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Celebrar a Liturgia do Batismo

O contato com a Liturgia, em contexto formativo, na maior parte, é dedicado à Liturgia Eucarística. Poucos se dedicam a aprofundar a celebração litúrgicas dos demais Sacramentos e Sacramentais. Foi pensando nisso que o canal LECTIO LITURGICA, no Youtube, passou a dedicar vídeos à Liturgia de Sacramentos e Sacramentais.

Não se trata de um ou dois vídeos, são playlists com vários vídeos considerando a Teologia, a Espiritualidade, a simbologia e os ritos nas celebrações dos Sacramentos e Sacramentais. A proposta é alargar o campo da formação litúrgica de algo que é natural, mas nem sempre valorizado porque o olhar está voltado quase que unicamente para a celebração Eucarística. Trata-se de um aceno para valorizar o universo litúrgico celebrado nos Sacramentos e nos Sacramentais.

 

Os vídeos da LECTIO LITURGICA têm a finalidade de ajudar a compreender que a PLP — Pastoral Litúrgica Paroquial — não restringe suas atividades na preparação de Missas, mas abrange tudo que se refere à Liturgia da Paróquia e, evidentemente, é onde nos deparamos com as celebrações litúrgicas dos Sacramentos e Sacramentais.

 

Neste primeiro momento vou me dedicar à Liturgia do Batismo.

 

Ritual do Batismo de Crianças

Vamos iniciar o contato com a Liturgia do Batismo pelo Ritual. Quando se fala de Ritual (com R maiúsculo), entende-se o Livro Litúrgico que contém os ritos que compõem uma celebração sacramental. A exceção é o Livro Litúrgico da Missa, que Missal, e o Livro Litúrgico das Ordenações, o Pontifical.

 

Durante séculos, a Igreja celebrou o Batismo com Ritual do Batismo para Adultos, independe se o batizado era de adulto ou de crianças. Durante séculos, as crianças eram batizadas com o mesmo Ritual destinado ao Batismo de adultos. Não se fazia distinção entre Batismo de adultos e Batismo de crianças. O Ritual era o mesmo. Foi somente a partir do Concílio Vaticano II (1963) que a Igreja deu um passo importante, criando um Ritual específico para o Batismo das crianças e um Ritual próprio para o Batismo de Adultos.

 

Nas orientações celebrativas, do Ritual de Trento — assim passou a ser chamado o Ritual antes do Vaticano II — não havia espaço para a participação dos pais e padrinhos, por exemplo. Primeiro, porque o Ritual era totalmente redigido em Latim, língua que somente o padre conhecia. Causa, pela qual, ele celebrava o Batismo sozinho e todos participavam escutando um língua estranha, incompreensível; a celebração era monopolizada pelo padre.

 

A partir de 1969, com a promulgação do novo Ritual do Batismo das Crianças, a celebração litúrgica do Batismo de crianças ganhou um rosto mais humano, acolhedor e profundamente pastoral. Cada gesto, cada palavra, cada símbolo passou a considerar a presença da família, dos pais, em primeiro lugar, mas também dos avós, dos tios e dos amigos que participam da celebração do Batismo. A celebração deixou de ser apenas a audiência de uma língua estranha para tornar-se uma verdadeira celebração, celebrada pela comunidade reunida, com a participação dos pais, familiares e amigos.


Concluindo...

Tem um detalhe que precisa ser acrescentado. Com a publicação do Ritual do Batismo de Crianças, os batizados não se transformam em celebração exclusiva que reúne apenas familiares e amigos. É uma celebração de toda a Igreja e, por isso toda a comunidade é convidada a participar. Para isso acontecer, a PLP – Pastoral Litúrgica Paroquial – precisa contar com Equipes de Celebrações para Batizados realizados na paróquia.

Sobre estes temas, do Ritual do Batismo para Crianças e as Equipes de Celebrações do Batismo, na paróquia, recomendo assistir dois vídeos do canal LECTIO LITURGICA. Basta clicar nos links abaixo.

