1 de jul. de 2016

"Reconheçamos nossos pecados"

"Reconheçamos nossos pecados para celebrar dignamente esta Eucaristia".
Assim ou com palavras semelhantes, o padre convida os celebrantes à purificação interior, no início da celebração. Neste blogger já dediquei uma reflexão sobre o rito do ato penitencial, na Missa, não ser considerado sacramental, ou seja, não realiza o perdão dos pecados, a exemplo do que acontece no Sacramento da Penitência e no Sacramento da Unção dos Enfermos. É um tema muito discutido em várias áreas da Teologia Litúrgica, que não é assunto nesta reflexão. Apenas lembrar que este é o motivo, pelo qual, na absolvição do rito que conclui o ato penitencial da Missa, o padre não traçar o sinal da benção da absolvição porque ele, o padre, no rito do ato penitencial é suplicante do perdão divino, juntamente com todos os celebrantes. No ato penitencial, dizendo de outro modo, o padre não está na condição de ouvir pecados para absolver, mas de confessar-se pecador juntamente com todos os celebrantes para celebrar dignamente o Mistério da Eucaristia. Como apenas dito, este é um assunto que poderá ser considerado oportunamente. Nosso intuito, aqui, é considerar o processo comunicativo presente no rito do ato penitencial.

Duas dimensões comunicativas do ato penitencial na Missa
O ato penitencial é marcado — como boa parte da comunicação litúrgica — por um processo comunicativo nas direções horizontal e vertical. Verticalmente, dirige-se a Deus e, horizontalmente, dirige-se aos irmãos e irmãs. Isto está explicito no "confiteor": "confesso a Deus e a vós irmãos e irmãs..." Além disso, o ato penitencial na Missa situa-se num contexto comunicativo orante que inclui o arrependimento pelo reconhecimento dos pecados pessoais e, em certo sentido, pelos pecados comunitários, e a invocação do perdão divino e fraterno.
Outra característica do ato penitencial consiste em ser momento de preparação interior, através do silenciamento que favorece a avaliação da vida cristã para poder celebrar o Mistério da Salvação, presente na Eucaristia. Estes elementos comunicativos do ato penitencial indicam atitudes de respeito, silêncio e acolhimento do perdão endereçado a Deus e aos irmãos e irmãs. Entende-se, pois, porque o próprio rito é iniciado por um momento de silêncio, com o padre convidando e introduzindo uma pausa silenciosa para que todos, padre inclusive, possam reconhecer-se pecadores diante de Deus e dos irmãos e irmãs.
Infelizmente, este primeiro momento, que acontece como parte da monição inicial, nem sempre é muito respeitado e nem valorizado em algumas comunidades. São músicos que o invadem com seus acordes apressados, o próprio padre ou algum ministro que não tem paciência para silenciar e o atropela com palavras. A invasão do silêncio é um ruído no processo comunicativo do ato penitencial, impedindo que os celebrantes se aquietem internamente para entrar no Mistério Eucarístico que está iniciando. A pressa tira dos celebrantes a possibilidade de silenciarem-se para entrar no Mistério. Aquietar-se, através de uma breve pausa silenciosa, faz parte do processo comunicativo presente no ato penitencial e seria bom que nossos celebrantes (padres, ministros e povo) observassem este momento.

Clima silencioso do ato penitencial"Reconheçamos nossos pecados "

"Reconheçamos nossos pecados para celebrar dignamente esta Eucaristia".
Assim ou com palavras semelhantes, o padre convida os celebrantes à purificação interior, no início da celebração. Neste blogger já dediquei uma reflexão sobre o rito do ato penitencial, na Missa, não ser considerado sacramental, ou seja, não realiza o perdão dos pecados, a exemplo do que acontece no Sacramento da Penitência e no Sacramento da Unção dos Enfermos. É um tema muito discutido em várias áreas da Teologia Litúrgica, que não é assunto nesta reflexão. Apenas lembrar que este é o motivo, pelo qual, na absolvição do rito que conclui o ato penitencial da Missa, o padre não traçar o sinal da benção da absolvição porque ele, o padre, no rito do ato penitencial é suplicante do perdão divino, juntamente com todos os celebrantes. No ato penitencial, dizendo de outro modo, o padre não está na condição de ouvir pecados para absolver, mas de confessar-se pecador juntamente com todos os celebrantes para celebrar dignamente o Mistério da Eucaristia. Como apenas dito, este é um assunto que poderá ser considerado oportunamente. Nosso intuito, aqui, é considerar o processo comunicativo presente no rito do ato penitencial.

