia ou psicologia, por exemplo, os sintomas são indicativos de energias que impedem o bom funcionamento da dinâmica vital. No nosso caso, do processo celebrativo em tudo aquilo que isso comporta, desde a consciência do que se celebra até o grau de participação e as consequências na vida prática.
Assim como no corpo, os sintomas se manifestam através de sinais e de comportamentos, os sintomas da Pastoral Litúrgica também se manifestam por sinais e por comportamentos. Para se avaliar este aspecto, o primeiro aspecto a ser considerado é como a PL atua na comunidade. Para isso, é necessário fazer um levantamento sério, objetivo e sincero do "comportamento" da PL na comunidade. 
Este levantamento pode ser processado de diferentes formas. Uma delas, por exemplo, é fazer uma pesquisa avaliativa com os membros de toda comunidade, ou por meio de amostragem. Tal avaliação é realizada com questionários de avaliação qualitativa. Para este trabalho, é recomendável contar com a ajuda de especialistas em estatística e com conhecimento de interpretação de pesquisas. Com isso, estou dizendo que se trata de um trabalho profissional, digamos assim, que ultrapassa avaliações simplistas do tipo gosto não gosto, ou bonito feio. É um trabalho que visa conhecer causas e possíveis manias que não favorecem a qualidade do serviço litúrgico e a finalidade deste serviço para a comunidade e para cada membro da comunidade. 
Algo necessário para uma boa avaliação sintomática da PL é ter claro o objetivo da avaliação. O que a Equipe Litúrgica quer saber com a pesquisa. O leque pode ser grande. Pode ser que a Equipe Litúrgica queira avaliar o grau de participação, avaliar a qualidade comunicativa dos ministros, a criatividade das equipes de celebração, o efeito espiritual na vida dos celebrantes, como está acontecendo a evangelização através da Liturgia, etc. Uma boa pesquisa de avaliação oferece uma fotografia com todos estes focos e dá destaque aqueles desfocados, onde agir para acertar o foco.  
A avaliação da PL considera os objetivos da Equipe Litúrgica paroquial. Entende-se que sejam objetivos que visam o encontro com Jesus Cristo, o ingresso e o aprofundamento no discipulado. Um processo que acontece com os elementos celebrativos da adoração, louvor, oração, anuncio e reflexão da Palavra... A avaliação mostrará os sintomas, os sinais que estão dificultando ou impedindo alcançar o objetivo. Mostrará a energia negativa (doentia) que impede resultados saudáveis naquilo que é natural para a PL.
Outra função da sintomatologia da PL é ajudar a Equipe Litúrgica a encontrar caminhos para o bom exercício da PL. É um dado importante porque, uma vez que se conhece o distúrbio, ou os distúrbios, é possível tomar as medidas necessárias para a cura, para mudança  do caminho em vista dos objetivos propostos que, repito, não consiste unicamente em “celebrar bem e bonito”, mas em celebrar com qualidade e com resultados na vida dos celebrantes.
Concluo consciente que muitas outras frentes podem ser consideradas num processo avaliativo da PL. O objetivo deste artigo não tem caráter de abrangência total. Quer ser apenas uma espécie de grito para chamar atenção desta importante atividade da PL, a atividade de sempre avaliar a dinâmica do trabalho e os resultados que se está colhendo.
Serginho Valle 
Fevereiro 2018 


19 de mar. de 2018

Férias – Ano Litúrgico

Na linguagem litúrgica eclesial, férias são os dias das semanas, de segunda-feira ao sábado à tarde. Assim, a semana cristã considera o Domingo como o primeiro dia da semana, seguida dos demais dias, a começar pela segunda-feira.
Por férias, se entende também todos os dias da semana, nos quais não estão previstas solenidades, festas ou memórias obrigatórias. Tais indicações encontram-se no Diretório Litúrgico, editado cada ano, com vigência a partir do 1º Domingo do Advento, com o qual se inicia o Ano Litúrgico concluindo antes da véspera do sábado da 34ª semana do Tempo Comum.
Nas férias, pode-se utilizar qualquer um dos 34 formulários das Missas Dominicais previstos no Missal Romano. Além disso, não havendo outra indicação, por motivos pastorais, pode-se servir dos rituais das Missas Votivas e das Missas para Diversas Circunstâncias, como previsto no Diretório Litúrgico.

