Em igualdade de condições, o canto
gregoriano ocupa o primeiro lugar, como próprio da Liturgia romana. Outros
gêneros de música sacra, especialmente a polifonia, não são absolutamente
excluídos, contanto que se harmonizem com o espírito da ação litúrgica e
favoreçam a participação de todos os fiéis.
Uma
vez que se realizam sempre mais frequentemente reuniões internacionais de
fiéis, convém que aprendam a cantar juntos em latim ao menos algumas partes do
Ordinário da Missa, principalmente o símbolo da fé e a oração do Senhor,
empregando-se melodias mais simples.
A reforma litúrgica realizada pelo Concílio Vaticano II
(1963) não excluiu a primazia do canto gregoriano para a Liturgia romana.
Considera-se nisso a poesia do canto gregoriano, fortemente fundamentada na
Sagrada Escritura, e a sua linha melódica, qual uma pedagogia orante que
murmura preces em forma de música. Do ponto de vista comunicativo, o canto gregoriano,
graças a sua linha melódica, calma e declamativa, favorece a oração pessoal e
torna a celebração mais serena. Outra característica do canto gregoriano, ainda
do ponto de vista comunicativo, é prioridade da voz humana sobre os
instrumentos. No canto gregoriano é a voz humana que se eleva a Deus e os
instrumentos musicais aparecem apenas como um sussurro, um suporte do tom
melódico da canção.
Mesmo priorizando o canto gregoriano, a Igreja não exclui
outros gêneros musicais, desde que sejam considerados dignos da ação litúrgica.
Para isto devem estar dentro do espírito litúrgico, que não é de exibição de
músicas, mas da música como rito celebrativo e celebrante. Sobre a questão do
“espírito litúrgico”, a IGMR 41 propõe o critério do favorecimento da
participação dos fiéis. Mas, podemos acrescentar outros, como por exemplo, o
favorecimento da oração, a música como meio de louvor e de adoração, a música
como rito suplicante do perdão e de ação de graças. Com isso, algumas canções
com critérios diferentes destes, como mensagens de auto-ajuda ou algo parecido,
não se adéquam ao espírito da celebração litúrgica.
Dentre
os gêneros musicais a serem preservados na Liturgia a IGMR 41 cita também o
canto polifônico, presente na Liturgia latina durante muitos séculos, com a
presença de grandes corais. Mesmo assim, neste particular, a Missa não é um
momento para ouvir corais cantando, de onde a necessidade de encontrar meios
com os quais os celebrantes possam participar de canções cantadas em Missas com
a presença de corais.
Por fim, o último parágrafo orienta em vista de uma
participação mais completa, digamos assim, em celebrações com caráter
internacional, tendo na língua latina um fator de unidade em alguns ritos
celebrativos. Tem sua razão de ser, pois o latim continua sendo a língua
oficial da Liturgia Romana, inclusive para as traduções de textos litúrgicos.
Serginho Valle
2016
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