27 de jul. de 2016

Aspersão na Missa

A aspersão é um rito litúrgico, presente comumente nas celebrações de bênçãos, inclusive em celebrações de Sacramentos, como no Matrimônio e na Unção dos Enfermos, em consagrações de igrejas, altares, cadeiras presidenciais e ambão; em celebrações de funerais e nos ritos iniciais da missa. É sobre a aspersão na Missa que tratamos neste momento. Quanto a aspersão na Missa, considero importante distinguir dois tipos de aspersão: a memorial e a penitencial. 
A aspersão memorial acontece nos ritos iniciais com a finalidade de recordar o Batismo e os compromissos batismais. É ritualizada de modo solene e festivo na Vigília Pascal, no decorrer dos Domingos do Tempo Pascal, na Missa do Batismo do Senhor e nas Missas rituais de Batismo ou ainda, nas Missas (ou celebrações da Palavra) que celebram a renovação das promessas batismais, quando estas precedem a Primeira Comunhão. Nestes casos, entende-se que não se trata de um ato penitencial em si, por isso, pode se dispensar a fórmula de absolvição que conclui os atos penitenciais nas celebrações Eucarísticas. Trata-se, sim, da realização dos ritos iniciais com um modo diferente, ou seja, com uma “aspersão memorial”.
A aspersão penitencial, nos ritos iniciais, como diz o nome, acontece como suplica penitencial acompanhado do gesto de aspergir água sobre os celebrantes no momento do ato penitencial. É um rito realizado mais particularmente no tempo da Quaresma e do Advento. Diferentemente do que proposto acima, por se tratar de um ato penitencial com aspersão, pode-se realizar a absolvição conclusiva do rito penitencial, na Missa.
O que ajuda a caracterizar a aspersão memorial da penitencial, além do contexto celebrativo próprio do tempo, é a canção que normalmente acompanha o rito. Digo normalmente, porque o rito pode ser realizado em completo silêncio ou acompanhado com um fundo musical. Se a canção caracteriza o rito memorial e penitencial, esta terá uma poesia penitencial ou referente ao Batismo. É comum escolher salmos tematizados na penitência ou na consagração batismal. Hoje, temos canções em forma de mantra (“refrão orante”), como o conhecido refrão orante "Banhados em Cristo".

Realização do rito
Quanto a realização do rito, este se compõe de aspergir água (não necessariamente água benta) sobre o povo com um asperges ou com ramos de folhagens. É interessante que a aspersão não seja feita à distância, quer dizer, o padre aspergindo somente aqueles que se encontram no presbitério, os ministros que atuam ministerialmente no decorrer da celebração. Todos os celebrantes devem participar da aspersão, fazer com que a água os atinja de algum modo. Para isso, o padre e alguns ministros, se distribuem pela igreja aspergindo água sobre os celebrantes, acompanhados de uma canção.

Nota histórica
            Antes da reforma Litúrgica (1963), o rito da aspersão era conhecido, em latim, como “asperges-me”, e era um rito obrigatório, segundo o cerimonial dos bispos (não o atual), nas catedrais, aos Domingos, antes da Missa Solene cantada. O rito consistia na tríplice aspersão, com água benta, feita no altar, no celebrante, nos padres presentes e sobre a assembléia. Durante o rito cantava-se a antífona latina: “Asperges-me hyssopo et mundabor” (Sl 50). No Tempo Pascal, a antífona cantada era: “Vidi aquam”.
            As fontes históricas anotam que a aspersão era praticada na Liturgia Galicana (França) desde o século IX, de onde espalhou-se para toda a Liturgia Latina. Muitos historiados litúrgicos consideram que a aspersão é uma substituição da purificação das mãos que os fiéis faziam antes da Missa.
Serginho Valle
2016


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4 comentários:

  1. gostaria de saber se o padre poder usar capa ou se usa casula no rito da aspersão na missa?

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  2. Tenho uma enorme curiosidade. Os ramos q o padre usa para aspergir os fiéi... Quando os fies levam pra casa por exemplo:raminho de manjericão usado pelo padre como deve ser usado isso em casa???

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  3. É observado que alguns vídeos circulam pelas mídias sociais de padres realizando o rito de aspersão com qualquer outra coisa que não seja o asperge ou um ramo. Um balde, um pulverizador agrônomo. Em algum lugar há especificando os objetos a serem usados? Há nessas atitudes um abuso litúrgico?

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