19 de mai. de 2017

Audemus dicere: Pater noster

Segundo dados da História da Liturgia, o Pai nosso entrou na celebração Eucarística da Liturgia Romana por volta do século III. Hoje, a Oração do Senhor, na Liturgia Romana, encontra-se na Eucaristia e nas celebrações de todos os sacramentos, na celebração da Liturgia das Horas e nas celebrações dos sacramentais. 
Quanto ao momento do rito do Pai Nosso, na diferentes Liturgias Eucarísticas existe uma variedade considerável. Na nossa Liturgia Romana, por exemplo, o rito do Pai Nosso é realizado depois da Oração Eucarística, iniciando os ritos preparatórios da comunhão. Dizem os historiadores da Liturgia, que o mesmo o Pai Nosso foi colocado neste momento da Missa pelo Papa Gregório Magno. Na Liturgia Mossarabe era recitado depois da “fractio Panis” (fração do pão), na Liturgia Ambrosiana, depois de colocar o pão dentro do vinho (comixtio). Nas Liturgias Orientais, tem seu lugar (quase sempre) depois da fração do pão.
Uma curiosidade histórica, a introdução do convite ao Pai Nosso, na Missa, teria sido iniciada por Santo Agostinho, dizendo: “praeceptis salutaribus moniti...” até se dizer, como ainda hoje acontece: “audemos dicere: Pater noster” (ousamos dizer: Pai nosso).

Proposta comunicativa  
Do ponto de vista ritual, o Pai Nosso é introduzido por um convite. Ressalto que, sendo convite — e não monição — é uma fórmula breve, como é próprio de um convite no rito litúrgico, feito com poucas palavras.
O Missal de Pio V tem uma única fórmula:Præceptis salutaribus moniti, et divina institutione formati, audemus dicere: Pater noster” O Missal de Paulo VI conservou a mesma fórmula e introduziu novas fórmulas e, através de tais fórmulas, abriu a possibilidade de se servir da criatividade litúrgica para formular o convite à assembléia para juntos rezarem a Oração ensinada por Jesus
O exercício da criatividade litúrgica, na Oração do Pai Nosso, inspira-se na Palavra proclamada em cada celebração ou no contexto celebrativo de cada Missa. Assim, se a Palavra faz referência à humildade, o convite poderá ser formulado com um pensamento que faça referência à humildade. Se o contexto celebrativo for missionário, então o convite poderá fazer referência à missionariedade. Um exemplo: “Com o coração humilde rezemos juntos a oração que o Senhor nos ensinou:...” Outro exemplo: “Chamados a ser missionários e missionárias em nossa sociedade, elevemos nossa oração ao Pai como Jesus nos ensinou:...”
Uma vez que nossa abordagem, aqui no blogger, contempla o aspecto comunicativo, volto a insistir que o presidente faz um convite e não uma monição; e, muito menos, um mini-sermão. Transformar o convite ao Pai nosso em falatório é criar um ruído, do ponto de vista comunicativo. 

Modo de rezar  
A Liturgia propõe a oração do Pai Nosso em forma recitativa ou cantada. Nas celebrações mais solenes, bem como naquelas dominicais, é comum cantar o Pai Nosso. Nas celebrações semanais e similares a estas, o Pai Nosso é recitado. Em algumas comunidades existe o costume de rezar o Pai Nosso gesticulando cada passagem do mesmo, elevando as mãos para o alto (Pai nosso, que estais nos céus) ... colocando a mão no coração (perdoai as nossas ofensas). É um modo de rezar que pode ser pedagógico especialmente importante para as crianças.
A conclusão do Pai Nosso, na Liturgia da Missa, não acontece com o “amém”, pois a oração continua com um embolismo e se conclui com a aclamação do poderio e da glória divina para sempre. Sobre este tema, tratarei no próximo artigo. 
Serginho Valle 
2017 


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