Mas o que realmente define uma "“Missa bonita”"? Mais que propor respostas, gostaria de convidar você a explorar essa questão, analisando os elementos, considerando aquilo que torna a celebração Eucarística verdadeiramente significativa e espiritualmente enriquecedora. Quer dizer, aquilo que torna a "“Missa bonita”".
O conceito de “Missa bonita”
A
primeira coisa que precisamos considerar é que a beleza de uma Missa não reside
em sua apresentação espetacular, com padres cantando e atuando como animadores
de auditório ou com grupos musicais de sucesso. O ministério da presidência na
celebração Eucarística não se configura como animador, nem como animador de
celebração e, muito menos, como animador de auditório. O ministério da celebração,
na Eucaristia e em todas as celebrações litúrgicas, se rege pelo princípio do
serviço de conduzir os celebrantes a participar do Mistério Pascal celebrado na
Missa.
Com
tal característica ministerial, ao contrário de entender por "“Missa
bonita”" aquela celebração repleta de atrativos, uma "“Missa
bonita”" é caracterizada por um clima de contemplação e oração,
condições para se ter uma participação plena, ativa e consciente no Mistério
celebrado (SC 14). A “Missa bonita” é aquela que proporciona um
espaço onde os fiéis podem silenciar e ouvir a voz de Deus através da
proclamação da Palavra e de momentos de oração pessoal. A união entre oração
assemblear (comunitária) e a oração pessoal favorece a beleza da Missa; torna a
“Missa bonita”.
Ritmo e equilíbrio na celebração
Outro
elemento que torna a “Missa bonita” tem a ver com ritmo e equilíbrio. A
celebração da Missa, do ponto de vista comunicativo, tem um ritmo calmo e
equilibrado, isto significa celebrar sem pressa e sem excessos de discursos,
símbolos, sinais e canções. Tudo que é exagerado cansa e, no caso da
comunicação litúrgica da Missa, cansa e distrai. Por isso, a ponderação marcada
pela simplicidade e pela brevidade da celebração. Vale a orientação da Sacrosanctum
Concilium neste particular: “brilhem os ritos pela sua nobre simplicidade,
sejam claros na brevidade e evitem repetições inúteis; devem adaptar-se à
capacidade de compreensão dos fiéis, e não precisar, em geral, de muitas
explicações” (SC 34). “Missa bonita”, em poucas palavras, é celebrada
de modo simples e breve.
A
comunicação litúrgica da Missa possui uma estrutura própria que guia os
celebrantes através de momentos de silêncio e reflexão, essenciais para uma
profunda experiência espiritual. O ritmo acelerado, com muitos discursos e
algumas vezes com pendulicários rituais, tende a distrair e desviar a atenção
do verdadeiro propósito da Missa, que consiste no encontro com Jesus Cristo,
reunido em assembleia fraterna.
Comunicação litúrgica
É
cada vez mais importante entender que a celebração da Missa é um ato de
comunicação, onde o sacerdote, no exercício de seu ministério presidencial, e
todos os ministérios litúrgicos que atuam no decorrer da celebração, exercem
uma atividade comunicativa em contexto religioso e, por isso, em situação de
estar em contato com o sagrado. Como dizia acima, não se trata de uma
comunicação com linguagem de auditório, mas é uma comunicação mistagógica,
religiosa e espiritual, que inicia e introduz os celebrantes dentro do Mistério
celebrado.
Para
que a comunicação seja eficaz, é necessário, acima de tudo, respeito para com a
essência da celebração, que é o Mistério da Salvação, e respeito com os
celebrantes que vêm com o propósito de ouvir a Palavra, rezar e adorar a Deus.
Isto significa que a comunicação litúrgica jamais pode perder de vista que a
Missa deve ser um momento de encontro com Deus, e não um entretenimento com
motivações religiosas.
O papel da Pastoral Litúrgica Paroquial (PLP)
Além
do processo comunicativo litúrgico, adotando a linguagem litúrgica, outro papel
importante compete à PLP — Pastoral Litúrgica Paroquial. A PLP desempenha um
papel importantíssimo na organização e funcionalidade das celebrações
litúrgicas. Compete à PLP toda a atividade organizacional das celebrações. Ou
seja, para que as celebrações sejam “bonitas”, a partir dos conceitos propostos
acima, é preciso contar com uma organização, que é exercida pela PLP.
Nos
meus dois cursos (PLP e Pastoral da Liturgia), faço a distinção de mostrar que
a PLP realiza o trabalho no antes e no depois de cada celebração. No durante
celebrativo, a atividade é por conta da Pastoral DA Liturgia. Este antes e
depois é um trabalho que consta de reflexão (formação litúrgica), planejamento
das atividades pastorais da Liturgia na paróquia e a organização das
celebrações no decorrer do Ano Litúrgico. Isto em se tratando da Missa.
A
Pastoral Litúrgica Paroquial (PLP), portanto, não se limita a apenas organizar
a escala de leitores e ministros, mas tem a finalidade de promover, de modo
organizado e planejado, a experiência litúrgica que favoreça a santificação e o
crescimento espiritual da comunidade. Para isso acontecer, a PLP deve estar
enraizada na reflexão da Palavra de Deus e no Magistério da Igreja, garantindo
que cada celebração seja uma verdadeira expressão da fé e uma experiência
espiritual. No caso da Missa, é isso que torna a “Missa bonita”.
Concluindo
A
“Missa bonita”” não se encontra no espetáculo, mas na profundidade
espiritual que ela proporciona. Uma “Missa bonita” é aquela que permite
aos fiéis silenciar, rezar, refletir e encontrar-se com Deus. A Pastoral DA Liturgia,
com a atuação das equipes de celebrações, tem a responsabilidade de criar esse
ambiente de contemplação e oração, através de celebrações evangelizadas e
evangelizadoras.
Sobre
os dois cursos que mencionei, irei deixar um link para você conhecer cada um
deles. No caso de optar por fazer os cursos, a sugestão é começar com o curso
Pastoral da Liturgia, que é um curso introdutório ao curso da PLP.
Curso
Pastoral da Liturgia — https://lp.liturgia.pro.br/pastoral-da-liturgia
Curso
da PLP — https://lp.liturgia.pro.br/plp1
Serginho Valle
Maio de 2024
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