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Ikonostase

Do grego, “eikon” e “stasis” (estação ou ação de colocar). Outras terminologias consideram “eikonóstasis” (eikon = quadro e stàsis = lugar): o local onde são colocados os ícones, nas igrejas orientais. A ikonastase é a grande divisão que separa a nave do santuário e onde se encontram os ícones voltados para a nave da igreja.

O ícone mais nobre, normalmente aquele do Salvador (ou o ícone da Trindade) é colocado no lado direito das portas santas, que se abrem no centro da ikonastase. Do lado esquerdo se encontra, normalmente, o ícone da Mãe de Deus, a Theotokos. Mas, pode ser também uma parede com ícones, encimada por um crucifixo que, no rito grego, separa a nave da igreja do altar (bema).
A ikonostase tem três portas: a do meio, que se chama “santa”, onde entram o bispo, o sacerdote e, em certas ocasiões, o diácono. As outras duas, uma conduz à “prothesis”, outra ao “diaconikon”, a sacristia, no rito latino.
Nos tempos primitivos, a Iconostase era provavelmente uma tela colocada na parede no extremo oriental da igreja, ainda preservada na Rússia pelos antigos ritualistas. A partir do 7º Concílio Ecumênico e do ano 843, com o fim das polêmicas iconoclastas e a queda do Império Bizantino (século XV), a ikonostase assume a forma atual.
Os Santos Padres previram o prédio da igreja formado por três partes místicas, conferindo à ikonostase um significado simbólico do limite entre dois espaços: o divino e o humano, o eterno e o transitório. O simbolismo dos ícones explica que a ikonostase, mesmo separando o espaço divino do humano, também une os dois espaços como local e como modo de ser realizar a reconciliação entre Deus e a humanidade.
As portas centrais da iconostase, duplas, chamam-se “portas reais” porque por elas saem e entram os Santos Dons, o Santo Cálice com a Eucaristia e a Santa Cruz. As portas laterais são chamadas de “porta norte” e “porta sul”, ou portas do diácono; são ornamentadas com os ícones dos arcanjos Miguel (porta sul) e Gabriel (porta norte). Nas Portas Reais estão colocados os ícones dos quatro evangelistas. No centro das Portas Reais está o ícone da Anunciação da Santíssima Theotokos, já que este evento é o prenúncio e o começo da Salvação. Sobre as Portas Reais é colocado um ícone da Última Ceia, indicativo do Mistério da Eucaristia.
Serginho Valle (compilação)
Abril 2018





“Velatio” das imagens

A tradição de velar as imagens, na Quaresma, a partir do 5º Domingo da Quaresma, mas especificamente, vem de longa data. Os historiados litúrgicos falam de uma tradição que remonta ao século IX. Consiste em cobrir as imagens com um pano roxo e, o crucifixo, com um pano branco, antes de iniciar a Semana Santa. Hoje, não existe obrigatoriedade, mas o Diretório Litúrgico continua propondo a “velatio” das imagens a partir do 5º Domingo da Quaresma. 
O contexto, no qual nasceu a “velatio”, retornando ao século IX, era marcado pela devoção aos santos e santas de maneira muito intensa, superando inclusive a atenção para com a Eucaristia. Por isso, buscando na “velatio” um recurso didático, a Igreja pretendia chamar atenção para a centralidade da Páscoa cobrindo as imagens. 
Por que no 5º Domingo da Quaresma? De acordo com uma antiga tradição da Teologia Quaresmal, no 5º Domingo da Quaresma iniciava-se aquilo que é considerado “Tempo da Paixão”, marcada por uma atenção especial nos preparativos da Semana Santa, quando se celebra a Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.
Depois da Reforma Litúrgica (1963), a maior parte das comunidades abandonou o costume da “velatio”, talvez devido a uma interpretação indevida no uso deste e de outros sinais que favoreciam a participação do povo no tempo litúrgico. Uma retomada deste costume veio com a Carta Circular “Paschalis Sollemnitatis” que, no seu parágrafo 26 diz o seguinte: “o uso de cobrir as cruzes e as imagens na igreja, desde o V domingo da Quaresma, pode ser conservado segundo a disposição da Conferência Episcopal. As cruzes permanecem cobertas até ao término da celebração da Paixão do Senhor na Sexta-feira Santa; as imagens até ao início da Vigília Pascal.”
Outra prescrição semelhante a esta, ainda na “Paschalis Sollemnitatis”, no parágrafo 57 orienta como proceder a “velatio” na conclusão da Missa “n Coena Dmini”, na Quinta-feira Santa, com estas palavras: “concluída a Missa é desnudado o altar da celebração. Convém cobrir as cruzes da igreja com um véu de cor vermelha ou roxa, a não ser que já tenham sido veladas no sábado antes do V domingo da Quaresma. Não se podem acender velas ou lâmpadas diante das imagens dos santos.”