Nota histórica
O termo “férias” é de origem latina para significar dia livre, dia sem trabalho, como é o sentido das férias anuais para o trabalhador, em nossos dias. Na antiguidade, “férias” era um dia livre, no qual ninguém e, nem mesmo os escravos, eram obrigados a trabalhar. Nas férias, igualmente, eram proibidas as sessões em tribunais.
            Com o crescimento e a expansão do cristianismo mudou-se este sentido e os dias depois do 1º Dia da Semana – Domingo – passaram a ser considerados como dias de trabalho e o termo festas passou a designar as celebrações do Mistério da Salvação e, posteriormente, celebrações de Nossa Senhora e de padroeiros.


Diretório Litúrgico
Os dias que seguem o Domingo, chamados dias de semana ou férias, celebram-se de diversos modos, segundo a importância própria (cf. NALC 16). Para não repetir as orações das missas do Domingo, é conveniente que, no Tempo Comum e não havendo celebração especial, se utilizem nesses dias também os formulários das Missas votivas e para diversas circunstâncias. (DL 1.2)


Distribuição das Leituras para os dias da semana – OLM 69
A distribuição das leituras para os dias de semana foi feita com estes critérios:

1. Toda missa apresenta duas leituras: a primeira do Antigo Testamento ou dos Apóstolos (isto é, das Epístolas dos Apóstolos ou do Apocalipse), e no Tempo Pascal dos Atos dos Apóstolos; a segunda, do Evangelho.

2. O ciclo anual do Tempo da Quaresma ordena-se segundo princípios peculiares que levam em consideração as características deste tempo, a saber, sua índole batismal e penitencial.

3. Também nos dias de semana do Advento e dos tempos do Natal e da Páscoa, o ciclo é anual e, portanto, as leituras não variam.

4. Nos dias de semana das trinta e quatro semanas do Tempo Comum, as leituras evangélicas se distribuem num só ciclo que se repete cada ano. A primeira leitura, ao contrário, distribui-se em duplo ciclo que se lê em anos alternados. O ano primeiro emprega-se nos anos ímpares; o segundo, nos anos pares.
Deste modo, também o Elenco das Leituras da Missa para os dias de semana, da mesma forma que nos domingos e festas, põem-se em prática os princípios da composição harmônica e da leitura semicontínua, de maneira semelhante, quando se trata daqueles tempos que ostentam características peculiares ou do Tempo Comum.

Celebrações feriais
            Se durante os chamados “Tempos Fortes” (Tempo do Natal e da Páscoa) o Missal propõe textos eucológicos (orações) para cada dia ferial, durante as semanas do Tempo Comum, a Liturgia ferial é mais livre ou, se preferirmos, mais adaptável às escolhas do padre celebrante ou a alguma necessidade pastoral da comunidade.
            Algumas práticas devocionais, especialmente aquelas de longa tradição na Igreja, propõem alguns dias da semana com formulários para Missas de Nossa Senhora, aos sábados, do Sagrado Coração de Jesus, nas primeiras sextas-feiras de cada mês e as Missas de 7º, 30º e um ano de morte.
            É conveniente lembrar que, no Rito Romano comum, alguns dias feriais, especialmente durante a Quaresma, excluem as celebrações memoriais previstas para aquela data, mesmo se a oração da memória possa ser usada naquela data. Na quarta-feira de cinzas e na Semana Santa as memórias e outras comemorações são completamente excluídas.
Serginho Valle
Março de 2018