Dois rituais para o Batismo — https://youtu.be/vsdpgI_bAik 
Equipe de celebração do Batismo — https://youtu.be/LAV3nyIl9FQ

 

Serginho Valle 


Junho 2025

Música nas celebrações batismais

 

Todas as celebrações litúrgicas que contam com assembleias contemplam a música como rito litúrgico e como meio participativo na celebração. Isto é muito claro nas celebrações Eucarísticas e nas celebrações sacramentais como Matrimônio, Crisma, Ordenação e nas celebrações do Batismo. Vamos considerar a música nas celebrações batismais.

 
Uma curiosidade 

    Mesmo que a História da Igreja registre que se batiza crianças desde os seus primórdios, o Rito de Batismo das Crianças é o mais recente de todos. Foi elaborado depois da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II. Antes do ritual atual, usava-se o Ritual de Batismo para Adultos, adaptado para crianças.

Três características marcam o antigo rito do Batismo: era em latim e só o padre o compreendia, como só o padre compreendia, ele fazia tudo sozinho. A terceira característica, os celebrantes assistiam e ficavam calados em quase toda celebração. São características que levaram muitos autores a interpretar (sem menção a qualquer tipo de juízo) que o “padre “fazia” os novos cristãos”. Uma mentalidade que nunca esteve presente na Teologia Litúrgica do Batismo católico.

No contexto proposto pela Reforma da Liturgia (1963), as celebrações ganham uma dimensão participativa e pastoral. Duas dimensões, a participativa e a pastoral, com a finalidade de favorecer a participação e a compreensão do rito.

 

Estrutura da celebração do Batismo das Crianças

Como acontece com todas as celebrações da Liturgia Romana, a celebração do Batismo das Crianças também é estruturada em 4 partes: Ritos iniciais, Liturgia da Palavra, Liturgia Sacramental e os Ritos Finais.

Se a estrutura celebrativa, no modo como era celebrado o Batismo de Crianças antes da Reforma Litúrgica, indicam passividade, a celebração batismal pós concílio é muito dinâmica e alegre. O dinamismo é percebido desde a acolhida dos pais e padrinhos, na porta da igreja, convidando-os a entrar para celebrar o batizado do filho ou da filha. A alegria é própria do nascimento de uma criança dentro da família e para isso contribui, e muito, a música na celebração do Batismo das Crianças.

Por isso, o primeiro critério para escolher as músicas para uma celebração batismal de crianças é a alegria. Escolher músicas alegres, para que a dinâmica e a alegria celebrativa do Batismo possam transparecer ainda mais. Outro critério, ainda na generalidade, é escolher canções que destaquem os ritos e as liturgias da celebração do Batismo de crianças. Por exemplo: a música inicial será de acolhida, de boas-vindas; no momento do batizado, o rito pede uma música que fale da vida nova, etc...

 

Menções de canções

O ritual do Batismo de Crianças (1999) destaca os seguintes momentos para cantar no batizados de crianças:

    acolhida dos pais, padrinhos e das crianças, na porta da igreja (n. 37) 

    durante a assinalação das crianças (n. 44)

    procissão de entrada, da porta da igreja até o ambão (n. 45)

    preparando a Liturgia da Palavra, com o canto de um refrão (n. 47)

    ladainha de todos os santos (n. 52)

    durante a procissão ao batistério, cantar a Ladainha de Todos os Santos (n. 61)

    durante os batizados, se o número de crianças for muito grande (n. 76)

    durante a aspersão da assembleia, depois dos batizados (n. 78)

    aclamação ao receber a Luz de Cristo, no Círio Pascal (n. 83)

    durante a procissão do batistério ao altar, com as velas acesas (n. 89)

    depois da “devoção (consagração) à Maria” (n. 95)

O ritual não se prevê canto final, mas pode-se cantar uma canção.

