Por
que e para que sua comunidade celebra a Eucaristia? Qual a idéia de Eucaristia
que algumas comunidades transmitem em suas celebrações? O que alguns padres
comunicam quando celebram? São perguntas que podem orientar a reflexão sobre
este tão grande do imenso mistério, deixado por Cristo na sua Páscoa, como
presença real da nossa Salvação e para a nossa Salvação.
De tempos em tempos, é saudável que
os agentes da Pastoral Litúrgica considerem como a comunidade está celebrando a
Eucaristia; de que modo os celebrantes da comunidade relacionam-se com a Eucaristia
e que frutos a Eucaristia produz na comunidade, do ponto de vista de freqüência
nos demais Sacramentos (da Penitência, em especial), do ponto de vista da
espiritualidade; como a Eucaristia tem fomentado a solidariedade, a
fraternidade, na comunidade? Se tais frutos não se fazem presentes, está ai um
convite para se avaliar o “modus celebrandi” da Eucaristia, na comunidade. Não
fazer avaliações somente para considerar queixas e elogios, mas para perceber
frutos concretos, que fazem crescer a comunidade seja do ponto de vista do
discipulado, seja do enquanto comunidade cristã. Como é possível que uma
comunidade celebre a Eucaristia todos os dias (ou ao menos semanalmente) e não
aconteça nenhum tipo de mudança? O que está impedindo a Eucaristia de produzir
frutos, na comunidade?
Um outro dado que merece a atenção
da Pastoral Litúrgica é o exagero de Missas. Explico. Algumas comunidades celebram
Missa para qualquer evento que realizam. É uma constatação que, num primeiro
momento, pode soar como positiva. Mas tem um lado preocupante: a constatação de
que a missa serve para quase tudo: atrair público para uma festa de escola;
vender o cd que o grupo de jovens gravou ou, apresentar um teatrinho infantil,
momento máximo na Missa com crianças. Pergunto: por que isso acontece? — Porque
a Missa é o local mais público, a manifestação mais pública da comunidade. Nada
mais justo, pensa a Pastoral Litúrgica que promove Missa como promotora de
eventos, que aproveitar a Missa para promoções e campanhas. É claro que a
instrumentalização da Missa banaliza a própria celebração.
Este
fato, contudo, não está restrito apenas ao âmbito da comunidade. A mídia, há pouco
tempo atrás, classificava de “Missas-shows” aqueles mega eventos, nos quais, o
povo católico era convidado a comparecer em massa para “uma missa diferente”. O
repertório musical da celebração eram sucesso de um cantor famoso, ou de um
padre cantor. Todos pulavam o tempo todo levantando as mãos.... e, no final da Missa,
continuava o show com cantores famosos ou com o padre artista. Uma missa
promocional para vender o cd do pop star. — Quem não quer aproveitar a
oportunidade de um público de milhares de pessoas, com transmissão pela tv,
para promover seu produto? Graças a Deus, este tipo de “celebração Eucarística”
(???) já não é mais tão comum, embora alguém ainda promova isso, sempre em nome
da evangelização, é claro.
— Está certo transformar a Missa em
show ou fazer da Missa um evento de promoções que liga a música daquele cantor
famoso com a religião? Como católicos, precisamos pensar e refletir
profundamente sobre tudo isso. Antes de emitir qualquer opinião é importante
entender o que é Eucaristia. Refletir porque Jesus Cristo instituiu a Eucaristia
e porquê celebramos a Eucaristia. A Pastoral Litúrgica de nossas comunidades
precisa criar uma formação permanente em suas atividades para estudar e, pelo
estudo, compreender o valor da Eucaristia para a comunidade, em vista de
produzir frutos, na comunidade. Não basta o esforço para fazer Missa bonita ou
atraente, é preciso celebrar para conduzir os celebrantes a participar e
comungar o projeto divino. Sem isto, como diz São Tiago, a fé é morta.
Serginho Valle
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