As normas litúrgicas não
tratam de enfeites em particular. Trata deste tema de modo generalizado, contextualizando-o
na ornamentação litúrgica. Meu ponto de vista é a partir da comunicação
litúrgica e não tem nenhuma intenção normativa.
Contextualizando
Por
enfeite, no contexto comunicativo da celebração litúrgica, entende-se aquilo
que favorece ou evoca um clima especifico, no qual acontece a celebração. Neste
sentido, os enfeites, embora possam ter características simbólicas ou sígnicas (sinais),
na maior parte das vezes exerce a função de índice, isto é, são indicadores de
um contexto, ou de um “clima” do Tempo Litúrgico, ou de uma celebração
específica.
Os
enfeites natalinos e os enfeites pascais, por exemplo, expressam bem esta dinâmica
semiológica de índice, quer dizer, indicadores do Tempo Litúrgico que se está
celebrando. Quando entramos numa igreja com enfeites natalinos, por
exemplo, os mesmos são índices, são indicadores que estamos celebrando o Natal.
É preciso dizer que existe uma linha muito tênue e discutível em tais
distinções, motivo de não poucos debates e discussões. Contudo, o que interessa
é entender que os enfeites são indicativos (são índices) de um contexto
celebrativo ou de um Tempo Litúrgico.
Existem
momentos, nos quais os enfeites exercem sua atividade comunicativa apenas como
sinais, como aqueles para expressar alegria. Um arranjo floral, no Tempo
Pascal, por exemplo, não precisa trazer a carga do simbolismo; pode ser um
componente indicativo da alegria do tempo litúrgico que se está celebrando.
Quando, numa festa do padroeiro são colocadas bandeiras ou outros enfeites,
estes comunicam o clima festivo que se está celebrando. Os enfeites usados nas
celebrações matrimoniais, flores e tapetes, velas e lanternas coloridas indicam
(são índices) da alegria que envolve uma festa de casamento.
Tais
elementos pretendem favorecer a compreensão que a ornamentação litúrgica é
realizada dentro de um contexto comunicativo que se expressa com símbolos, com
sinais e com índices (indicadores). A maior parte dos enfeites entra na
categoria dos índices por serem, como já dito, indicativos de um clima especial
na celebração, seja relativo ao Tempo Litúrgico, seja num contexto celebrativo
específico.
Critérios
gerais no uso de enfeites
O
exposto acima vale para a Missa e para os demais sacramentos. Por isso, um
primeiro critério quanto ao uso de enfeites nas celebrações é sobre a
quantidade de enfeites. Isso vai depender do tamanho da igreja e do bom senso
do arranjador, mas lembrando sempre que o exagero enfeia. O exagero de muitos
enfeites em casamentos pode ser bonito para o bolso do floriculturista,
mas um desastre visual do ponto de vista estético. Não é o exagero que
embeleza, mas o detalhe e o modo de fazer.
Outro
critério é o respeito pelo Tempo Litúrgico. Na Quaresma e no Advento não
se usam flores, nem folhagens e nem outros adereços. Assim, não se enfeita a
igreja com enfeites natalinos na primeira semana do Advento, isso poderá
acontecer a partir com pequenos sinais a partir da 3ª Semana do Advento. O não
uso de flores, folhagens e enfeites são indicativos (índices) do silêncio
espacial, no qual a Liturgia celebra a Quaresma e o Advento. Por isso colocar
flores na Quaresma e no Advento, mesmo que sejam violetas roxas, é criar um
ruído na mensagem espacial do ambiente celebrativo, no contexto da comunicação
litúrgica. Casamentos realizados neste tempo também não recebem flores. Quem
fizer questão das flores no casamento, seja orientado a procurar outra data,
como no Tempo Natalino ou no Tempo Pascal ou no Tempo Comum.
Um
terceiro critério é quanto a colocação dos enfeites nos
espaços celebrativos. Os enfeites não são colocados nem sobre o altar e
nem sobre o ambão, como também não devem esconder tais espaços, de onde
não se colocar enfeites grandes na frente do altar ou do ambão. Isto vale
também para as igrejas que tem altar mor encostado na parede. Aquele altar seja
respeitado como altar e não transformado em prateleira de flores e folhagens.
Um
último critério é aquele relativo à discrição. Quem tem senso artístico nunca
exagera, ao contrário, discretamente enfeita o ambiente tornando-o acolhedor e
celebrativo, para que os celebrantes sintam-se bem sem serem agredidos com
excesso de informação.
Serginho Valle
2017
0 comentários:
Postar um comentário
Participe. Deixe seu comentário aqui.