O
Tempo Pascal inicia-se na segunda-feira da Oitava da Páscoa e conclui-se no
Domingo de Pentecostes. Alguns autores consideram o início do Tempo Pascal na
conclusão da Oitava da Páscoa. De minha parte, proponho o período do Tempo
Pascal a partir da segunda-feira da Oitava da Páscoa.
Oitava
da Páscoa
A
Oitava da Páscoa é um período de oito dias, como sugerido pela terminologia,
que, liturgicamente, é celebrado como um único dia de festa. Do ponto de vista
celebrativo, a Oitava da Páscoa tem a finalidade de prolongar a alegria pascal
por oito dias, um significado indicativo da alegria espiritual que invade a
Igreja com a vitória da vida sobre a morte, na Ressurreição de Jesus.
Segundo
e terceiro Domingos do Tempo Pascal - A
Os
dois primeiros Domingos do Tempo Pascal, no Ano A, depois da Oitava da Páscoa,
proclamam o Evangelho que anuncia quatro dons pascais: o Espírito Santo, a fé,
a Eucaristia e o anuncio evangelizador. Sobre as demais leituras e, igualmente,
sobre os demais Domingos pascais, dos Anos B e C, tratarei em outra
oportunidade.
No
2º Domingo da Páscoa - A, o inicio do Evangelho relata o dom do Espírito Santo,
indicativo de que de ora em diante eles seriam guiados e orientados pelo Espírito
do Ressuscitado. Na segunda parte, o Evangelho propõe o encontro de Jesus com
Tomé e a bem-aventurança de crer sem ver. Uma catequese que coloca as condições
existenciais para abrir-se à condução do Espírito Santo, que perdoa e reconcilia,
que faz viver de modo novo com a luz da fé.
Indo
para o 3º Domingo da Páscoa – A, o dom pascal é a Eucaristia, relatada no belo
episódio dos Discípulos de Emaús. No caminho até Emaús, Jesus fala das
Escrituras; é a Liturgia da Palavra. Na chegada em Emaús, Jesus reparte o pão e
toma o vinho; é a Ceia Eucarística, o local onde nos encontramos com o
Ressuscitado. Desta ceia, decorre um quarto dom pascal: a missão
evangelizadora, representada na volta dos discípulos a Jerusalém para
testemunhar: “Jesus ressuscitou e partilhou a Palavra e o pão conosco”.
Quarto
e quinto Domingos do Tempo Pascal – A
O 4º Domingo da Páscoa – A é
denominado de “Domingo do Bom Pastor”. Em todos os Anos A – B – C, o Evangelho
relata a figura do Bom Pastor com matizes diferentes. No nosso caso específico,
do Tempo Pascal – A, o Bom Pastor é Jesus ressuscitado, aquele que se faz condutor
por um caminho seguro, que é o caminho da vida nova, proposto pelo Evangelho. Não
apenas conhece o caminho, mas conhece também o destino, o local para onde as
ovelhas são conduzidas: um banquete de vida plena com mesa farta, preparada
para banquetear a vida humana com a plenitude da vida divina, cantado no salmo
responsorial, o Sl 22.
No 5º Domingo da Páscoa volta o tema
do caminho, mas com dois acréscimos de Jesus: a Verdade e a Vida. Jesus se
apresenta como “Caminho, Verdade e Vida”. O Evangelho da Ressurreição,
portanto, não apenas tem em Jesus o condutor seguro de um Bom Pastor, mas o
próprio Caminho por onde caminhar com a vida pessoal, a Verdade como segurança existencial
inabalável e o dom da Vida plena, derramada por Jesus no seu lado aberto.
Promessa
do Espírito Santo
Os últimos Domingos do Tempo Pascal –
A, a partir do 6º Domingo, ressalta a promessa do Espírito Santo — no 6º Domingo
da Páscoa – A —, a glorificação de Jesus e o envio evangelizador, na Ascensão,
e a realização da grande promessa com a vinda do Espírito Santo, em
Pentecostes.
A
promessa do Espírito Santo, — chamado de Consolador ou Defensor (Paráclito) — sustenta
a comunidade cristã, presente no 6º Domingo da Páscoa – A, e tem uma finalidade
bem precisa para a Igreja e no seio da Igreja: a evangelização. Para que o
Evangelho seja semeado em toda a terra é necessário contar com a ação divina, e
esta acontece e se realiza pelo e com o Espírito Santo.
Evangelização
que é celebrada no Domingo da Ascensão, uma solenidade pascal para proclamar a
glória e a vitória de Jesus, uma vez que o Pai o recompensa elevando-o para
estar à sua direita. Se a elevação da Cruz mostrava uma humilhação extrema de
Jesus, a Ascensão mostra a sua glória e a sua glorificação. Na Ascensão e pela
Ascensão, Jesus realiza sua missão e alcança sua meta: voltar para o Pai, viver
com o Pai, sentar-se à direita do Pai, símbolo do poder divino que lhe é
concedido.
Por
fim, a conclusão do Tempo Pascal, que acontece na solenidade de Pentecostes. A
palavra “Pentecostes” não é sinônimo de Espírito Santo, mas sinônimo de 50º dia,
o grande dia da Liturgia judaica, no qual celebra-se a ação de graças pelos
dons da terra recebidos por Deus. É neste dia, de festa festivamente alegre,
marcada pela ação de graças, que a Igreja e toda a terra recebem o grande dom
divino, fruto da Ressurreição de Jesus: o derramamento do Espírito Santo.
Serginho
Valle
2017
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