17 de mar. de 2018

Quaresma e seus encontros – encontro com a Cruz

A reflexão dos Domingos quaresmais, do Ano B, iluminando-se no Evangelho dominical, inspirou-se na dinâmica do encontro. Assim, considerei o encontro consigo mesmo (1DQ-B), o encontro com Deus (2DQ-B), o encontro com o culto (3DQ-B) e o encontro com o Mestre (4DQ-B). A conclusão acontece no encontro com a Cruz, celebrada no 5º Domingo da Quaresma – B.
            O 2º Domingo da Quaresma, quando lê o Evangelho da Transfiguração de Jesus, mantém uma relação com a Cruz, no contexto da Teologia quaresmal. Trata-se, naquele Domingo, da preparação espiritual e psicológica dos discípulos para o momento da desfiguração de Jesus, que aconteceria na Cruz. Agora, a proposta dirige-se mais especificamente para o sentido, o significado ou, se se preferir, a finalidade e o resultado da Cruz de Jesus. A Cruz, neste 5DQ-B, é considerada do ponto de vista Teológico; Teologia no sentido etimológico do termo: o “logos” de Deus, a Palavra de Deus, a mensagem divina para a vida humana.

A glorificação de Jesus
            Logo depois de receber a notícia que os gregos queriam conhecê-lo, Jesus reage anunciando o momento da sua glorificação. Desvia o foco dos gregos para a sua Páscoa — sua passagem — pela Cruz. A glorificação de Jesus consiste na realização plena da vontade do Pai e, logo em seguida, Jesus explica em que consiste a glorificação divina: em doar a vida, comparando-a a um grão de trigo. É o que acontece na Cruz; a Cruz é o local da glorificação de Jesus.
            A glorificação, portanto, é a primeira consequência da Cruz. Nela, o Pai é plenamente glorificado pelo sacrifício da vida de Jesus; por Jesus ter transformado sua vida em oferenda para a redenção do mundo. A confirmação acontece pela voz divina: “eu o glorifiquei e o glorificarei de novo!” (Jo 12,28). Neste sentido, encontrar-se com a Cruz de Jesus é contemplar a glória divina, que se manifesta na realização plena da vontade do Pai por Jesus. A Cruz deixa de ser um objeto repugnante, que desvia o olhar; ao contrário, é objeto que atrai o olhar da humanidade.

Grão de trigo
            O segundo aspecto do encontro com a Cruz convida a considerar o processo da fertilidade vital no grão de trigo. Nele encontra-se escondida a vida, não só a vida que produz a espiga, ma a vida alimentada pelo pão, pelo alimento que nutre e possibilita a vida de continuar viva e vivente. Para isso acontecer, é preciso passar pela morte.
            Encontrar-se com a Cruz de Jesus é compreender o processo da geração da vida divina para o bem da vida humana. Um processo marcado pelo amor, manifestado na doação da vida para alimentar a vida humana com a própria vida divina. É o oferecimento daquilo que Deus tem de mais valioso: a sua própria vida. Para isso, a necessidade de passar pela morte com uma passagem (Páscoa) capaz de destruir a própria morte, para que a morte não tenha nenhum poder sobre a vida humana.
            Na Cruz, o poder da morte é expulso do mundo e, como dito, atrai os olhares de toda a humanidade, profetizado pelo próprio Jesus: “quando for elevado, atrairei todos a mim” (Jo 12,32). Olhar no sentido de perceber e entender que nela se encontra a fonte da vida plena, de onde brota a vida divina, no sangue — símbolo da vida — que jorra do lado aberto do Coração de Jesus. Temos, assim, a Cruz de Jesus como fonte da vida plena que jorra do lado aberto do Transpassado.
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Cruz é serviço
            Por fim, um terceiro aspecto do encontro com a Cruz de Jesus é o serviço caracterizado como entrega da vida. O ensinamento de Jesus é muito claro a este propósito: o apego à vida produz a perda da vida; a entrega da vida é o caminho da realização existencial. O apego à vida é incapacidade de produzir frutos, a entrega da vida é a capacidade para que os frutos apareçam em abundância. Que assume a sua cruz e segue Jesus entra na dinâmica do serviço e descobre que o segredo da vida consiste em oferecer a vida. Quanto mais a vida é ofertada, tanto mais a vida tem sentido.
            É também o que Jesus entende por serviço, caracterizado em dois aspectos. No primeiro, servir significa colocar-se no seguimento do Mestre. Ou seja, o serviço acontece pelo discipulado, tornando-se discípulo e discípula de Jesus, modelando a própria vida na vida de Jesus. O segundo aspecto do serviço consiste em permanecer com Jesus, como um servo permanece ao lado de seu Senhor. Para o discípulo, a Cruz não é derrota, é troféu de vitória porque nela encontra-se o segredo da vida revelado pelo próprio Deus.

