A
Instrução Geral do Missal Romano, n. 313, pede que as celebrações não sejam
improvisadas. Uma espécie de aviso para compreender que, na Liturgia, nada deve
ser feito de improviso e, ainda mais, que a improvisação jamais deveria ter
lugar em nossas comunidades. Improvisação indica desleixo, relaxamento. Se
considerarmos que as celebrações são o espelho da comunidade, entende-se que
celebrações improvisadas indicam comunidades desleixadas. Para evitar esse
mal-estar, existe a necessidade de organização, espiritualidade e formação.
Em
minhas andanças pelo Brasil, no tempo que ministrava cursos de Liturgia,
encontrei padres, diáconos e leigos que colocavam resistência para implantar a
Pastoral Litúrgica organizada na Paróquia. A realidade, infelizmente, era esta:
existiam pessoas que não queriam, e faziam de tudo para impedir a organização
da Pastoral Litúrgica na comunidade paroquial. Confesso que não consigo fazer
uma avaliação profunda da realidade atual, mas espero que isso tenha mudado.
Eu
publiquei pela Loyola, anos atrás, um livro chamado “Pastoral Litúrgica, uma proposta um caminho”. A editora tirou o
livro de circulação e eu o republiquei em formato de ebook, que pode ser
encontrado no meu site – www.liturgia.pro.br
-. Outros autores também trabalharam este tema da organização da Pastoral
Litúrgica Paroquial (PLP). A CNBB, inclusive lançou uma espécie de manual — “Guia Litúrgico-Pastoral” — no ano de
2006, com indicações claras da organização da PLP. Quer dizer, material existe.
A
organização da Pastoral Litúrgica Paroquial não é um capricho próprio ou uma
moda passageira na Igreja. A organização da Pastoral Litúrgica obedece a uma
hierarquia organizacional que tem como cabeça o Vaticano, passa pelas
Conferências Episcopais de cada país, passa pelas Igrejas particulares até
chegar nas comunidades paroquiais. Este esquema está bem descrito na
Sacrosanctum Concilium (Cf. SC 43-46). Por isso, não ter a Pastoral Litúrgica
organizada é sinal de comunidade marcando passo há bom tempo.
Em
se tratando de PLP, sempre gosto de lembrar que quem trabalha com a Pastoral
Litúrgica e, de modo particular, quem fará parte da Equipe Litúrgica, não terá
muito tempo para atuar em outras pastorais, pois os trabalhos serão muitos:
reuniões, formação, planejamento, celebrações especiais.... Quem entra na PLP
deve estar preparado e consciente que terá muito trabalho pela frente.
Os aspectos que
ressaltei neste primeiro momento têm o objetivo de mostrar, em linhas gerais, o
contexto pastoral em que se está entrando. Considerar que se trata de uma
Pastoral que se caracteriza como prioritária na Paróquia e que não se resume em
listas de atividades — quem fará leituras, por exemplo — colada na parede da
sacristia, como infelizmente ainda se vê em algumas paróquias. É preciso ter
consciência que boa vontade é ótima e até necessária, mas não resolve os
problemas. Para que a Pastoral Litúrgica Paroquial seja eficaz e proativa, há
necessidade de pessoas que se disponham a fazer um caminho de formação, de
estudos e de espiritualidade para não trocar os pés pelas mãos na condução das
atividades da Liturgia Paroquial. Pessoas que sejam capazes de realizar um
planejamento, por exemplo, para alcançar objetivos específicos da PLP de cada
comunidade. Pessoas, principalmente, que amam a Liturgia e a entendem como
culto de louvor e adoração a Deus e como caminho evangelizador da comunidade.
Serginho Valle
Setembro de 2017
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