O neófito ingressa na vida cristã celebrando, celebrando, participando e comungando três Sacramentos: Batismo, Crisma e Eucaristia. Em tempos idos, estes três Sacramentos, conhecidos como Sacramentos da Iniciação Cristã, eram celebrados em uma única celebração. Aquele que se tornaria cristão era batizado, crismado e, na mesma celebração, participava pela primeira vez da Eucaristia.
Com o passar do
tempo e, principalmente devido a falta de formação pelo desaparecimento do
catecumenato, os três Sacramentos passaram a ser celebrados em datas
diferentes. Hoje, o critério é a idade. Batizar recém-nascidos, 1ª Comunhão
para pré-adolescentes (na faixa de 11 anos de idade) e Crisma na adolescência e
juventude (na faixa dos 14 anos). Um critério bem estranho para a tradição
catecumenal da Igreja.
Com a reforma da
Liturgia, iniciada em 1964, o Concílio Vaticano II restaurou o catecumenato
inspirando-se na prática catecumenal do século VIII, quando o catecumenato
alcançou seu auge. Mas, as exigências e o despreparado de padres e de
catequistas para o acompanhamento de novos catecúmenos não produziu os frutos
desejados, salvos raras exceções, ao menos em terras ocidentais. Em países da
Ásia, Oceania e África o resultado foi mais promissor.
No Brasil não foi
diferente. Lembro as reações das aulas de Iniciação Cristã e de cursos que
ministrei a padres e catequistas. Quando apresentava o RICA — Rito da Iniciação
Cristã para Adultos — uma frase explica as reações: “muito bonito e rico,
mas praticamente impossível de realizar”. Desânimo antes mesmo de começar.
Não havia sequer a tentativa de colocar perguntas do tipo: como podemos fazer
isso? Quanto tempo precisaríamos para introduzir a mentalidade do catecumenato
em nossas comunidades? Ao contrário, reação regida pela lei do menor esforço:
não vai dar certo!
Agora, como
sabemos, os Bispos do Brasil introduziram a metodologia, a dinâmica e a
pedagogia da Iniciação Cristã. Em certo sentido, é um esforço pastoral que
chega com um atraso de, mais ou menos 50 anos. É uma resposta à necessidade de
termos mais cristãos e não somente batizados, cristãos e cristãs que vivam a
dinâmica do Evangelho como discípulos, discípulas e missionários.
Dois aspectos
da teologia do Batismo e da Crisma
Os
Sacramentos da Iniciação Cristã, como mencionado, são Batismo Crisma e Eucaristia.
Destaque para o Batismo e Crisma, dois sacramentos que estabelecem relação
direta com a Páscoa de Jesus Cristo e, consequentemente, com todo o Mistério
Pascal de Jesus Cristo. Pela Liturgia do Batismo, o fiel torna-se participante
da Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, como ensina Paulo (Cl 2,12). E,
participando da Liturgia da Crisma, ele é confirmado na fé com o dom do Ressuscitado,
o dom do Espírito Santo de Deus em sua vida, segundo a teologia paulina (2Cor
1,22).
Outra
característica, creditada ao Batismo e Crisma, do ponto de vista teológico, é a
impressão de caráter na vida dos celebrantes. Tanto o Batismo como a Crisma
imprimem caráter, quer dizer, marcam a vida da pessoa para todo o sempre. A
pessoa será batizada e crismada por toda a eternidade. Por isso, não existe
outro Batismo válido, mesmo que seja batizado em outra Igreja cristã, por
exemplo. Um só Batismo para a remissão dos pecados. Terá sempre em si a marca
da Ressurreição de Cristo e o selo do Espírito Santo de Deus. Por isso, receber
o Batismo e a Crisma significa assumir um compromisso eterno com Deus.
Significa comprometer-se eternamente com Deus. Essa dimensão é muito clara em
São Paulo na carta que escreve aos Coríntios (1Cor 12,13) e a Tito (Tt 3,5-7).
Serginho
Valle
Dezembro de
2020
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