Conclusão
            O encontro com a Cruz de Jesus é uma preparação antecipada, proposta pela Liturgia, para que os celebrantes possam compreender o significado profundo, seja do ponto de vista Teológico, como do ponto de vista espiritual, da Cruz de Jesus. Um convite, não para lançar um olhar de dolorismo à Cruz de Jesus, mas um olhar de vitória com um sentimento todo especial, marcado pela ação de graças, pela glorificação e pela adoração ao Senhor elevado no alto da Cruz.
Serginho Valle
Março de 2018


10 de mar. de 2018

A Quaresma e seus encontros: encontro com o Mestre

O itinerário quaresmal do Ano B propõe o quarto encontro: o encontro com Jesus Cristo, o Mestre. Em outras reflexões, considerei o encontro consigo mesmo (1DQ-B), o encontro com Deus (2DQ-B) e o encontro com o culto (3DQ-B); culto como modo de entrar em contato com Deus, em privado e comunitariamente, na oração pessoal e nas celebrações.
            O encontro com Jesus, no 4º Domingo da Quaresma B, convida cada pessoa a se colocar no lugar de Nicodemos, assumindo o papel do discípulo: ir ao encontro do Mestre, colocar-se diante dele e silenciar para ouvir seu ensinamento. O encontro com Jesus, portanto, inicia-se com a decisão de ir procurar o Mestre, escutar o Mestre e silenciar diante do Mestre. Em tal contexto, minha proposta não considera a exegese do texto, mas o movimento existencial de quem se dispõe entrar no caminho da conversão indo ao encontro de Jesus para torná-lo Mestre de sua vida.

Ir ao encontro do Mestre
            O encontro com Jesus, na qualidade de Mestre, é uma decisão estritamente pessoal. Claro que este encontro tem seus precedentes, como o conhecimento do Mestre, a admiração, o vínculo de simpatia com o modo de viver e de pensar do Mestre, ou, pode ser, até mesmo, a curiosidade para conhecê-lo melhor. Todas são motivações humanas que favorecem o ir ao encontro do Mestre.
            “À noite, Nicodemos foi se encontrar com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que viestes como Mestre da parte de Deus, pois ninguém é capaz de fazer os sinais que fazes se Deus não está com ele” (Jo 3,2). Este versículo não é contemplado na pericope evangélica da Liturgia do 3DQ-B, mas faz parte do contexto do Evangelho proclamado no 3DQ-B, por isso é importante tê-lo presente para não se perder de vista a motivação de Nicodemos que, em última instância, deveria ser a finalidade de todo celebrante disposto a converter-se ao Evangelho: ir ao encontro de Jesus para encontrar-se com o Mestre que veio da parte de Deus. Esta é uma motivação importantíssima no processo da conversão quaresmal: encontrar-se com Jesus, para que ele seja Mestre da vida pessoal. Jesus mesmo confirma o grau deste encontro quando diz: “não chameis a ninguém de Mestre, porque um só é vosso Mestre” (Mt 23,8).
            Existe uma condição para se procurar Jesus como Mestre: a fé. Não a fé como crença, desta que consiste em acreditar (se convencer) na divindade de Jesus, mas a fé como experiência de quem vê os sinais feitos por Jesus, quem ouve seus ensinamentos e de quem, como Nicodemos, deduz que somente alguém que vem de Deus pode realizar as obras que Jesus realiza.

