Os
ritos finais da Missa, como em todos os Sacramentos, são marcados pela
brevidade. No caso da Missa, consta praticamente de um rito
invocativo de bênção. Acrescente-se ainda um momento para as comunicações
comunitárias e o envio.
Embora
seja costume cantar um "canto final", como se diz, não se contempla
nenhuma canção nas orientações da Instrução Geral do Missal Romano (IGMR). Depois
do envio, os celebrantes são convidados a se retirarem da igreja. Direi uma
palavra sobre o canto final, na conclusão deste artigo.
Avisos
paroquiais
Os avisos paroquiais estão previstos
na IGMR 166. O texto não fala de “avisos paroquiais”, como dizemos, mas “breves
comunicações”. São comunicados breves, portanto, daquilo que deverá acontecer
na comunidade.
Comunicações breves e
compreensíveis. Isto significa considerar o tema da comunicação, a data da realização,
o horário e o local, quando isto for necessário. Outras comunicações, como
aqueles de organização comunitária, obedece o mesmo critério de objetividade.
Quanto ao momento das comunicações,
este deve acontecer após a oração depois da comunhão. Isto significa que é a
oração depois da comunhão que conclui o Rito da Comunhão e não os “avisos
paroquiais”. O ideal, como já fazem algumas comunidades, que os “avisos
paroquiais” sejam comunicados depois da bênção final.
Compromisso
concreto
Não
consta nas IGMR nenhuma indicação de compromisso concreto. Quem acompanha
minhas propostas celebrativas pelo site do Serviço de Animação
Litúrgica – SAL (www.liturgia.pro.br) – está acostumado com uma orientação de
"compromisso concreto" depois da oração pós-comunhão.
Na
prática, o compromisso concreto da celebração é proposto na homilia e pela
homilia. Nada obsta, contudo, que depois da comunhão, depois de se comprometer
com a proposta comungada na Mesa da Palavra, seja confirmado ou reproposto o
compromisso que se assume concretamente em cada celebração. Um fundamento evangélico
para tal finalidade encontra-se na conclusão da parábola do Bom Samaritano,
quando o doutor da Lei responde quem foi o próximo do homem caído por terra; Jesus
conclui dizendo: “vai e faça você o mesmo” (Lc 10,37). Este é o sentido que
deveria ser dado, inclusive, a todo envio conclusivo da Missa: “vai e viva
aquilo que você ouviu e comungou na celebração”. É o compromisso concreto
presente em cada celebração para melhor viver o discipulado no cotidiano.
Em
algumas celebrações, o compromisso concreto tem caráter pessoal, em outras tem
caráter comunitário e, em algumas tem até mesmo caráter pastoral. Se uma
Palavra, por exemplo, proclamar o cuidado para com doentes, o compromisso
concreto poderá propor um incentivo à Pastoral da Saúde.
Rito
de bênção
O
rito de bênção é proposto pelo Missal em três modalidades: simples, oração
sobre o povo e solene.
A
bênção simples é feita com a saudação do "Senhor esteja
convosco", seguida da fórmula "abençoe-vos", com o padre
traçando o Sinal da Cruz sobre a assembléia, e cada celebrante traça
o Sinal da Cruz sobre seu corpo.
A
bênção com a “oração sobre o povo” segue a mesma dinâmica, mas conta com a
inclusão de uma invocação orante em favor dos celebrantes ou em favor da
comunidade ou, ainda em favor da Igreja. Há uma riqueza de intenções muito
grande nas “orações sobre o povo” que merecem ser exploradas pelos padres e
pelas equipes de celebrações.
A
bênção solene, além da invocação de "o Senhor esteja convosco",
é formulada com três invocações, das quais os celebrantes participam com um
amém depois de cada intercessão. Segue-se depois o Sinal da Cruz traçado sobre
os celebrantes. Também neste caso, existe uma grande riqueza de
intenções, como referido para as “orações sobre o povo”.