Duas considerações sobre a “velatio” em nossos dias
            A primeira consideração que faço a este costume litúrgico é considerar sua finalidade catequética: chamar atenção para a centralidade do Mistério Pascal que está para ser celebrado proximamente. Proximidade pelo fato de que a “velatio” acontece no 5o Domingo da Quaresma.  Ligado ao fator catequético, existe a disposição pedagógica, de estabelecer um sinal no contexto do espaço celebrativo como que avisando os celebrantes sobre a proximidade da Semana Santa, na qual se celebra o Mistério Pascal de Jesus Cristo. Este é um conceito que seria bom que o Ministério da Ornamentação tivesse presente.
            Minha segunda consideração sobre a “velatio” está no contexto da reflexão sobre a ornamentação do espaço celebrativo, daquilo que denomino de “símbolo contextual”.
Talvez a “velatio” não se enquadre no aspecto simbólico, porque do ponto de vista da semiologia está mais para sinal que para símbolo. Por isso, uma sinalização que anuncia a proximidade da Semana Santa. No conceito de “símbolo contextual” a “velatio” tem sim espaço para que o Ministério da Ornamentação proponha uma mensagem de atenção em vista da proximidade da Semana Santa.
Serginho Valle
2017



A ornamentação silenciosa da Quaresma

Como sabido, a Quaresma caracteriza-se como um tempo silencioso. Isto deveria ser manifestado nas canções, no modo de celebrar, na gestualidade e, também, no espaço celebrativo. Em se tratando de ornamentação, o contexto tem a ver com o espaço celebrativo e, neste caso, com um espaço celebrativo que seja silencioso, que inspire silêncio e, principalmente, que convide ao silêncio. 
Trata-se, portanto, de um espaço silencioso. Para compreender este aspecto é preciso remeter-se ao deserto, o símbolo religioso do espaço silencioso. Hoje, temos condições de ter uma imagem formada da paisagem do deserto como um local vazio e sem vegetação; um indicativo de silêncio. É este o cenário que se tornou um dos símbolos fortes da Quaresma. Deserto como indicativo de silêncio, de local silencioso onde o homem e a mulher entram em contato com Deus. Assim fez Jesus e assim fizeram milhares de eremitas: vão ao deserto para buscar o silêncio, o espaço e o ambiente mais favorável para se encontrar com Deus.
Dito isto, compreende-se que o espaço celebrativo, na Quaresma, não se compõe de ou com arranjos florais, nem que for feito com flores roxas. Compreende-se que não se compõe nem mesmo com folhagens. Estas são retiradas do ambiente celebrativo para indicar com mais a insistência o clima e o espaço silencioso do deserto. A Liturgia entende transmitir este tempo de silenciar também aos olhos. É o convite para “ver” o silêncio. Para quem é capaz de sentir os tempos litúrgicos, não apenas compreender, mas sentir, não existe dificuldade alguma celebrar no espaço silencioso proposto pela Quaresma. Esta é uma dificuldade presente em pessoas barulhentas, que ficam incomodadas com o silêncio.
Na prática, a Liturgia orienta a tirar qualquer presença de vegetação: flores e folhagens. Não se pode entender tal orientação como imposição, mas como condição própria e adequada ao tempo da Quaresma, tempo silencioso por excelência.

Simbolizar os Domingos da Quaresma 
Como dito, ausência de vegetação para indicar e conduzir os celebrantes ao silêncio. Isto abre espaço para a possibilidade de simbolizar cada Domingo quaresmal com elementos que não sejam vegetais. Esta é uma prática muito comum na Europa, principalmente na França.
Desta forma, no 1º Domingo da Quaresma, por exemplo, poderia ser criado um espaço que simbolizasse o deserto, com areia e algumas pedras. No 3º Domingo da Quaresma, do Ano A, pode-se criar um poço no presbitério para simbolizar o encontro de Jesus com a samaritana. Tudo muito simples. Nada de grandes simbolizações, a estilo de carro alegórico, porque não se trata de alegoria. Na verdade, tais simbolizações, do ponto de vista da comunicação e da semiologia, comportam-se como atividade icônica, ou seja, indicativo daquiilo que se proclama na Palavra.
Faço tal referência por ser pratica comum em muitas comunidades, também aqui no Brasil, mas minha predileção, quanto a espaço celebrativo quaresmal, continua sendo por uma igreja deserta, silenciosa, como pede a tradição quaresmal no que se refere ao espaço celebrativo.
Serginho Valle 
2017 