Colocar-se diante de Jesus para ouvir
            Nicodemos vai ao encontro de Jesus com o propósito de ouvi-lo, de escutar seu ensinamento. Esta é a atitude típica do discípulo e da discípula: ouvir o Mestre. Para isso, o discípulo e discípula partem do pressuposto que o Mestre entende a vida, que o Mestre tem uma visão particular e peculiar da vida, uma visão existencial, com a qual vale a pena empenhar a própria existência.
            No processo do discipulado, o colocar-se diante do Mestre exige a atitude de ouvir, e essa atitude nem sempre é confortável, especialmente em nossos dias. O ouvir, neste caso, indica colocar toda a atenção naquilo que o Mestre diz. Não somente no sentido de prestar atenção no ensinamento para compreendê-lo, mas no sentido de assimilar o ensinamento do Mestre para desapegar-se do modo pessoal de pensar em vista de assimilar existencialmente o ensinamento do Mestre.
Os primeiros místicos do cristianismo denominam tal dinâmica com o termo “ruminatio”. A ruminação é um processo digestivo de muitos animais para transformar o alimento em energia vital. Este é o significado do colocar-se diante do Mestre para ouvir, escutar o que diz e deixar que o ensinamento do Mestre rumine no coração e se transforme em energia espiritual; em modo de viver. Transforme-se em comportamento.

Silenciar diante do Mestre
            Por fim, um terceiro aspecto, decorrente do anterior: a necessidade do silêncio para ouvir. É o silenciar diante de Jesus para ser capaz de conversar com Jesus sobre questões existenciais. À medida que Jesus vai propondo seu ensinamento, Nicodemos ouve, silencia e interroga; coloca questionamentos a partir de sua experiência existencial.
            O encontro com Jesus é um encontro de diálogo, mas o protagonismo do diálogo é dado ao Mestre, dada a Jesus, a ele que é a prova concreta do amor de Deus pelo mundo. Quando se dá o protagonismo ao Mestre, quando se silencia para ouvir o Mestre Jesus, então se entra na dinâmica de vida eterna, de vida plena. Vida eterna, vida plena porque é vida de Deus vivendo na vida humana.

Concluindo
            Nos encontros quaresmais, o encontro com Jesus Mestre é o convite para converter-se de todas as propostas de vida feitas pelos mais diferentes “mestres” que nos rodeiam. Uma proposta de conversão para encontrar-se com o único Mestre que propõe a vida plena, que conduz à vida eterna.
Serginho Valle
Março 2018


3 de mar. de 2018

Quaresma e seus encontros – encontro com o culto

Considerando a Quaresma como promotora de encontros, no contexto do “Ano B”, vou considerar três aspectos da conversão quaresmal a partir do encontro com o culto. Em outras reflexões, considerei o encontro consigo mesmo (1DQ-B), o encontro com Deus (2DQ-B) e, agora, o encontro com o culto, na fonte inspiradora no 3º Domingo da Quaresma – B.
            Por culto, nesta reflexão, entendo um modo de entrar em contato com Deus, seja em privado, feito pessoalmente a Deus, ou comunitariamente, também denominado culto público, realizado nas celebrações.
            A Bíblia oferece muitas indicações quanto ao modo de cultuar Deus, mas duas delas servirão para compreender o significado profundo e sincero do culto, de onde se origina o apelo à conversão. Uma delas está no início da profecia de Isaias (Is 1,11-18). Pela boca do profeta, Deus se mostra enojado dos sacrifícios oferecidos por serem vazios, sem o suporte da vida. A profecia de Isaias retrata o culto mentiroso, feito de ritos e de exterioridades; um culto que não vem do coração e nem chega ao coração de quem o oferece a Deus. Este é um culto detestável a Deus.
            Outro texto que inspira minha reflexão encontra-se na carta aos Hebreus 10,5-14. É um texto básico, digamos assim, para compreender a Teologia do culto cristão. O autor da carta aos Hebreus anuncia que os cultos antigos, com sacrifícios (oferendas) de animais não mais existem; o culto verdadeiro acontece em Jesus Cristo, no sacrifício da vida de Jesus Cristo, para ser mais preciso. É a partir desta Teologia que se entende a espiritualidade do culto, que se avalia a sinceridade ou a superficialidade de um culto.