 

Equipes de celebrações para Batismo de Crianças

            Minha última anotação é sobre a necessidade da equipe de celebração no Batismo de Crianças. No ritual usado antes da reforma litúrgica (1963), o padre conseguia fazer tudo sozinho, porque tudo dependia dele. Hoje, o rito pede participação e para isso acontecer é necessária a presença de uma equipe de celebração para o Batismo de Crianças. Como estou tratando de música na celebração do Batismo, destaco que o ministério da música participa da equipe de celebração do Batismo.

Serginho Valle
Julho 2023

           

Batismo e Crisma, celebrações festivas

 


A celebração dos sacramentos, especialmente do Batismo e da Crisma tem a característica comunicativa da festividade, da participação festiva, alegre. Para o bem dos celebrantes é importante que estas celebrações sejam momentos marcantes em suas vidas. Por serem celebrações únicas na vida, devem ser bem preparadas para que a participação seja ativa e consciente e marcante.

            A finalidade, do ponto de vista comunicativo, é fazer com que pais, padrinhos, e os jovens crismandos nunca se esqueçam deste dia. O motivo principal é tornar aquela celebração um referencial para toda a vida; referencial que marcará um compromisso definitivo com o Evangelho de Cristo.

Celebração bem-feita não se faz na pressa e nem com aglomerações. Pressa que se vê em muitos batizados, celebrados depois da última Missa matutina do Domingo. Pressa que se vê em aglomerações com centenas de jovens para serem crismados numa única Missa. São fatos, que podem ser práticos, mas não pastoralmente efetivos e, por isso, merecem ser repensados. Não se pode marcar positivamente a vida de uma pessoa em uma celebração feita de qualquer jeito ou, na base do “fazer por fazer”. A própria celebração não reflete a espiritualidade litúrgica batismal ou crismal; são celebrações que se transformam em cerimônias ou, como se vê em algumas celebrações crismais, se transformam em excesso de canções e coreografias que alongam as celebrações por horas impacientes e intermináveis.

Celebrações batismais bem-feitas têm caráter familiar, com a família inteira participando e comprometendo-se com o Evangelho de Jesus Cristo, assumindo a espiritualidade cristã em suas vidas. Celebrações crismais bem-feitas têm a alegria dos jovens, mas sem perder a sobriedade de quem celebra um compromisso assumido com Jesus e com seu programa de discipulado, proposto no Evangelho, de sempre viver e se deixar conduzir pela presença do Espírito Santo em suas vidas.

A Pastoral Litúrgica tem o dever de fazer crescer a espiritualidade litúrgica na comunidade e a finalidade de formar cristãos desde os primeiros momentos da vida que, na Igreja, são marcados pelas celebrações do Batismo e da Crisma. É preciso que a Pastoral Litúrgica Paroquial avalie o modo de celebrar o Batismo e a Crisma para, juntamente com a Catequese e a Pastoral Batismal, criar celebrações que marquem as vidas de quem delas participe e se tornem referência existencial.

Serginho Valle

Fevereiro de 2021

 

Espiritualidade batismal e crismal na pastoral litúrgica

 

Do ponto de vista da espiritualidade, a Pastoral Litúrgica precisa atender para o momento único e decisivo na vida dos cristãos: o Batismo. É um momento decisivo que afeta a vida inteira. Hoje, existe o fato de se batizar crianças recém-nascidas, sem condição de tomar uma decisão existencial. Disto a decorrência de todo um processo catequético pós Batismo para favorecer a correspondência ao compromisso existencial assumido no Batismo. O meio pastoral para isso acontecer é pela catequese crismal.

Conhecemos as dificuldades existentes em nossas comunidades e, entre muitas, uma delas é o esquecimento da espiritualidade cristã na formação batismal e crismal daqueles que irão receber estes Sacramentos. Nem todos os ditos “cursos de preparação” e a denominada “Pastoral da Crisma” insistem na importância do crescimento da espiritualidade cristã e no compromisso existencial decorrentes do Batismo e da Crisma.

