A ornamentação da igreja
deve visar mais a nobre simplicidade do que a pompa. Na escolha dessa
ornamentação, cuide-se da autenticidade dos materiais e procure-se assegurar a
educação dos fiéis e a dignidade de todo o local sagrado.
Depois de comentar sobre a presença da
arte na formação do espaço celebrativo, a IGMR 292, nos moldes de um bilhete de
recados, chama atenção para a qualidade da ornamentação da igreja. Indicativo que
a igreja não é um salão vazio de sentido. Ao contrário, a ornamentação é
mensagem, é Evangelho anunciado, além de ser um espaço acolhedor, que convide
ao silêncio orante pelo recolhimento.
É a segunda vez que IGMR menciona a
qualidade da ornamentação da igreja. Anteriormente, na IGMR 288, dava
indicações gerais sobre a ornamentação. Agora, na IGMR 292, aparecem alguns
adjetivos que orientam sobe a qualidade da ornamentação. Não indica como fazer,
mas que qualidades devem conter.
Nobre
simplicidade
A primeira qualidade da ornamentação
das igrejas é proposta com a expressão “nobre simplicidade”, acompanhada com a
proposta para evitar qualquer tipo de pompa. Por nobre simplicidade entende-se
a beleza sem exagero, beleza que se manifesta através da simplicidade, do belo
que encanta pela leveza e não pela exibição, que é a característica próprio de
ornamentações pomposas. A ornamentação das igrejas não tem a função de
impressionar, mas de acolher para silenciar diante de Deus e para celebrar o
Mistério Pascal.
Uma “nobre simplicidade” presente em
tudo que se refere à ornamentação da igreja, a começar pelas linhas
arquitetônicos do espaço celebrativo, passando pela beleza simples do altar,
ambão, batistério, confessionário, etc... Tudo transmitindo a beleza através da
simplicidade que favoreça o acolhimento e o sentir-se bem dentro de uma igreja.
Escolha
dos materiais
A Igreja sempre teve uma preocupação
especial com o material usado nas igrejas, especialmente aqueles usados na
ornamentação, quer dizer, no embelezamento do local onde se celebra o Mistério
Pascal de Cristo. A IGMR 292 fala de “autenticidade”. Por isso, se o altar é de
pedra, seja de pedra e não uma caixa vazia com quatro folhas de mármore
imitando pedra; se alguma peça (altar ou ambão) for de madeira, seja de madeira
e não um cimentício imitando madeira, por exemplo. Se o revestimento for de
mármore, que seja mármore. Materiais autênticos.
Esta indicação é extensiva para as
ornamentações florais, que trataremos em outra oportunidade. Se for colocar
flor seja flor natural e não de plástico. Se for colocar plantas, sejam plantas
naturais e não de plástico ou de outro material. Se for usar frutas, que sejam
naturais e não imitações. É um jeito de trazer a autenticidade da natureza para
dentro da celebração e, também, de não celebrar com fingimentos.
Educação
dos fiéis
O último elemento da IGMR 292
refere-se à educação dos fiéis. Duas propostas interpretativas. A primeira, no
sentido de educar os celebrantes a compreender a mensagem da ornamentação, da
decoração da igreja. A boa e autentica ornamentação das igrejas é feita de
sinais e símbolos da fé, de onde o espaço celebrativo ser uma catequese
permanente, mas sempre como obra aberta, possibilitando a interpretação de
novas mensagens. É importante oferecer um alfabeto litúrgico e artístico para a
adequada e verdadeira leitura do espaço celebrativo.
Um segundo aspecto da arte litúrgica
presente na ornamentação das igrejas refere-se à curiosidade. Muitos são os
turistas que entram em nossas igrejas para ver a igreja, tratando-a como um
museu ou como uma simples obra arquitetônica. A educação seja no sentido de
acolher os turistas, mas também ajudá-los a perceber que o mais importante é o
que o diz a ornamentação e o motivo da arte que ornamenta a igreja: direcionar
os olhos e o coração para Jesus Cristo.
Serginho Valle
2016
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