Adoração cultual e estilo de vida
            A principal característica do culto é a adoração a Deus. Cultuamos Deus para adorá-lo. No culto de adoração a Deus, o silêncio é uma necessidade (Hab 2,20), as nossas orações de súplicas (muitas vezes inocentes), nossas preces de agradecimento e de louvor são culto de adoração a Deus. Nossas celebrações têm a finalidade principal de adorar a Deus; disto o questionamento daquelas celebrações preocupadas em agradar os celebrantes pelo entretenimento emocional ou simplesmente visual.
            É neste contexto que o 3DQ-B convida a converter-se a um culto verdadeiro, que seja de adoração a Deus, excluindo toda e qualquer forma de adoração a ídolos, porque não existe outro deus além de Deus. É com este convite que a 1ª leitura do 3DA-B (Ex 20,1-17) conduz a comunidade e cada celebrante a avaliar o seu modo de cultuar a Deus a partir dos 10 Mandamentos. No contexto do 3DQ-B, entende-se que o culto verdadeiro só existe no coração de quem ilumina seu modo de viver nos Mandamentos divinos. Não existe culto de adoração a Deus sem o aval do comportamento pessoal e relacional com o outro, como referido na profecia de Isaías (Is 1,11-18).
O apelo à conversão quaresmal, portanto, para se adorar sinceramente a Deus, corresponde a viver de acordo com os Mandamentos divinos.

Culto e testemunho de vida
            Na Carta aos Hebreus, citada acima (Hb 10,5-14), o convite para cultuar a Deus é refletido numa expressão belíssima: “ecce venio!”. “Eis que venho para fazer a tua vontade”. Antes disso, o autor da Carta aos Hebreus coloca na boca de Jesus um reconhecimento: “não quisestes nem sacrifícios e nem oblações, então eu disse: “ecce venio” para fazer a tua vontade”. É claramente compreensível a mudança de uma forma de culto para outra forma de cultuar a Deus: não mais com sacrifícios da vida de animais, mas com o sacrifício da própria vida, fazendo a vontade de Deus no cotidiano da vida.
            É bom esclarecer que a palavra sacrifício, no contexto Litúrgico, não tem a conotação do senso comum, relacionada a sofrimento, a dolorismos ou renúncias de esforço extremo. O termo etimológico — sacrum+facere — significa “tornar sagrado”; tornar a vida um sacrifício é santificar a vida fazendo a vontade de Deus. Sacrifício é sinônimo de oferenda, como se reza na Missa, após a preparação das ofertas: “orai, irmãos e irmãs, para que o nosso sacrifício seja aceito por Deus Pai todo-poderoso”. O sacrifício da assembléia celebrante é o pão o vinho, sacramento da vida humana, que se transformará, pela ação do Espírito Santo, em sacramento da vida divina. Por isso, transformar a vida em sacrifício não significa optar por um modo de viver com dores e sofrimentos, mas em fazer da vida uma oferta agradável a Deus para tornar-se santo como Deus é Santo (1Pd 1,16).
            Um modo de transformar a vida em sacrifício, em oferenda a Deus, diz a 2ª leitura (1Cor 1,22-25) do 3DQ-B é testemunhar o Evangelho com o modo de viver. O verdadeiro culto, na reflexão de Paulo, não se preocupa com milagres (como se vê em algumas modalidades de Missa, que celebram para atrair milagres de curas), nem em propor uma ideologia social (como se vê em algumas modalidades de Missas com cores partidárias). O convite de Paulo propõe a fidelidade ao testemunho pelo discipulado de Jesus Cristo crucificado, prestando pelo modo de viver culto a Deus.