Enfeites na celebração litúrgica

As normas litúrgicas não tratam de enfeites em particular. Trata deste tema de modo generalizado, contextualizando-o na ornamentação litúrgica. Meu ponto de vista é a partir da comunicação litúrgica e não tem nenhuma intenção normativa. 

Contextualizando  
Por enfeite, no contexto comunicativo da celebração litúrgica, entende-se aquilo que favorece ou evoca um clima especifico, no qual acontece a celebração. Neste sentido, os enfeites, embora possam ter características simbólicas ou sígnicas (sinais), na maior parte das vezes exerce a função de índice, isto é, são indicadores de um contexto, ou de um “clima” do Tempo Litúrgico, ou de uma celebração específica.
Os enfeites natalinos e os enfeites pascais, por exemplo, expressam bem esta dinâmica semiológica de índice, quer dizer, indicadores do Tempo Litúrgico que se está celebrando. Quando entramos numa igreja com enfeites natalinos, por exemplo, os mesmos são índices, são indicadores que estamos celebrando o Natal. É preciso dizer que existe uma linha muito tênue e discutível em tais distinções, motivo de não poucos debates e discussões. Contudo, o que interessa é entender que os enfeites são indicativos (são índices) de um contexto celebrativo ou de um Tempo Litúrgico.
Existem momentos, nos quais os enfeites exercem sua atividade comunicativa apenas como sinais, como aqueles para expressar alegria. Um arranjo floral, no Tempo Pascal, por exemplo, não precisa trazer a carga do simbolismo; pode ser um componente indicativo da alegria do tempo litúrgico que se está celebrando. Quando, numa festa do padroeiro são colocadas bandeiras ou outros enfeites, estes comunicam o clima festivo que se está celebrando. Os enfeites usados nas celebrações matrimoniais, flores e tapetes, velas e lanternas coloridas indicam (são índices) da alegria que envolve uma festa de casamento.
Tais elementos pretendem favorecer a compreensão que a ornamentação litúrgica é realizada dentro de um contexto comunicativo que se expressa com símbolos, com sinais e com índices (indicadores). A maior parte dos enfeites entra na categoria dos índices por serem, como já dito, indicativos de um clima especial na celebração, seja relativo ao Tempo Litúrgico, seja num contexto celebrativo específico.

Critérios gerais no uso de enfeites
O exposto acima vale para a Missa e para os demais sacramentos. Por isso, um primeiro critério quanto ao uso de enfeites nas celebrações é sobre a quantidade de enfeites. Isso vai depender do tamanho da igreja e do bom senso do arranjador, mas lembrando sempre que o exagero enfeia. O exagero de muitos enfeites em casamentos pode ser bonito para o bolso do floriculturista, mas um desastre visual do ponto de vista estético. Não é o exagero que embeleza, mas o detalhe e o modo de fazer.
Outro critério é o respeito pelo Tempo  Litúrgico. Na Quaresma e no Advento não se usam flores, nem folhagens e nem outros adereços. Assim, não se enfeita a igreja com enfeites natalinos na primeira semana do Advento, isso poderá acontecer a partir com pequenos sinais a partir da 3ª Semana do Advento. O não uso de flores, folhagens e enfeites são indicativos (índices) do silêncio espacial, no qual a Liturgia celebra a Quaresma e o Advento. Por isso colocar flores na Quaresma e no Advento, mesmo que sejam violetas roxas, é criar um ruído na mensagem espacial do ambiente celebrativo, no contexto da comunicação litúrgica. Casamentos realizados neste tempo também não recebem flores. Quem fizer questão das flores no casamento, seja orientado a procurar outra data, como no Tempo Natalino ou no Tempo Pascal ou no Tempo Comum.
Um terceiro critério é quanto a colocação dos enfeites nos espaços celebrativos. Os enfeites não são colocados nem sobre o altar e nem sobre o ambão, como também não devem esconder tais espaços, de onde não se colocar enfeites grandes na frente do altar ou do ambão. Isto vale também para as igrejas que tem altar mor encostado na parede. Aquele altar seja respeitado como altar e não transformado em prateleira de flores e folhagens.
Um último critério é aquele relativo à discrição. Quem tem senso artístico nunca exagera, ao contrário, discretamente enfeita o ambiente tornando-o acolhedor e celebrativo, para que os celebrantes sintam-se bem sem serem agredidos com excesso de informação.
Serginho Valle  
2017 