A Pastoral Litúrgica da comunidade, juntamente com a Pastoral da Catequese, é desafiada a refletir e encontrar meios pedagógicos para incrementar e valorizar a espiritualidade cristã naqueles que participarão das Liturgias do Batismo e da Crisma. O processo inicia-se na preparação dos pais e padrinhos e continua na formação pessoal, até quando aquele recém-nascido, que foi batizado sem condições de decidir, possa assumir conscientemente o compromisso cristão e acolher a proposta da espiritualidade do discipulado pela e na catequese crismal.

 

Formação pedagógica pelas celebrações

A formação necessária e a introdução na via da espiritualidade cristã podem contar com o recurso pastoral de celebrações litúrgicas, seja com as celebrações catecumenais, como com aquelas celebrações consideradas temáticas ou pedagógicas. Celebrações realizadas em contextos orantes para proporcionar experiência de oração litúrgica e incentive a caminhar na estrada da espiritualidade cristã.

Não é uma prática nova e nem novidade pastoral. Na Igreja antiga existiam várias celebrações, no decorrer do tempo catequético catecumenal, para preparar espiritualmente aqueles que iriam receber o Batismo e a Crisma. Nestas celebrações, através das homilias de bispos, padres e catequistas, dava-se atenção particular à espiritualidade que resultaria na vivência em Cristo, na vivência cristã da vida nova em Jesus Cristo.

Hoje, grande parte das comunidades, graças ao projeto pastoral com intenção de recuperar efetivamente o caminho do catecumenato, está adotando a prática formativa pelo caminho celebrativo litúrgico. Os frutos começam a aparecer seja no crescimento espiritual de adolescentes e jovens, seja no surgimento de novas lideranças comunitárias. Esta é uma atividade própria da Pastoral Litúrgica Paroquial.

Serginho Valle

Dezembro de 2020

 

Espiritualidade vivencial no Batismo e na Crisma

A Liturgia é a fonte da espiritualidade cristã. Uma fonte que dessedenta a sede de vida com a graça e a luz do Espírito Santo. Uma fonte que não somente revigora a vida do celebrante, mas também compromete quem celebra a Liturgia com um estilo de vida proposto por Deus, especialmente presente no Evangelho.

As consequências na vida pessoal, que os Sacramentos do Batismo e da Crisma trazem, requer uma resposta de vida que seja de acordo com a graça (presença de Deus) na vida pessoal de cada cristão. É justamente essa resposta de vida que marca e caracteriza a espiritualidade litúrgica do Batismo e da Crisma. Viver a espiritualidade batismal e crismal é fazer memória, atualizando na vida cotidiana, a realidade da Páscoa de Cristo. Por este motivo, a espiritualidade batismal e crismal não se volta exclusivamente para o alto, pois tem como característica ser extremamente vivencial.

Na prática, estou dizendo que quem celebrou na própria vida a Liturgia batismal e crismal compromete-se para sempre por meio dessa celebração. Trata-se, portanto, de uma celebração que, de per se, exige a maturidade da opção, o que deverá ser reforçado na prática existencial que produz compromisso dos pais, no Batismo de crianças, nos adolescentes, jovens e adultos, na celebração da Crisma.

Se é no Evangelho que encontramos a fonte da espiritualidade litúrgica do Batismo e da Crisma, são as cartas apostólicas que se encarregam de demonstrar como a espiritualidade da celebração batismal e crismal traçam o perfil de vida para um celebrante (Cf. Cl 2,12 e 1Pd 3,21). São textos indicadores que a importância de viver a espiritualidade, que um dia foi celebrada na fonte batismal e na unção crismal, está em assumir o Batismo e a Crisma com a atitude de vida proposta por Jesus. Ou seja, trata-se de deixar o Espírito Santo de Deus, que em nós habita desde o dia do Batismo e confirmado na Crisma, aja e oriente o nosso viver em todo e em qualquer momento da vida.     Na prática, como demonstram vários textos das catequeses dos padres da Igreja, trata-se de recusar o pecado, recusar a lógica do mundo e assumir os valores do Reino de Deus, para ali agir como fermento na massa (Lc 13,21), como sal e luz no meio do mundo (Mt 5,13). Nisto está a prática concreta da espiritualidade batismal e crismal.