Destruir o culto interesseiro
            Por fim, a terceira proposta de encontrar-se com o modo de como cultuamos a Deus tem a ver com cultos interesseiros, como proposto no Evangelho do 3DQ-B (Jo 2,13-25). Jesus pede para destruir “este” templo, porque ele irá construir um novo Templo. O pronome “este” faz referência a um estilo de templo construído para o lucro e não para prestar culto de adoração a Deus.
            É um tema muito pertinente e agudo, que nem sempre gostamos de tocar, mas que é essencial no apelo da conversão quaresmal. Para que o culto seja verdadeiro, Jesus expulsa os mercadores do templo, aquelas pessoas que transformaram o templo num “covil de ladrões”. Gente que se serve da pobreza humana, seja material como a causada pelo desespero, para lucrar e “vender graças”, contradizendo o contexto gratuito próprio da graça. Aqui temos o pecado do culto das igrejas comerciais, que descaradamente vendem milagres e prometem riquezas em nome de Deus. Infelizmente, é preciso reconhecer que também entre nós existem aqueles que desvirtuam a finalidade do templo e o transformam numa supermercado de milagres e serviços religiosos. O apelo é forte em vista da conversão a um culto sincero, feito na gratuidade.
O templo é um espaço gratuito, um espaço da gratuidade divina, onde os celebrantes celebram seu culto de adoração a Deus na gratuidade divina, convertendo suas vidas à gratuidade. Nisto consiste a conversão ao amor, a recusa ao egoísmo e à avareza, de querer levar vantagem em tudo, até mesmo naquilo que pertence a Deus. Em termos radicais, o culto é gratuito, não local para pedir dinheiro nem que for para o dízimo. Todo interesse de lucro, no uso do templo, o transforma num covil de ladrões, como diz Jesus.
A conversão ao culto é extremamente necessária para se experimentar a gratuidade divina e se converter a viver relacionando-se gratuitamente com todos.
Serginho Valle

Março de 2018

Celebrar a vida do povo

Em outros artigos sobre a função da Pastoral Litúrgica Paroquial, do ponto de vista da formação e do cultivo da vida espiritual da comunidade, destacava que a celebração litúrgica é uma das poucas ou a única fonte espiritual da maior parte dos paroquianos. Vou continuar neste viés a partir de um conhecido jargão veiculado em cursos, encontros e debates sobre a Liturgia Paroquial: celebrar a vida do povo.

Dois polos no celebrar a vida do povo
            O termo “celebrar a vida do povo” é um tema genérico e, por isso, aberto, do qual destaco dois polos. De um lado, aqueles o entendimento que celebrar a vida do povo é priorizar o que se denomina como “lutas do povo” e transformam a celebração em denuncias e queixas. Do outro lado, aqueles que entendem que celebrar a vida do povo é momento purgativo dos males físicos e emocionais, e transformam a celebração em exorcismos ou em intercessões de curas e milagres.
            Ambos os polos têm espaço nas celebrações litúrgicas, de acordo com a proposta pedagógica do Ano Litúrgico. As normas Litúrgicas, excetuando Domingos e os tempos fortes, permitem, inclusive, a escolha de leituras que favoreçam um polo ou outro. O problema é a manipulação nas escolhas e seu uso para comprovar o que pensa o pregador. Neste sentido, a sabedoria e a experiência da Igreja, em seus dois milênios de história, é exemplar e pode inspirar-se, neste caso, a partir da sabedoria do Eclesiastes: “há um tempo para cada coisa” (Ecl 3,1-8).
O Ano Litúrgico propõe à vida do povo um tempo para esperar (Advento), um tempo para renascer (Natal e Páscoa), um tempo para penitenciar-se e reconciliar-se (Quaresma), um tempo para celebrar a vida plena (Tempo Pascal) um tempo para o discipulado (Tempo Comum). A insistência em tematizar celebrações cria desequilíbrios celebrativos, como por exemplo, 1h de homilia (em estilo de sermão, na maior parte das vezes) e rapidez exagerada em outras partes da celebração, ou, outro exemplo, atos penitenciais infindáveis e cansativos e pouco tempo para a ação de graças e o louvor.
A arte celebrativa consiste em harmonizar os diferentes momentos da celebração, seja no conteúdo, seja no tempo dedicado aos ritos. Não uma celebração que se pareça a um comício e nem uma celebração envolvida em espiritualismo sentimental. Os dois polos, aquele que reflete a fadiga do cotidiano, e aquele que reflete a sede de Deus, precisam estar presentes de modo harmonizado, refletindo a vida do povo.

