14 de out. de 2016

IGMR 292 – Ornamentação da igreja

A ornamentação da igreja deve visar mais a nobre simplicidade do que a pompa. Na escolha dessa ornamentação, cuide-se da autenticidade dos materiais e procure-se assegurar a educação dos fiéis e a dignidade de todo o local sagrado.

Depois de comentar sobre a presença da arte na formação do espaço celebrativo, a IGMR 292, nos moldes de um bilhete de recados, chama atenção para a qualidade da ornamentação da igreja. Indicativo que a igreja não é um salão vazio de sentido. Ao contrário, a ornamentação é mensagem, é Evangelho anunciado, além de ser um espaço acolhedor, que convide ao silêncio orante pelo recolhimento.
            É a segunda vez que IGMR menciona a qualidade da ornamentação da igreja. Anteriormente, na IGMR 288, dava indicações gerais sobre a ornamentação. Agora, na IGMR 292, aparecem alguns adjetivos que orientam sobe a qualidade da ornamentação. Não indica como fazer, mas que qualidades devem conter.

Nobre simplicidade
            A primeira qualidade da ornamentação das igrejas é proposta com a expressão “nobre simplicidade”, acompanhada com a proposta para evitar qualquer tipo de pompa. Por nobre simplicidade entende-se a beleza sem exagero, beleza que se manifesta através da simplicidade, do belo que encanta pela leveza e não pela exibição, que é a característica próprio de ornamentações pomposas. A ornamentação das igrejas não tem a função de impressionar, mas de acolher para silenciar diante de Deus e para celebrar o Mistério Pascal.
            Uma “nobre simplicidade” presente em tudo que se refere à ornamentação da igreja, a começar pelas linhas arquitetônicos do espaço celebrativo, passando pela beleza simples do altar, ambão, batistério, confessionário, etc... Tudo transmitindo a beleza através da simplicidade que favoreça o acolhimento e o sentir-se bem dentro de uma igreja.

Escolha dos materiais
            A Igreja sempre teve uma preocupação especial com o material usado nas igrejas, especialmente aqueles usados na ornamentação, quer dizer, no embelezamento do local onde se celebra o Mistério Pascal de Cristo. A IGMR 292 fala de “autenticidade”. Por isso, se o altar é de pedra, seja de pedra e não uma caixa vazia com quatro folhas de mármore imitando pedra; se alguma peça (altar ou ambão) for de madeira, seja de madeira e não um cimentício imitando madeira, por exemplo. Se o revestimento for de mármore, que seja mármore. Materiais autênticos.
            Esta indicação é extensiva para as ornamentações florais, que trataremos em outra oportunidade. Se for colocar flor seja flor natural e não de plástico. Se for colocar plantas, sejam plantas naturais e não de plástico ou de outro material. Se for usar frutas, que sejam naturais e não imitações. É um jeito de trazer a autenticidade da natureza para dentro da celebração e, também, de não celebrar com fingimentos.

Educação dos fiéis
            O último elemento da IGMR 292 refere-se à educação dos fiéis. Duas propostas interpretativas. A primeira, no sentido de educar os celebrantes a compreender a mensagem da ornamentação, da decoração da igreja. A boa e autentica ornamentação das igrejas é feita de sinais e símbolos da fé, de onde o espaço celebrativo ser uma catequese permanente, mas sempre como obra aberta, possibilitando a interpretação de novas mensagens. É importante oferecer um alfabeto litúrgico e artístico para a adequada e verdadeira leitura do espaço celebrativo.
            Um segundo aspecto da arte litúrgica presente na ornamentação das igrejas refere-se à curiosidade. Muitos são os turistas que entram em nossas igrejas para ver a igreja, tratando-a como um museu ou como uma simples obra arquitetônica. A educação seja no sentido de acolher os turistas, mas também ajudá-los a perceber que o mais importante é o que o diz a ornamentação e o motivo da arte que ornamenta a igreja: direcionar os olhos e o coração para Jesus Cristo.
Serginho Valle
2016


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