Juntamente com a importância de explicar o que significam e quais efeitos causam os Sacramentos do Batismo e da Confirmação na vida de quem os recebe, é importante traçar o estilo de vida que os dois Sacramentos exigem a quem é Batizado e Crismado.

Serginho Valle

Novembro de 2020

 

Iniciação cristã

 


O neófito ingressa na vida cristã celebrando, celebrando, participando e comungando três Sacramentos: Batismo, Crisma e Eucaristia. Em tempos idos, estes três Sacramentos, conhecidos como Sacramentos da Iniciação Cristã, eram celebrados em uma única celebração. Aquele que se tornaria cristão era batizado, crismado e, na mesma celebração, participava pela primeira vez da Eucaristia.

            Com o passar do tempo e, principalmente devido a falta de formação pelo desaparecimento do catecumenato, os três Sacramentos passaram a ser celebrados em datas diferentes. Hoje, o critério é a idade. Batizar recém-nascidos, 1ª Comunhão para pré-adolescentes (na faixa de 11 anos de idade) e Crisma na adolescência e juventude (na faixa dos 14 anos). Um critério bem estranho para a tradição catecumenal da Igreja.

            Com a reforma da Liturgia, iniciada em 1964, o Concílio Vaticano II restaurou o catecumenato inspirando-se na prática catecumenal do século VIII, quando o catecumenato alcançou seu auge. Mas, as exigências e o despreparado de padres e de catequistas para o acompanhamento de novos catecúmenos não produziu os frutos desejados, salvos raras exceções, ao menos em terras ocidentais. Em países da Ásia, Oceania e África o resultado foi mais promissor.

            No Brasil não foi diferente. Lembro as reações das aulas de Iniciação Cristã e de cursos que ministrei a padres e catequistas. Quando apresentava o RICA — Rito da Iniciação Cristã para Adultos — uma frase explica as reações: “muito bonito e rico, mas praticamente impossível de realizar”. Desânimo antes mesmo de começar. Não havia sequer a tentativa de colocar perguntas do tipo: como podemos fazer isso? Quanto tempo precisaríamos para introduzir a mentalidade do catecumenato em nossas comunidades? Ao contrário, reação regida pela lei do menor esforço: não vai dar certo!  

            Agora, como sabemos, os Bispos do Brasil introduziram a metodologia, a dinâmica e a pedagogia da Iniciação Cristã. Em certo sentido, é um esforço pastoral que chega com um atraso de, mais ou menos 50 anos. É uma resposta à necessidade de termos mais cristãos e não somente batizados, cristãos e cristãs que vivam a dinâmica do Evangelho como discípulos, discípulas e missionários.

 

Dois aspectos da teologia do Batismo e da Crisma

Os Sacramentos da Iniciação Cristã, como mencionado, são Batismo Crisma e Eucaristia. Destaque para o Batismo e Crisma, dois sacramentos que estabelecem relação direta com a Páscoa de Jesus Cristo e, consequentemente, com todo o Mistério Pascal de Jesus Cristo. Pela Liturgia do Batismo, o fiel torna-se participante da Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, como ensina Paulo (Cl 2,12). E, participando da Liturgia da Crisma, ele é confirmado na fé com o dom do Ressuscitado, o dom do Espírito Santo de Deus em sua vida, segundo a teologia paulina (2Cor 1,22).

