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Reflexão da espiritualidade do Matrimônio e Ordem na Pastoral Litúrgica

Pela minha experiência, tenho constato que um bom número das Equipes de Liturgia, em nossas comunidades paroquiais, dedica pouco tempo para refletir sobre a espiritualidade daquilo que celebram. Isto vale para quase todas as celebrações sacramentais e, de modo mais pontual, isto diz respeito à espiritualidade pressente nas celebrações matrimoniais e de ordenações.

Talvez, entre o Sacramento da Ordem e do Matrimônio, a preparação das ordenações leva vantagem. Como se trata de celebrações menos frequentes, as mesmas são preparadas com reflexões vocacionais, tríduos e até mesmo seminários ou conferências sobre a vida e a espiritualidade decorrentes do Sacramento da Ordem.

Infelizmente, assim não acontece na preparação celebrativa do Sacramento do Matrimônio. Em algumas situações, a celebração litúrgica fica em segundo plano ou é delegada ao que hoje se denomina de “cerimonialistas” que a preparam sem nenhuma referência ou inspiração à espiritualidade matrimonial. Na atividade cerimonialista, a atenção e preocupação concentra-se nos preparativos festivos, nos cuidados com enfeites, músicas e outros detalhes.

Diante de tal quadro, não apenas é muito importante que sua Equipe de Liturgia dedique tempo para refletir sobre a espiritualidade litúrgica presentes nas celebrações do Matrimônio e da Ordem. Como são realizadas mais celebrações matrimoniais que ordenações, é de bom senso dedicar mais tempo na reflexão da espiritualidade matrimonial presente nas orações, prefácios, ritos e símbolos usados na celebração do casamento.

 

Refletir a espiritualidade na comunidade

         Considero que a reflexão da espiritualidade sacerdotal e matrimonial presente na celebração do Matrimônio e da Ordem podem ser um excelente recurso de discernimento vocacional entre os jovens. Por isso, não se restringir a refletir a espiritualidade desses Sacramentos entre os membros da Equipe Litúrgica, mas em diferentes oportunidades de encontros com jovens e adolescentes. Apresentar o que o rito celebra e como o rito compromete existencialmente quem é ordenado e os noivos que se casam.

Outra atividade para aprofundar a espiritualidade presente nas celebrações desses Sacramentos pode ser feito em colaboração com as Pastorais Familiar e Vocacional da comunidade. É sempre bom dedicar um grande espaço à espiritualidade matrimonial e sacerdotal, reforçando o que dizia acima, em encontros realizados com casais, com jovens, e, particularmente com adolescentes da catequese crismal. É importante ajudá-los a reconhecer que a vida cristã, seja matrimonial ou sacerdotal, sempre é alimentada pelo Espírito Santo e que, mesmo em diferentes modos de viver, é sempre caminho de amor, de oblação da vida a Deus e de santidade.

Além disso, é de suma importância que a espiritualidade seja ressaltada no momento celebrativo de cada um desses sacramentos. Neste caso, a necessidade de preparar celebrações belas e alegres, como requer um momento tão especial para aqueles que estão iniciando uma nova etapa em suas vidas. Celebrações marcadas muito mais pela fé e pela oração e, menos pela dimensão teatral e espetacular. A beleza da espiritualidade não é ostensiva; é simples e belamente sóbria.

Serginho Valle

Março de 2021

 

Espiritualidade sacerdotal

 


A dimensão espiritual do sacerdócio, do ponto de vista litúrgico, encontra-se nos três graus do sacramento da Ordem: diaconal, presbiteral e episcopal. Em cada um destes graus existe um modo próprio de viver a espiritualidade cristã, viver o discipulado. Na Oração consacratória, encontramos algumas características próprias da espiritualidade em cada um dos graus da graça sacerdotal.

          O diaconato alimenta-se da espiritualidade do serviço, a exemplo de Cristo que veio para servir e não ser servido (Mt 20,28). O presbítero alimenta-se da espiritualidade missionária e evangelizadora, “para que as palavras do Evangelho cheguem aos confins da terra e os povos se tornem um só povo de Deus” (oração consacratória da ordenação presbiteral). No grau episcopal, a espiritualidade do bispo caracteriza-se pela total e absoluta dedicação ao rebanho da Igreja, a exemplo de Cristo Pastor e seja “pela mansidão e pureza de coração, uma oferenda agradável” a Deus (cf. Oração consacratória da ordenação episcopal).

