20 de jul. de 2016

Oremos – a coleta da Missa

Todos os ritos da Liturgia Eucarística são concluídos com uma oração denominada “coleta”. Assim, temos a coleta que conclui os ritos iniciais, aquela que conclui a Liturgia da Palavra, a coleta que conclui os ritos da apresentação e preparação das oferendas e a coleta que conclui os ritos da comunhão.
            A coleta que conclui os ritos iniciais é denominada, no Missal brasileiro, como “oração do dia”. A coleta começa com o convite para a oração feito pelo padre, seguido de um breve momento de silêncio. O mesmo rito se repete para a coleta dita “pós comunhão”. Já a coleta que conclui a Liturgia da Palavra é rezada depois da oração dos fiéis e, a coleta ofertorial, chamada “sobre as oferendas”, não contemplam o convite do presidente da celebração. Com exceção da coleta depois da oração dos fiéis, que o padre formula de acordo com o contexto celebrativo e as leituras da Missa, as demais coletas são propostas pela Igreja e se encontram no formulário de cada Missa.

Características da coleta
            Uma primeira característica é se tratar de uma oração presidencial. Isto significa que a oração é dirigida a Deus pelo presidente da celebração, o bispo ou o padre, em nome de toda assembléia. Os celebrantes participam da oração através do silêncio, seja antes da recitação da oração, seja no decurso da recitação da oração e, através do amém conclusivo. Não é uma oração para ser rezada por todos os celebrantes em conjunto. O mesmo é válido para a oração que conclui a oração dos fiéis, que trataremos mais detalhadamente em outra oportunidade.
            Outra característica é a sua composição. É uma oração dirigida ao Pai. Somente algumas poucas coletas são dirigidas a Jesus Cristo. Sendo dirigida ao Pai, contempla uma estrutura que, em latim, se denomina como “ad – per – in”. Traduzindo: ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo. É assim que se concluem as coletas: Por Cristo, na unidade do Espírito Santo.
            Sua estrutura é composta de quatro partes. Isto se verifica de modo especial na coleta inicial. Inicia-se com a invocação dirigida ao Pai, segue um atributo divino ou uma menção memorial breve, faça-se o pedido e a conclusão da coleta. Colocando de modo didático, citamos o exemplo da coleta do XXVI Domingo do Tempo Comum:

Invocação = “Ó Deus”
Memorial breve = que mostrais vosso poder sobretudo no perdão e na misericórdia,
Pedido = derramai sempre em nós a vossa graça, para que caminhando ao encontro de vossas promessas, alcancemos os bens que nos reservais.
Conclusão = Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!

            Por fim, outra característica da coleta é a sua fundamentação bíblica. Toda a coleta inspira-se em passagens bíblicas ou pensamentos bíblicos. Isto fez com que algumas conferências episcopais, como por exemplo a italiana, compusessem coletas especiais para cada Missa de acordo com os Anos A – B – C. No Brasil, esta proposta já existe, mas ainda não foi publicada em um novo Missal.

Processo comunicativo
O processo comunicativo da coleta inicia-se com o convite do padre para que todos se coloquem em atitude de oração, dizendo: “oremos”. Este convite pode ser feito tanto recitado como cantado. É importante que o mesmo não seja feito de modo mecânico, mas como um convite de quem deseja ser atendido naquilo que está solicitando: que os celebrantes coloquem-se em atitude orante.
Depois do convite, segue um momento de silêncio com duas finalidades práticas. A primeira delas é dar um tempo para que os celebrantes silenciem seus pensamentos e possam assumir uma postura de oração; entrar em clima de oração. Dependendo do ritmo do canto do Glória, se foi agitado com palmas, por exemplo, este tempo de silêncio poderá ser maior, para se ter o tempo necessário de silenciar o coração, a mente e o corpo para rezar. O segundo elemento prático do silêncio é possibilitar a cada celebrante apresentar a Deus uma intenção. Entende-se, portanto, que a leitura das intenções neste momento tira e impede a função do silêncio e, por isso não se deveria ler as intenções da Missa antes da oração coleta.
Da parte do padre, o modo de recitar ou cantar a oração coleta tem uma importância muito grande. Já comentei acima que se trata de uma oração presidencial, por isso feita somente pelo padre. Isto significa que o padre não apenas deve interpretar oracionalmente a coleta, mas realmente rezá-la. Uma vez que a coleta se caracteriza pela brevidade, o modo de rezá-la precisa ser mais pausado.
Se existe um modo de recitar oracionalmente a coleta, existe igualmente um modo de ouvir oracionalmente a oração coleta da Missa. Este modo é favorecido pelo silêncio que antecede à coleta e se prolonga no decorrer da sua recitação. Para tanto, é importante que o padre colabore com o “modus orandi” de recitar a coleta. Os celebrantes podem acompanhar oracionalmente a coleta colocando-se em atitude de escuta silenciosa acompanhando as palavras e fazendo-as próprias em suas mentes.
Serginho Valle

2016

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2 comentários:

  1. E quando é na celebração da palavra, o ministro pode cantar a oração do dia?

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  2. A caixinha da coleta que os fiéis faz durante a missa tem que ser colocado no altar ou pode ser deixado em outro local?

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