
A coleta que conclui os ritos iniciais é denominada, no
Missal brasileiro, como “oração do dia”. A coleta começa com o convite para a
oração feito pelo padre, seguido de um breve momento de silêncio. O mesmo rito
se repete para a coleta dita “pós comunhão”. Já a coleta que conclui a Liturgia
da Palavra é rezada depois da oração dos fiéis e, a coleta ofertorial, chamada
“sobre as oferendas”, não contemplam o convite do presidente da celebração. Com
exceção da coleta depois da oração dos fiéis, que o padre formula de acordo com
o contexto celebrativo e as leituras da Missa, as demais coletas são propostas
pela Igreja e se encontram no formulário de cada Missa.
Características da
coleta
Uma primeira característica é se tratar de uma oração
presidencial. Isto significa que a oração é dirigida a Deus pelo presidente da
celebração, o bispo ou o padre, em nome de toda assembléia. Os celebrantes
participam da oração através do silêncio, seja antes da recitação da oração,
seja no decurso da recitação da oração e, através do amém conclusivo. Não é uma
oração para ser rezada por todos os celebrantes em conjunto. O mesmo é válido
para a oração que conclui a oração dos fiéis, que trataremos mais
detalhadamente em outra oportunidade.
Outra característica é a sua composição. É uma oração
dirigida ao Pai. Somente algumas poucas coletas são dirigidas a Jesus Cristo.
Sendo dirigida ao Pai, contempla uma estrutura que, em latim, se denomina como
“ad – per – in”. Traduzindo: ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo. É assim que
se concluem as coletas: Por Cristo, na unidade do Espírito Santo.
Sua estrutura é composta de quatro partes. Isto se
verifica de modo especial na coleta inicial. Inicia-se com a invocação dirigida
ao Pai, segue um atributo divino ou uma menção memorial breve, faça-se o pedido
e a conclusão da coleta. Colocando de modo didático, citamos o exemplo da
coleta do XXVI Domingo do Tempo Comum:
Invocação = “Ó Deus”
Memorial breve = que mostrais
vosso poder sobretudo no perdão e na misericórdia,
Pedido = derramai
sempre em nós a vossa graça, para que caminhando ao encontro de vossas
promessas, alcancemos os bens que nos reservais.
Conclusão = Por nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
Por fim, outra característica da coleta é a sua
fundamentação bíblica. Toda a coleta inspira-se em passagens bíblicas ou
pensamentos bíblicos. Isto fez com que algumas conferências episcopais, como
por exemplo a italiana, compusessem coletas especiais para cada Missa de acordo
com os Anos A – B – C. No Brasil, esta proposta já existe, mas ainda não foi
publicada em um novo Missal.
Processo comunicativo
O
processo comunicativo da coleta inicia-se com o convite do padre para que todos
se coloquem em atitude de oração, dizendo: “oremos”. Este convite pode ser feito
tanto recitado como cantado. É importante que o mesmo não seja feito de modo
mecânico, mas como um convite de quem deseja ser atendido naquilo que está
solicitando: que os celebrantes coloquem-se em atitude orante.
Depois
do convite, segue um momento de silêncio com duas finalidades práticas. A
primeira delas é dar um tempo para que os celebrantes silenciem seus
pensamentos e possam assumir uma postura de oração; entrar em clima de oração.
Dependendo do ritmo do canto do Glória, se foi agitado com palmas, por exemplo,
este tempo de silêncio poderá ser maior, para se ter o tempo necessário de
silenciar o coração, a mente e o corpo para rezar. O segundo elemento prático
do silêncio é possibilitar a cada celebrante apresentar a Deus uma intenção.
Entende-se, portanto, que a leitura das intenções neste momento tira e impede a
função do silêncio e, por isso não se deveria ler as intenções da Missa antes
da oração coleta.
Da
parte do padre, o modo de recitar ou cantar a oração coleta tem uma importância
muito grande. Já comentei acima que se trata de uma oração presidencial, por
isso feita somente pelo padre. Isto significa que o padre não apenas deve
interpretar oracionalmente a coleta, mas realmente rezá-la. Uma vez que a
coleta se caracteriza pela brevidade, o modo de rezá-la precisa ser mais
pausado.
Se
existe um modo de recitar oracionalmente a coleta, existe igualmente um modo de
ouvir oracionalmente a oração coleta da Missa. Este modo é favorecido pelo
silêncio que antecede à coleta e se prolonga no decorrer da sua recitação. Para
tanto, é importante que o padre colabore com o “modus orandi” de recitar a
coleta. Os celebrantes podem acompanhar oracionalmente a coleta colocando-se em
atitude de escuta silenciosa acompanhando as palavras e fazendo-as próprias em
suas mentes.
Serginho Valle
2016
E quando é na celebração da palavra, o ministro pode cantar a oração do dia?
ResponderExcluirA caixinha da coleta que os fiéis faz durante a missa tem que ser colocado no altar ou pode ser deixado em outro local?
ResponderExcluir