Duas dimensões comunicativas do ato penitencial na Missa
O ato penitencial é marcado — como boa parte da comunicação litúrgica — por um processo comunicativo nas direções horizontal e vertical. Verticalmente, dirige-se a Deus e, horizontalmente, dirige-se aos irmãos e irmãs. Isto está explicito no "confiteor": "confesso a Deus e a vós irmãos e irmãs..." Além disso, o ato penitencial na Missa situa-se num contexto comunicativo orante que inclui o arrependimento pelo reconhecimento dos pecados pessoais e, em certo sentido, pelos pecados comunitários, e a invocação do perdão divino e fraterno.
Outra característica do ato penitencial consiste em ser momento de preparação interior, através do silenciamento que favorece a avaliação da vida cristã para poder celebrar o Mistério da Salvação, presente na Eucaristia. Estes elementos comunicativos do ato penitencial indicam atitudes de respeito, silêncio e acolhimento do perdão endereçado a Deus e aos irmãos e irmãs. Entende-se, pois, porque o próprio rito é iniciado por um momento de silêncio, com o padre convidando e introduzindo uma pausa silenciosa para que todos, padre inclusive, possam reconhecer-se pecadores diante de Deus e dos irmãos e irmãs.
Infelizmente, este primeiro momento, que acontece como parte da monição inicial, nem sempre é muito respeitado e nem valorizado em algumas comunidades. São músicos que o invadem com seus acordes apressados, o próprio padre ou algum ministro que não tem paciência para silenciar e o atropela com palavras. A invasão do silêncio é um ruído no processo comunicativo do ato penitencial, impedindo que os celebrantes se aquietem internamente para entrar no Mistério Eucarístico que está iniciando. A pressa tira dos celebrantes a possibilidade de silenciarem-se para entrar no Mistério. Aquietar-se, através de uma breve pausa silenciosa, faz parte do processo comunicativo presente no ato penitencial e seria bom que nossos celebrantes (padres, ministros e povo) observassem este momento.

Clima silencioso do ato penitencial
O silêncio com o qual os celebrantes são introduzidos no ato penitencial torna o processo comunicativo do ato penitencial silencioso, isto é, para ser celebrado em clima silencioso, próprio de quem pede perdão. Isto é, não se ritualiza o ato penitencial falando em voz alta e muito menos cantando a plenos pulmões, batendo palmas ou tocando tambor, baterias e pandeiros. Quando ofendemos alguém, pedimos desculpas ou perdão num clima de respeito silencioso e, dependendo da falta, sequer temos coragem de levantar os olhos. Não é possível reconhecer a falta ou o pecado, também no pedido de desculpas e de perdão a alguém, sem o tempo silencioso para rever a vida e reconhecer o pecado, a falta cometida. Ora, este clima silencioso do reconhecimento da falta cometida influencia no modo de se implorar o perdão: não com rumores, mas envolvido por um respeitoso silêncio interior. Ninguém pede perdão tocando tambores e pandeiros. A barulheira de instrumentos, no ato penitencial cantado, impede cantar o perdão de modo oracional.
Diante disso, considero que o melhor modo para realizar o processo comunicativo no ato penitencial, aquele que mais corresponde ao seu objetivo, é através da recitação orante de intercessões que imploram o perdão divino, seja em forma de uma prece, como no “confiteor”, ou em forma litânica, intercedendo a piedade divina com um refrão depois de cada invocação, como acontece quando depois de cada invocação se diz “Senhor, tende piedade de nós!”
Não sou contra cantar o rito do ato penitencial, desde que a canção seja orante, capaz de favorecer o silêncio interior e ajudar o celebrante a sentir-se necessitado do perdão divino e fraterno. Hoje, temos muitas canções que realizam o rito do ato penitencial em contexto silencioso e orante, inclusive no que se refere ao ritmo da canção. O favorecimento orante e silencioso do ato penitencial com canções acontece cantando canções a cappella ou canções acompanhadas por um único ou com poucos instrumentos capazes de favorecer o silêncio interior e não a dispersão. O ministério da música, portanto, precisa considerar, além do volume do som, também o ritmo das canções penitenciais, que pedem canções mais lentas e mais compassadas. Os autores musicais ajudam quando compõem canções para ritualizar o ato penitencial com canções suplicantes do perdão divino e fraterno em clima de silêncio orante. A Missa não começa com barulho, mas envolvida pelo silêncio.
Serginho Valle
2016
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