14 de ago. de 2021

Espiritualidade cristã na celebração das exéquias

Refletir e celebrar a morte do cristão é entrar na dinâmica da esperança da Ressurreição do Senhor, que garante ao cristão a ressurreição no último dia (Jo 6,36-40; 14,1-6). Estamos diante de um aspecto da espiritualidade que se fundamenta na fé e na esperança da vida eterna. Mesmo que o cristão fique triste, chore e sinta saudades de alguém que morreu, ele não perde a esperança, jamais. A saudade faz parte da vida cristã; a tristeza da mesma forma, mas nem a morte é capaz de abalar a fé e a esperança cristã. É uma experiência que, vivenciada na fé, fortalece a confiança e a esperança em Deus. A celebração litúrgica das exéquias, dentre as suas finalidades, deverá favorecer espiritualmente o fortalecimento da fé e da esperança.
                Como acontece com toda espiritualidade cristã, à luz da Liturgia, também as exéquias encontram seu fundamento e sua inspiração no Mistério Pascal de Cristo e, de modo especial, na Ressurreição do Senhor. Assim como Deus ressuscitou Jesus Cristo, o primeiro a entrar na casa do Pai, assim também quem morre em Cristo vive pessoalmente sua Páscoa (passagem) no dia de sua morte.
 
Respeito para com o falecido
            Outra dimensão, que encontra sua fonte na teologia e na riqueza espiritual da Liturgia, é o respeito pelos falecidos. O respeito deve-se a alguém querido, ou que fez parte da nossa vida, a quem se presta a última homenagem. A Liturgia celebra este momento com a saudade triste, com as preces e com a solidariedade aos familiares. Por isso, a Liturgia dos funerais é sempre celebrada no mais profundo clima de respeito.
            O respeito cristão está relacionado também a aquela pessoa que, no seu corpo falecido, foi templo do Espírito Santo, como menciona o Ordo Exsequiarum, n. 3. Mesmo sabendo que o corpo volta ao pó, há nele uma sacralidade, de acordo com a Sagrada Escritura (1Cor 6,19-20; Gl 6,17) e, por este motivo, o Rito das Exéquias orienta abençoar, aspergir e incensar o corpo do falecido. Estamos diante de uma manifestação da espiritualidade do corpo, revelador da sacralidade do corpo.

        Celebrar a morte cristã, do ponto de vista da espiritualidade litúrgica, é ajudar as pessoas a entrarem na dinâmica da esperança cristã em vista da vida eterna. Neste sentido, a celebração das exéquias faz memória do destino final, não com as ameaças do medo, mas com a força da esperança. Uma celebração, portanto, sempre emocionante porque de despedida derradeira, com a finalidade clara de favorecer o crescimento na confiança e na esperança, de que desta vida passageira somos destinados a viver eternamente com Deus, na esperança e na paz eterna.

Serginho Valle
Agosto de 2021

 

 

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