
Considero que são quatro ritos e
cada qual com um modo próprio de fazer comunhão. Assim, antes de se participar
da Mesa da Comunhão Eucarística, a Liturgia remete à comunhão na e pela fraternidade através da oração em comum, da paz e da
partilha do pão.
Cada um desses ritos faz referência a um modo de comungar a vida humana, antes
de comungar a vida divina, através da fraternidade. A ausência de comunhão
fraterna, em si, impossibilita comungar a vida divina, uma vez que ninguém pode
amar (fazer comunhão) a Deus que não vê se não ama (não faz comunhão) com o
irmão e a irmã que vê (1Jo 4,20).
Caso alguém se arvora em querer
rezar sozinho e não como comunidade e em comunidade, não está em condições para participar da Mesa do Senhor, que
acolhe aqueles que vivem na fraternidade por termos um Pai em comum e por sermos irmãos e irmãs uns dos outros. A Comunhão Eucarística não
é um momento religioso isolado num rito litúrgico, mas é consequência do modo
de viver a fraternidade cristã. Por isso, o convite para a oração do Pai nosso
sempre é feita no plural, também porque o Pai nosso é oração comunitária (na
primeira pessoa do plural) e não pessoal.
Se alguém é incapaz de comungar a
paz do outro ou nem mesmo ter a paz consigo para partilha-la com quem celebra a Eucaristia com ele, da mesma
forma se apresenta impedido de participar da comunhão Eucarística. Se se tiver algo contra o irmão ou
irmã (não está em paz com o outro), ensina Jesus, a oferta deverá ser deixada
aos pés do altar e não oferecida, por faltar comunhão fraterna na partilha da
paz (Mt 5,24).
Quem, por fim, jamais reparte o pão
com quem tem fome ou em sua própria família, não é digno de se aproximar da Mesa Eucarística, porque a Mesa da Comunhão
comporta a partilha do pão, acompanhado pelo canto do “Agnus Dei” (Cordeiro de
Deus). Foi na partilha do pão que os discípulos de Emaús reconheceram Jesus
ressuscitado (Lc 24,31.35), por isso, quem não o conhece na partilha do pão com
os irmãos e irmãs não se torna digno de participar da Comunhão Eucarística.
Em base a tais acenos, podemos atribuir aos ritos que
preparam a Comunhão Eucarística a dimensão vivencial e relacional através da
fraternidade e que exige a fraternidade. Nisto
se pode verificar também uma dimensão moral, no sentido que não basta estar
presente na Missa para comungar a Eucaristia, mas que esta só pode acontecer se
tiver o aval da fraternidade.
A partir desse pressuposto, vamos analisar cada um
dos ritos em particular.
Serginho
Valle
2017
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