Ministério da ornamentação

Na Pastoral Litúrgica, o ministério da ornamentação é formado por pessoas que se ocupam com a ornamentação da igreja para as celebrações. O ministro da ornamentação distingue -se do enfeitador de igrejas, como aqueles que enfeitam a igreja para casamentos, enchendo a igreja de flores, folhagens, panos e espelhos... por motivos financeiros. O ministro da ornamentação é alguém preparado liturgicamente para prestar um serviço gratuito e generoso à celebração e, consequentemente, aos celebrantes, naquilo que favorece o bom desenvolvimento e facilita a comunicação na celebração litúrgica. Por isso, a necessidade de conhecer o processo comunicativo da celebração litúrgica, sua teologia e a especificidade de cada celebração. 
O ministério da ornamentação não se limita somente à ornamentação do espaço celebrativo da Missa, se bem que será sobre isso que iremos tratar neste e em outros textos sobre este tema. A atividade do ministério da ornamentação diz respeito a todos os sacramentos, inclusive às celebrações matrimoniais. Estas deveriam ficar a encargo de quem faz parte da Pastoral Litúrgica da comunidade e não de floriculturistas que, em sua grande parte, demonstram conhecer pouco ou quase nada da Teologia celebrativa matrimonial e nem de Liturgia. Disto são provas algumas ornamentações que em nada contribuem para uma celebração liturgicamente cristã.
Mas, sobre isso falaremos em outra oportunidade nosso assunto, agora, é a ornamentação para celebração Eucarística e, mais especificamente, o ministério da ornamentação em uma comunidade paroquial.

Ornamentação celebrativa  
Quando alguém se dispõe a trabalhar com a ornamentação, na Liturgia, precisa ter em mente que seu trabalho, como dito acima, não tem a finalidade de enfeitar a igreja, mas de favorecer a participação dos celebrantes na celebração. Isso significa que a pessoa se coloca a serviço da celebração e dos celebrantes. De onde a necessidade de ter presente que seu trabalho não tem, em primeiro lugar, finalidade estética — embora esta seja essencial — mas sim celebrativa. Podemos falar de estética a serviço da celebração. Quando falo que a principal finalidade encontra-se na celebração, entendo que o resultado final, esteticamente bonito, é um trabalho feito para favorecer a participação visual da celebração, no contexto espacial celebrativo. O ministério da ornamentação age no campo da comunicação visual e espacial. Dois temas que também trataremos mais adiante.

Conhecer o espaço celebrativo 
Elemento importante que diz respeito ao ministério da ornamentação é o conhecimento do espaço celebrativo e sua função no processo litúrgico da celebração. Isso tem a ver também com o "mobiliário" da celebração, especialmente os locais onde a celebração acontece: altar, ambão, cadeira presidencial, espaço reservado aos ministros... Todos esses espaços já estão contemplados aqui no meu blogger e podem ser facilmente consultados.
O conhecimento do espaço celebrativo se faz necessário para não correr o risco do arranjo ou de um símbolo ser colocado em locais indevidos. O mesmo vale para o tamanho e o volume, do arranjo ou do símbolo, para não esconder o local onde a celebração acontece e, pior que isso, esconder o ministro que preside ou que participa de algum rito. 
Tais considerações ajudam a compreender que o arranjo é índice, quer dizer, indicativo para valorização de um espaço; para dar destaque ao espaço celebrativo. O arranjo não é mais importante que o altar, mas ali está para valorizar o altar e mostrar sua importância. Não é mais importante que o ambão, mas favorece a valorização do ambão e da Palavra ali proclamada. Qualquer ornamentação que invada ou prejudique o espaço celebrativo está mal feita, mesmo sendo, esteticamente falando, uma obra de arte. 

