3 de jun. de 2015

Bíblia ou folheto na Liturgia da Palavra




O tema sugere-me muitas faces. Poderia trabalhar do ponto de vista teológico, sob o ângulo espiritual, na dimensão comunicativa e simbólica... Todos pontos importantes, sem dúvida. Contudo, minha eleição contempla o lado comunicativo e dialógico da Biblia na Liturgia. Na Liturgia, a Biblia é conversadeira.


A Bíblia fala
            Na celebração litúrgica a Bíblia fala. É a voz de Deus falando para a assembléia reunida. É quando a gente faz prosa com a Bíblia, conversa com a Bíblia e ela conosco. Tenhamos como referência a Missa. E, na missa, o momento da “fa1ação” da Biblia é na Liturgia da Palavra. É o momento do encontro com a Bíblia.

A Bíblia precisa ser bem apresentada
Uma vez que a Biblia toma a palavra para falar para muita gente na assembléia é compreensível que ela se apresente dignamente: bem vista, vistosa e elegante. Afinal de contas, ninguém gosta de aparecer em público mal vestido, ainda mais quando precisa falar coisas sérias para a vida das pessoas.
Foi por este motivo que a Liturgia criou os lecionários: livros grandes, vistosos e bonitos para a Biblia se apresentar e falar nas assembléias. Os lecionários contêm as leituras das missas. Outro livro, não muito usado ainda entre nós no Brasil, mas que mostra a dignidade da fala da Bíblia é o Evangeliário: é um livro elegantemente vestido; trata-se do Evangelho, de Jesus Cristo anunciando a Boa Nova no meio do povo. Como se trata da fala mais importante, por ser a fala de Jesus, o livro que fala neste momento precisa ser bem apresentável, o mais bonito e mais ornamentado.

Nem sempre é assim...
E verdade! Nem sempre é assim. Alguns se desculpam dizendo que a mesma coisa que está na Bíblia está no folheto. É a mesma coisa sim. O detalhe está na importância que esta Palavra tem naquele momento. E uma importância tão grande que você não a anuncia e nem a proclama de um descartável, como é o caso de folhetos e livretes.
Além do mais, esta Palavra que o leitor anuncia e proclama é Palavra de Deus falando na assembléia. Por isso, não fica bem rebaixar a Palavra de Deus e lê-la de um folhetinho qualquer. Podem ser as mesmas palavras, mas existe uma grande diferença, em termos de dignidade, entre um livro e um folheto.

Quem anuncia quer ser olhado
Em se tratando de uma conversa, nada mais natural que olhar para quem esta conversando com a gente. Quando a Bíblia fala, ela também quer ser vista, olhada. A liturgia criou um recurso para isso: fez um local mais elevado, chamado ambão, para que pudesse ser vista.
O leitor, portanto, não anuncia ou proclama a Palavra de Deus de qualquer local da assembléia: do meio da assembléia, por exemplo, ou sentado, escondido em algum banco da igreja. Ao contrário, o leitor coloca­se diante de todos, lá na frente para que a Palavra que ele proclama possa ser vista e ouvida.
Para que a Bíblia seja vista falando através da voz do leitor, o comportamento litúrgico da assembléia, digamos assim, é estar com os olhos voltados para a Bíblia que está conversando com a gente. Prestando atenção naquilo que está dizendo. Seria falta de educação para com Palavra de Deus que fala, abaixar os olhos e acompanhar a leitura em folhetos, livretes ou mesmo bíblias, às vezes usadas em celebrações. A melhor postura litúrgica é olhar e ouvir a Palavra.

Serginho Valle
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