Pessoalmente,
considero as fórmulas propostas pelo Missal muito ricas em conteúdo. Como nem
sempre correspondem ao contexto celebrativo de cada Domingo, as mesmas podem
ser criadas, inspirando-se na Palavra proclamada em cada celebração. Assim, se
a Palavra leva a contextualizar a celebração comprometendo os celebrantes com o
projeto do Reino, a invocação de bênção será realizada neste temário. É
preciso, contudo, manter-se fiel ao estilo próprio do Missal Romano para o rito
de bênção e não fazer de cada invocação um pequeno discurso ou incluir
invocações devocionais ou sentimentais.
Envio
e conclusão
A
conclusão da Missa acontece com uma fórmula de envio, feita pelo diácono,
quando este estiver presente. Na ausência do diácono é o padre quem faz o envio
com uma fórmula do Missal ou criada por ele próprio.
O
envio poderá ser feito de modo simples, com a tradicional fórmula do "ite Missa
est", traduzido para o português com "ide em paz, a Missa
terminou". O Missal propõe outras fórmulas de envio que merecem
ser consideradas. Além destas fórmulas, como apenas dito, seria interessante que
o padre ou o diácono crie uma fórmula de envio a partir do contexto celebrado,
iluminando-se na Palavra da celebração. Vale o lembrete que, como dito para as
fórmulas de bênção, não seja um breve discurso, mas uma frase no estilo
litúrgico próprio do Missal.
Canto
final
Como adiantado acima, a IGMR não
propõe um canto para acompanhar o final da Missa. A orientação para a conclusão
da celebração propõe a bênção e o envio (IMGR 168-170). Conclui dizendo que
após a bênção, o padre beija o altar e todos se retiram.
É
equivocado, portanto, do ponto de vista litúrgico, aquele costume de alguns
padres convidarem a cantar o canto final antes da bênção. Equivocado, primeiro,
porque não existe “canto final” e, depois, porque a IGMR orienta a deixar a
igreja sem cantar após o envio.
Mas,
o canto pode existir sim, como canto de acompanhamento da dissolvência da
assembléia. Neste caso, trata-se de um canto relacionado à Palavra da
celebração ou, até mesmo, que reforce o compromisso concreto, proposto na
homilia, por exemplo. Em algumas celebrações, como aquelas de memória ou de
festa, canta-se uma canção relativa à memória ou festa litúrgica.
Nossa
Senhora, santos e santas
Muitas comunidades introduziram a
oração da Ave Maria ou uma antífona mariana, como a “Salve Regina” (Salve
Rainha) ou outra antífona conhecida. Isso ganhou mais peso com o dado
devocional de Papa Francisco após a Missa, de rezar aos pés da imagem de Nossa
Senhora.
Nada contra esta prática, desde que
se considere que a mesma aconteça depois da bênção final. A questão é teológica-litúrgica.
Na celebração litúrgica a Igreja dirige suas preces, louvores e adoração
unicamente ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo. Não dirige a Nossa Senhora e
nem aos santos e santas. Por isso, seja observado este princípio (inclusive na
Oração dos fiéis) e preste-se homenagem a Nossa Senhora (ou a algum santo ou
santa) depois da bênção final.
Conclusão
Esta conclusão diz respeito a todos os
artigos de cada uma das partes da Missa a partir do processo comunicativo
litúrgico-celebrativo publicados aqui no blogger. Isso significa que meu ponto
de vista tem a proposta de ajudar a comunicar-se de modo litúrgico e
celebrativo. Reconheço que o tema não é muito aprofundado, como proposto aqui
no blogger, uma vez que optei por textos simples e breves, como é próprio da
linguagem do blogger. Mas, que isso sirva de motivação para aprofundamentos em
estudos e debates promovidos pela Pastoral Litúrgica de cada comunidade.
Serginho Valle
Setembro de 2017
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