Não só arranjos florais 
Para concluir, um lembrete. O ministério da ornamentação não se ocupa somente com arranjos florais, como já dei a entender em alguns tópicos no decorrer do meu texto. Ocupa-se também da criação de símbolos e sinais que, eventualmente, são usados na celebração. Sobre este assunto, a criação da simbologia celebrativa também trataremos neste espaço oportunamente.
Serginho Valle 
2016 



IGMR 295 – o tamanho do presbitério

O presbitério é o lugar, onde se encontra localizado o altar, é proclamada a Palavra de Deus, e o sacerdote, o diácono e os demais ministros exercem o seu ministério. Convém que se distinga do todo da igreja por alguma elevação, ou por especial estrutura e ornato. Seja bastante amplo para que a celebração da Eucaristia se desenrole comodamente e possa ser vista por todos.

Do ponto de vista da comunicação litúrgica, o olhar com o qual estamos lendo alguns parágrafos da Instrução Geral do Missal Romano, este IGMR 295 é a descrição de onde parte o diálogo comunicativo da celebração litúrgica. Embora a comunicação litúrgica seja dialógica, o ponto emissor (podemos falar assim) encontra-se no presbitério, de se comunica a Palavra de Deus (ambão), onde se prepara, oferece, consagra e se partilha o Sacrifício Eucarístico, de onde os ministros exercem seu serviço a Deus e aos celebrantes.
Inicialmente, a IGMR 295 trata da estrutura do espaço e conclui orientando para que seja espaçoso, condição indispensável para a celebração desenvolver-se de modo satisfatório. De fato, espaços apertados, restringem, quando não impedem o processo comunicativo da celebração. Não se pode dizer que existe uma procissão, mesmo em caráter ritual, dando dois passos porque o ambão e o altar estão quase grudados. Por isso, vale a pena considerar esta IGMR 295 não apenas como conclusiva da primeira parte dos parágrafos que trataram do espaço celebrativo, mas como diretiva quanto ao espaço adequado para comunicar-se liturgicamente no espaço celebrativo do presbitério. 
Esta amplidão do presbitério é  útil quando se pensa na introdução de sinais e símbolos em momentos de celebrações especiais, como na festa do padroeira, por exemplo. Quando se pensa na realização de ritos que exigem movimentos ou alguma coreografia e, até mesmo, quando da necessidade de se criar espaços simbólicos maiores, como é o caso de um presépio, no Tempo de Natal por exemplo. 
O presbitério, portanto, não é um local para encher com folhagens e flores como se fosse um quintal. Quanto a isso, oriento-me com uma indicação do saudoso Cláudio Pastro. Dizia ele que o espaço do presbitério é bonito por si mesmo, sem a necessidade de colocar folhagens, flores e imagens para enfeita-lo.

Serginho Valle
2016


IGMR 294d – Simbolismo do espaço celebrativo


“Tudo isso, além de exprimir a ordenação hierárquica e a diversidade das funções, deve constituir uma unidade íntima e coerente pela qual se manifeste com evidência a unidade de todo o povo de Deus. A natureza e beleza do local e de todas as alfaias alimentem a piedade dos fiéis e manifestem a santidade dos mistérios celebrados.

A conclusão da IGMR 294, no seu último parágrafo, apresenta a simbolização do espaço celebrativo. Do ponto de vista comunicativo, o espaço celebrativo é mensagem simbólica. Comunica a disposição hierárquica da celebração e, ao mesmo tempo, a unidade entre os ministérios que participam do ato celebrativo.
Sendo assim, como expresso na última parte  da IGMR 294, então compreende-se que existe um simbolismo presente no espaço celebrativo, de onde a necessidade deste ser proposto, não apenas com o bom gosto de um decorador, o que é muito importante, mas também com uma arquitetura harmônica e artística.
Uma terceira dedução, além da funcionalidade e da simbolização do espaço celebrativo, diz respeito à decoração. Esta precisa ser artística a ponto de realçar o espaço celebrativo para não escondê-lo ou desfigura-lo. Ou ambos os casos. A colocação de um arranjo que esconde o ambão ou o altar, por exemplo, é totalmente ruidosa, do ponto de vista da comunicação litúrgica, pois está escondendo e desfigurando espaços celebrativos simbólicos e, enquanto tal, comunicantes de uma mensagem. Na prática, nem altar e nem ambão foram feitos para serem suportes de flores ou de objetos. 
O último pensamento da IGMR 294, portanto, expõe a finalidade de um espaço celebrativo artístico, simbólico e funcional em vista de favorecer uma celebração digna da Liturgia e santificante na vida dos celebrantes. 
Serginho Valle 
2016 




Ministério do leitorato e espiritualidade

Ministério do leitorato e espiritualidade O Ministério do Leitorato , a pessoa que se dedica a proclamar a Palavra na Liturgia em celebraçõe...