15 de set. de 2017

Ritos finais da Missa

Os ritos finais da Missa, como em todos os Sacramentos, são marcados pela brevidade. No caso da Missa, consta praticamente de um rito invocativo de bênção. Acrescente-se ainda um momento para as comunicações comunitárias e o envio.
Embora seja costume cantar um "canto final", como se diz, não se contempla nenhuma canção nas orientações da Instrução Geral do Missal Romano (IGMR). Depois do envio, os celebrantes são convidados a se retirarem da igreja. Direi uma palavra sobre o canto final, na conclusão deste artigo. 

Avisos paroquiais
            Os avisos paroquiais estão previstos na IGMR 166. O texto não fala de “avisos paroquiais”, como dizemos, mas “breves comunicações”. São comunicados breves, portanto, daquilo que deverá acontecer na comunidade.
            Comunicações breves e compreensíveis. Isto significa considerar o tema da comunicação, a data da realização, o horário e o local, quando isto for necessário. Outras comunicações, como aqueles de organização comunitária, obedece o mesmo critério de objetividade.
            Quanto ao momento das comunicações, este deve acontecer após a oração depois da comunhão. Isto significa que é a oração depois da comunhão que conclui o Rito da Comunhão e não os “avisos paroquiais”. O ideal, como já fazem algumas comunidades, que os “avisos paroquiais” sejam comunicados depois da bênção final.

Compromisso concreto 
Não consta nas IGMR nenhuma indicação de compromisso concreto. Quem acompanha minhas propostas celebrativas pelo site do Serviço de Animação Litúrgica – SAL (www.liturgia.pro.br)  – está acostumado com uma orientação de "compromisso concreto" depois da oração pós-comunhão.
Na prática, o compromisso concreto da celebração é proposto na homilia e pela homilia. Nada obsta, contudo, que depois da comunhão, depois de se comprometer com a proposta comungada na Mesa da Palavra, seja confirmado ou reproposto o compromisso que se assume concretamente em cada celebração. Um fundamento evangélico para tal finalidade encontra-se na conclusão da parábola do Bom Samaritano, quando o doutor da Lei responde quem foi o próximo do homem caído por terra; Jesus conclui dizendo: “vai e faça você o mesmo” (Lc 10,37). Este é o sentido que deveria ser dado, inclusive, a todo envio conclusivo da Missa: “vai e viva aquilo que você ouviu e comungou na celebração”. É o compromisso concreto presente em cada celebração para melhor viver o discipulado no cotidiano.
Em algumas celebrações, o compromisso concreto tem caráter pessoal, em outras tem caráter comunitário e, em algumas tem até mesmo caráter pastoral. Se uma Palavra, por exemplo, proclamar o cuidado para com doentes, o compromisso concreto poderá propor um incentivo à Pastoral da Saúde. 

Rito de bênção 
O rito de bênção é proposto pelo Missal em três modalidades: simples, oração sobre o povo e solene. 
A bênção simples é feita com a saudação do "Senhor esteja convosco", seguida da fórmula "abençoe-vos", com o padre traçando o Sinal da Cruz sobre a assembléia, e cada celebrante traça o Sinal da Cruz sobre seu corpo.
A bênção com a “oração sobre o povo” segue a mesma dinâmica, mas conta com a inclusão de uma invocação orante em favor dos celebrantes ou em favor da comunidade ou, ainda em favor da Igreja. Há uma riqueza de intenções muito grande nas “orações sobre o povo” que merecem ser exploradas pelos padres e pelas equipes de celebrações.
A bênção solene, além da invocação de  "o Senhor esteja convosco", é formulada com três invocações, das quais os celebrantes participam com um amém depois de cada intercessão. Segue-se depois o Sinal da Cruz traçado sobre os celebrantes.  Também neste caso, existe uma grande riqueza de intenções, como referido para as “orações sobre o povo”.
Pessoalmente, considero as fórmulas propostas pelo Missal muito ricas em conteúdo. Como nem sempre correspondem ao contexto celebrativo de cada Domingo, as mesmas podem ser criadas, inspirando-se na Palavra proclamada em cada celebração. Assim, se a Palavra leva a contextualizar a celebração comprometendo os celebrantes com o projeto do Reino, a invocação de bênção será realizada neste temário.  É preciso, contudo, manter-se fiel ao estilo próprio do Missal Romano para o rito de bênção e não fazer de cada invocação um pequeno discurso ou incluir invocações devocionais ou sentimentais.

Envio e conclusão
A conclusão da Missa acontece com uma fórmula de envio, feita pelo diácono, quando este estiver presente. Na ausência do diácono é o padre quem faz o envio com uma fórmula do Missal ou criada por ele próprio.
O envio poderá ser feito de modo simples, com a tradicional fórmula do "ite Missa est", traduzido para o português com "ide em paz, a Missa terminou".  O Missal propõe outras fórmulas de envio que merecem ser consideradas. Além destas fórmulas, como apenas dito, seria interessante que o padre ou o diácono crie uma fórmula de envio a partir do contexto celebrado, iluminando-se na Palavra da celebração. Vale o lembrete que, como dito para as fórmulas de bênção, não seja um breve discurso, mas uma frase no estilo litúrgico próprio do Missal.

Canto final
            Como adiantado acima, a IGMR não propõe um canto para acompanhar o final da Missa. A orientação para a conclusão da celebração propõe a bênção e o envio (IMGR 168-170). Conclui dizendo que após a bênção, o padre beija o altar e todos se retiram.
É equivocado, portanto, do ponto de vista litúrgico, aquele costume de alguns padres convidarem a cantar o canto final antes da bênção. Equivocado, primeiro, porque não existe “canto final” e, depois, porque a IGMR orienta a deixar a igreja sem cantar após o envio.  
Mas, o canto pode existir sim, como canto de acompanhamento da dissolvência da assembléia. Neste caso, trata-se de um canto relacionado à Palavra da celebração ou, até mesmo, que reforce o compromisso concreto, proposto na homilia, por exemplo. Em algumas celebrações, como aquelas de memória ou de festa, canta-se uma canção relativa à memória ou festa litúrgica.

Nossa Senhora, santos e santas
            Muitas comunidades introduziram a oração da Ave Maria ou uma antífona mariana, como a “Salve Regina” (Salve Rainha) ou outra antífona conhecida. Isso ganhou mais peso com o dado devocional de Papa Francisco após a Missa, de rezar aos pés da imagem de Nossa Senhora.  
            Nada contra esta prática, desde que se considere que a mesma aconteça depois da bênção final. A questão é teológica-litúrgica. Na celebração litúrgica a Igreja dirige suas preces, louvores e adoração unicamente ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo. Não dirige a Nossa Senhora e nem aos santos e santas. Por isso, seja observado este princípio (inclusive na Oração dos fiéis) e preste-se homenagem a Nossa Senhora (ou a algum santo ou santa) depois da bênção final.


Conclusão
            Esta conclusão diz respeito a todos os artigos de cada uma das partes da Missa a partir do processo comunicativo litúrgico-celebrativo publicados aqui no blogger. Isso significa que meu ponto de vista tem a proposta de ajudar a comunicar-se de modo litúrgico e celebrativo. Reconheço que o tema não é muito aprofundado, como proposto aqui no blogger, uma vez que optei por textos simples e breves, como é próprio da linguagem do blogger. Mas, que isso sirva de motivação para aprofundamentos em estudos e debates promovidos pela Pastoral Litúrgica de cada comunidade.
Serginho Valle
Setembro de 2017


← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário

Participe. Deixe seu comentário aqui.