          Em qualquer grau do sacerdócio, a Liturgia da ordenação tem um elemento comum: o sacerdote é chamado a viver sua espiritualidade configurando-se a Cristo, dedicando sua vida de modo pleno e total à evangelização para que o “mundo creia”, para que o mundo viva os valores do Reino de Deus e se encontre com a Salvação que Deus concede por seu Filho Jesus. Vive-se esta dimensão da espiritualidade no mesmo amor oblativo de Jesus Cristo, alimentando-se da Eucaristia e da oração para a glória de Deus e para o bem do povo, na profundidade e na dinâmica que cada uma dessas palavras representa na teologia da Igreja.

O alimento espiritual é idêntico em todos os estágios existenciais: é o alimento da Palavra de Deus, Eucaristia, oração, ascese, etc.... Mas, aqui o destaque é para que a glória de Deus se faça presente no mundo (Cf. Jo 1,14) e isso dentro da dimensão joanina, que apresenta Jesus Cristo como a luz do mundo e luz para o mundo (Jo 3,19; 8,12). No contexto da Teologia e espiritualidade joanina, a vida sacerdotal é uma vocação dedicada ao serviço do povo, para que Jesus seja o caminho, a verdade e a vida do mundo (Jo 14,16), para que Jesus a porta que dá acesso ao Pai (Jo 10,9), para que o mundo creia que somente nele, em Jesus Cristo, o homem e a mulher encontrem sentido existencial. A espiritualidade sacerdotal deve inundar o sacerdote (diácono, padre ou bispo) desta verdade a ponto dele não lhe pertencer, mas, a exemplo de Paulo, ser todo de Cristo e de Cristo nele vivendo plenamente (Cf. Ef 3,8-9; Rm 14,17; Gl 2,20).

Estes elementos, citados aqui de modo indicativo, se fazem presentes no rito litúrgico da Ordem, nos três graus, e indicam um programa de vida e um sentido existencial para quem responde a esta vocação.

Serginho Valle

Abril de 2021

 

Matrimônio e a Ordem: modos diferentes de viver o mesmo Evangelho

 Os sacramentos do Matrimônio e da Ordem são modos diferentes de viver o mesmo Evangelho. São estados de vida santificadores que caminham na mesma estrada de Jesus, no caminho do Evangelho. Dois sacramentos que tem a ver com o estado de vida, com o modo de viver a vida cristã. Os cristãos que escolhem a vida matrimonial e aqueles que escolheram a vida sacerdotal vivem uma idêntica espiritualidade, a espiritualidade do Evangelho, na sua essência, mas diferente no jeito de viver, na missão e na mística que os santifica.

          Uma vez batizado e crismado, o cristão está diante de Deus e na Igreja como alguém comprometido com os valores do Evangelho. Como alguém que se comprometeu com o Evangelho, melhor dizendo. O Evangelho torna-se regra de vida e, de acordo com seu estilo de vida — celibatário, matrimonial ou sacerdotal — é chamado (vocacionado) a viver inserido no projeto de Jesus Cristo e fazendo de sua vida “uma oferta viva, santa e agradável ao Pai” (Rm 12,1). Este princípio existencial é válido para todos os estados de vida cristã, embora seja vivenciado de maneira diferente.

          Do ponto de vista da espiritualidade litúrgica, a mística cristã nos sacramentos do Matrimônio e da Ordem, propõe viver o Evangelho como ato de oblação ao Pai, para que a vida seja uma oferenda viva, santa e agradável (Rm 12,1). A espiritualidade cristã, portanto, seja na Ordem como no Matrimônio, tem a mesma mística oblativa. O que muda, sendo repetitivo, é o modo de viver esta mística. O estado de vida é diferente, por isso o modo de viver torna-se também diverso.

            Um estudo ou uma reflexão mais detalhada da celebração litúrgica de uma ordenação e de um casamento não apresentará um paralelo, mas confluências, caminhos que conduzem ao mesmo objetivo: viver em Cristo, iluminar a vida com o Evangelho, caminhar na estrada de Jesus e transformar a vida em oblação santa e agradável ao Pai. Na prática, as duas celebrações, considerando a Liturgia da Palavra e a eucologia, sacramentam um projeto de vida e um caminho de santidade. Isto acontece quando a vida é transformada em culto, quer dizer, a vida é uma celebração realizada no Espírito Santo que vive em quem foi batizado e crismado.

Serginho Valle

Março 2021

 

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