Dois significados para o celebrar a vida do povo
            Existem dois significados básicos na celebração da vida do povo. O primeiro relaciona-se à vida eterna. O que é vida eterna? É a vida divina oferecida como alimento e como bebida ao povo. Por vida eterna não se entende a vida depois da morte — embora assim também seja — mas a qualidade de vida oferecida por Deus ao discípulo e discípula de Jesus. É o que diz Jesus: “quem crê em mim não morrerá, viverá para sempre” (Jo 11,25). É a vida eterna que celebramos em todas as celebrações Litúrgicas, é a celebração da vida plena, recebida no Batismo, alimentada na Eucaristia e nos demais sacramentos. Quanto mais se celebra a vida plena em nossas celebrações, mais as sementes do Evangelho tomarão conta da vida de cada celebrante e contaminará o cotidiano da vida do povo com a vida plena. Este é um grande desafio de quem preside as Liturgias com o povo e um grande desafio da Pastoral Litúrgica: criar celebrações que celebrem a vida eterna para que a vida do povo seja plena. Ou seja, celebrar a vida do povo não é colocar uma lente de aumento nos problemas sociais ou nos pecados, mas acender a luz do Evangelho na vida do povo, para que a vida do povo seja vivenciada de modo pleno, apesar dos problemas sociais e dos pecados pessoais e sociais.
            O segundo significado de celebrar a vida do povo é levar o cotidiano da comunidade para dentro da Liturgia. Para isso, o padre e a Equipe Litúrgica precisam interceder com a mesma súplica da Oração Eucarística VI – D: “dai-nos olhos para ver as necessidades e os sofrimentos dos nossos irmãos e irmãs; inspirai-nos palavras e ações para confortar os desanimados e os oprimidos; fazei que a exemplo de Cristo, e seguindo o seu mandamento, nos empenhemos lealmente no serviço a eles”.
            A celebração Eucarística celebra a vida do povo quando se tem olhos para ver a realidade do povo com o mesmo olhar de Jesus Cristo. A Igreja, na Oração Eucarística VI – D, menciona o serviço, localizando a Eucaristia no contexto do lava-pés (Jo 13,5-14). Isto favorece a compreensão que celebrar a vida do povo é abrir os olhos para ver a realidade com o mesmo olhar de Jesus, condição necessária para se entrar na dinâmica do serviço com palavras e atitudes em favor da vida plena para o povo.
A celebração Litúrgica jamais deverá incitar raivas, ilusões utópicas ou promessas de curas milagrosas; a celebração é um momento que se sai do barulho e das mazelas do mundo para ajudar o povo a sentir o carinho de Deus e aprender de Jesus a ter um coração semelhante ao dele para lidar com a dureza da vida do povo.

Como celebrar a vida do povo
            O desafio do padre, ao presidir a Liturgia, e o desafio das Equipes de Celebrações, especialmente na Eucaristia, consiste em iluminar a vida do povo, em tocar a vida do povo, em criar esperanças e propor caminhos para a vida do povo a partir da Palavra e, mais precisamente, a partir do Evangelho. Condição indispensável para fazer isso é o conhecimento da vida do povo.
            Uma Pastoral Litúrgica — e igualmente o padre — que não tem o olhar de Jesus para ver as necessidades do povo, que não conhece as necessidades do povo, inevitavelmente vai se preocupar mais em “apresentar a Missa” com canções, ritos e coreografias, por exemplo, que celebrar a vida do povo acendendo nesta vida a luz do Evangelho.

Concluindo
            Para concluir, gostaria de dizer que estou falando de um objetivo da Pastoral Litúrgica: alimentar a vida de cada celebrante e a vida da comunidade, acendendo a luz do Evangelho para se ter olhos para ver com o olhar de Jesus a realidade da vida e a disposição ao serviço. Com isto se entende que a celebração litúrgica é um momento que separa os celebrantes da vida diária para, depois, devolvê-lo para a mesma vida diária, mas com um olhar diferente e com a disposição de se colocar a serviço da vida plena.
            Por isso, não estou excluindo e nem me colocando contra introduzir símbolos, bater palmas, fazer gestos... mas que tudo isso tem uma finalidade específica: trazer a vida do povo para dentro da celebração e sempre propor e repropor, de modo novo, com a criatividade litúrgica, o olhar e as atitudes de Jesus em favor da vida do povo.
Serginho Valle

Fevereiro de 2018
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