Entre
os gestos incluem-se também as ações e as procissões realizadas pelo sacerdote
com o diácono e os ministros ao se aproximarem do altar; pelo diácono antes da
proclamação do Evangelho ou ao levar o Livro dos evangelhos ao ambão; dos
fiéis, ao levarem os dons e enquanto se aproximam da Comunhão. Convém que tais
ações e procissões sejam realizadas com dignidade, enquanto se executam cantos
apropriados, segundo as normas estabelecidas para cada uma (IGMR 44)
Pode parecer que não, mas a celebração
da Missa não acontece num mesmo local; realiza-se em lugares diferentes,
deslocando-se em pequenas caminhadas processionais. Inicia-se na porta da
igreja, vai até o altar e dali até a cadeira de quem preside. Sai da cadeira
presidencial para ir até o altar e, de lá até o ambão. Volta para a cadeira
presidencial, de onde se preside a Profissão de fé e, dirige-se ao ambão para
se proclamar a oração dos fiéis. Volta para o centro da igreja, de onde os
celebrantes levam as ofertas ao altar. Depois da grande ação de graças, proclamada
na Oração Eucarística, do altar dirige-se ao centro da igreja para a partilha
da comunhão Eucarística. Não se contempla, depois da despedida e encerramento
da Missa, uma procissão de retorno, nas Instruções Gerais do Missal Romano
(IGMR).
Todas estas procissões e deslocamentos
são atitudes rituais, que encontram sentido diferente em cada celebração
Eucarística através das canções. Assim, por exemplo, a procissão das oferendas,
em cada Missa, tem um sentido diferente e um motivo que possibilita ou impede
de se entrar na procissão das oferendas e apresentar as ofertas no altar da
comunidade (cf. Mt 5,23-24).
A IGMR 44 descreve as procissões no
contexto da gestualidade. Nossas reflexões, no blogger, consideram as
procissões como expressões comunicativas. Passam a mensagem de uma assembléia
em movimento, imagem visível de um povo a caminho que vai ao encontro de Jesus
Cristo, simbolizado no altar e, do altar se alimenta com o alimento divino. O
fato que todas as procissões se dirigirem ao altar e do altar partirem é uma
mensagem importante, indicação de uma Igreja que sempre caminha ao encontro de
Jesus Cristo. De outro lado, é do altar, de Jesus Cristo, que se parte para
alimentar os celebrantes com a vida divina, presente na Palavra e presente no
Sacramento da Eucaristia. Indicação que a Igreja e os celebrantes da Eucaristia
têm como centro da vida o altar, mesa que alimenta o povo de Deus com a vida
divina, como proclama o embolismo do Prefácio da Santíssima Eucaristia, I: “Sua carne imolada por nós, é o alimento que
nos fortalece. Seu Sangue, por nós derramado, é a bebida que nos purifica”.
E, como diz ainda o Prefácio da Páscoa V: “revelando-se
ao mesmo tempo, sacerdote, altar e cordeiro.” Entende-se, assim, o axioma
teológico: a Igreja faz a Eucaristia e a Eucaristia faz a Igreja.
Modo comunicativo-litúrgico das
procissões
O modo de caminhar comunica o motivo
pelo qual a Igreja aproxima-se do altar, na procissão inicial. Convido a reler,
neste blogger, um artigo que escrevi sobre a procissão de entrada com o título “Acolhamos o celebrante”. A procissão de
entrada não é um desfile que, ao passar pelo centro da igreja, vai-se
cumprimentando e acenando para os celebrantes. É um caminhar de toda a Igreja
ao encontro do altar, representada no padre e nos ministros que dela tomam
parte.
A procissão do Evangeliário realiza-se
de modo solene, ostentando o Livro para que todos o vejam, ladeado por duas
velas. Pede um caminhar solene, que comunique o momento alto da Liturgia da
Palavra, que a proclamação Evangelho. No Brasil, em celebrações mais festivas,
a procissão do Evangeliário acontece com coreografias de dança litúrgica, para
acolher e aclamar Jesus Cristo que anuncia seu Evangelho entre nós.
A procissão ofertorial caracteriza-se
pela espontaneidade, no sentido de ser uma procissão mais livre. Considerando a
sequência ritual, primeiro, os celebrantes deveriam levar suas ofertas e
coloca-las aos pés do altar, depois viriam as oferendas eucarísticas levadas
processionalmente por representantes da assembléia celebrante. Uma vez que as
ofertas do povo (dinheiro ou espécies) e as ofertas da Igreja (pão, vinho e
água) estiverem próximos do altar e no altar, então sim o padre realiza o rito
da preparação e apresentação das oferendas. No modo como acontece atualmente,
em muitas comunidades, são três ritos acumulados: procissão das ofertas,
procissão dos celebrantes e apresentação das oferendas. Uma observação: sendo
uma procissão que se endereça ao altar, é estranho que oferentes parem rezando
na cesta das ofertas, como verificado em algumas comunidades. As cestas não são
locais de oração, pois têm serventia prática e não representativa do altar.
Por fim, a procissão para a comunhão
Eucarística. Comunicativamente, é muito expressiva em sua mensagem. Mensagem de
um povo que caminha ao encontro de Cristo para ser alimentado pelo próprio
Senhor e mensagem de uma Igreja que, com seus ministros, padre em primeiro
lugar, se dirige ao povo para alimentá-lo com a Eucaristia. Disto se deduz ser
estranho o fato do padre não distribuir a Eucaristia, na comunhão, mas delegar
este ministério litúrgico somente aos ministros extraordinários da comunhão
Eucarística.
Serginho Valle
2016
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