Outra característica, creditada ao Batismo e Crisma, do ponto de vista teológico, é a impressão de caráter na vida dos celebrantes. Tanto o Batismo como a Crisma imprimem caráter, quer dizer, marcam a vida da pessoa para todo o sempre. A pessoa será batizada e crismada por toda a eternidade. Por isso, não existe outro Batismo válido, mesmo que seja batizado em outra Igreja cristã, por exemplo. Um só Batismo para a remissão dos pecados. Terá sempre em si a marca da Ressurreição de Cristo e o selo do Espírito Santo de Deus. Por isso, receber o Batismo e a Crisma significa assumir um compromisso eterno com Deus. Significa comprometer-se eternamente com Deus. Essa dimensão é muito clara em São Paulo na carta que escreve aos Coríntios (1Cor 12,13) e a Tito (Tt 3,5-7). 

Serginho Valle

Dezembro de 2020

 

Batismo

Do grego “baptizein”, com o significado de mergulhar-se, tomar banho, imergir dentro da água. No contexto da língua grega, o batismo era uma necessidade natural de higiene de lavar-se, tomar banho, limpar-se. No contexto religioso, tem o sentido de ablução. Todas as religiões têm ritos de ablução ou de purificação com água. Com João Batista, tal ato prevê um significado mais moral que ritual (Mt 3,6).  

Batismo cristão
Para ser eficaz, o Batismo deve ser obra divina de Cristo e do Espírito Santo (Jo 1,29). Desse modo, Jesus mergulhou — recebeu um Batismo — no abismo do mal e do sofrimento. Explicou a seus discípulos que precisava ser batizado e que se angustiava até que o mesmo se consumisse (Lc 12,50). Por sua Morte redentora, Jesus desceu (mergulhou)  na mansão dos mortos para reconduzir à superfície das águas todos que aceitam a Salvação. Se ele entrega sua vida é para retomá-la, para que a morte seja vencida e todos possam participar da sua plenitude (Jo 10,17; 1Cor 15,54).  
Para participar da vida de Jesus ressuscitado é preciso que os fiéis entrem participem, através do Batismo, no Mistério Pascal de Cristo (Rm 6,4). Batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28,19), a pessoa é mergulhada na Trindade Santa pela ação do Espírito Santo (1Cor 12,13) e destinada a participar da glória eterna.  
O Sacramento do Batismo faz a pessoa renascer para a vida divina, a qual se desenvolverá pela prática do discipulado cristão, especialmente cultivado e nutrido pela Palavra, pelo Evangelho, pelos Sacramentos e pela vida litúrgica
O Batismo só é recebido uma vez, porque imprime caráter. Por isso, a Igreja católica aceita o Batismo realizado naquelas Igrejas evangélicas que  batizam validamente.  

Rito do Batismo 
O rito do Batismo consta de uma Liturgia com os elementos próprios da Liturgia Católica: ritos iniciais, Liturgia da Palavra, Liturgia Sacramental e ritos finais.  
O rito sacramental é celebrado com o derramamento da água, ou pelo mergulho na água, acompanhado com a fórmula “eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Em cada uma das pessoas da Santíssima Trindade acontece a imersão na água ou o derramamento da água na cabeça da pessoa batizada.  

Matéria do Batismo 
A matéria do sacramento do Batismo, isto é, aquilo com o qual se batiza, é água corrente.  

Ministro do Batismo 
Nos primeiros tempos da Igreja, somente o Bispo era considerado ministro deste sacramento. Depois, o ministério passou a todos os sacerdotes e, atualmente, qualquer pessoa, até mesmo um não católico ou não cristão, pode batizar validamente, desde que faça aquilo que a Igreja exige.  

Celebração do Batismo 
A celebração do Batismo, do ponto de vista litúrgico, caracteriza-se como celebração alegre e familiar. Celebra-se o renascer da vida pela participação da vida divina.  Isto é motivo de alegria principalmente no contexto familiar da pessoa que é batizada.
É familiar porque toda a família do batizado é convidada a se fazer presente e a participar ativamente de todos os momentos celebrativos.  
Do ponto de vista litúrgico, é uma das celebrações mais movimentadas e que mais se serve da simbologia litúrgica. Isto faz com que seja uma celebração bonita, festiva, participativa e especialmente alegre.  
Serginho Valle  
Agosto 2017.  


Ministério do leitorato e espiritualidade

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