
Minha intenção é chamar atenção para
alguns elementos da preparação do espaço celebrativo do Tríduo Pascal em cada
celebração.
Quinta feira santa
A celebração
pascal inicia-se na quinta-feira Santa com a celebração da Missa "in Coena Domini".
É a celebração da Ceia do Senhor com um contexto que celebra a Instituição da
Eucaristia, o Mandamento Novo e o Ministério sacerdotal.
Existem
alguns arranjos e símbolos contextuais tradicionais para esta
celebração, considerando os símbolos Eucarísticos do pão e do vinho,
juntamente com o símbolo do lava-pés, indicando o serviço e a fraternidade.
Claro
que tais símbolos não podem ser considerados fixos. Sempre existe a
possibilidade de colocar a criatividade em ação e criar uma nova simbologia para
expressar a Eucaristia relacionada ao amor e ao serviço cristão.
Outra
atividade do ministério da ornamentação, na Quinta-feira Santa, é a
preparação da capela da reposição, onde o Santíssimo é colocado para
a adoração dos fiéis após a conclusão da Missa. A capela da reposição é
preparada, preferencialmente, fora da igreja, e sistematizada para
ser uma capela de adoração; preparada exclusivamente para adorar o Senhor
no Sacramento da Eucaristia. Isto significa ceia um espaço acolhedor
e propicio para a oração adorante e silenciosa.
Sexta-feira Santa
O
espaço celebrativo da Sexta-feira Santa é o espaço mais despojado que existe
nos contextos celebrativos da Liturgia cristã católica. Um espaço feito de
silêncio total para que a celebração aconteça totalmente envolvida no silêncio,
como é próprio da celebração da Sexta-feira Santa.
O
espaço conta com o altar, o ambão e a credencia desnudados, isto é,
sem nenhuma toalha ou algum véu sobre estes móveis. A celebração, igualmente, não
contém nenhuma flor, nem folhagem e nenhum tipo de símbolo especial, exceto o
maior e único símbolo da Sexta-feira Santa: A Cruz de Jesus Cristo. Cruz que
não se encontra diante dos celebrantes no início da celebração, uma vez que a
mesma entrará solenemente para o rito da adoração da Cruz.
Sábado santo
Diferentemente
do espaço da sexta-feira Santa, caracterizado pelo despojamento total, o espaço
da Vigília Pascal prima por ser a celebração mais rica em simbologia de
toda a Liturgia cristã católica. Sendo rica simbolicamente, entende-se que
a mesma ocupe diferentes espaços celebrativos.
Muitos
seriam os símbolos a considerar na Vigília Pascal. Dado a finalidade da minha
reflexão em primar pela brevidade, vou distinguir apenas quatro.
Fogo
novo
O
primeiro símbolo é o fogo novo. Um símbolo que gosto de definir como
“vivo”. Preparado fora da igreja, o fogo novo tem a finalidade de simbolizar a
luz da Ressurreição de Jesus na terra envolvida pela escuridão da noite. Por
isso, deve ser vistoso e não pode, em hipótese alguma, ser substituído por um “foguinho”
feito num fogareiro ou num latão, mais com a finalidade prática de acender o
Círio Pascal e ter brasas para o turibulo, que realmente significar o esplendor
luminoso da Ressurreição de Jesus iluminando a terra. Não há necessidade de se
preparar uma “fogueira de São João”, mas um símbolo que seja digno naquilo que
simboliza: a exuberante luz da Ressurreição de Jesus que acende a escuridão da
terra, envolvida em trevas.
Círio
Pascal
Outro símbolo, o mais conhecido de
todos, é o Círio Pascal. Não se trata, apenas, de uma “vela grande”, uma vez
que simboliza a “coluna luminosa” que, vitoriosamente, é erguida qual troféu vencedor
da vida sobre a morte. Uma coluna luminosa que vai à frente do povo, iluminando
o caminho da vida nova que vem da Ressurreição de Jesus, e conduz o mesmo povo
para o interior da nova Jerusalém, simbolizada no espaço celebrativo da igreja.
É uma coluna de cera, como definido
no canto do “Exultet” com a finalidade de ser consumido no decorrer de todo o
Ano Litúrgico, especialmente nas celebrações sacramentais. É o símbolo da
Páscoa, da passagem de Jesus que se doa (se consome pascoalmente) especialmente
nas celebrações sacramentais.
Diante de tão rica simbolização e
riqueza de significados, é simplesmente inconcebível que o mesmo seja
substituído por imitações grotescas, como aquelas feitas de canos de pvc. A
riqueza simbólica do Círio Pascal, enquanto sacramento da Ressurreição de
Jesus, merece que o mesmo seja digno, bonito, vistoso e verdadeiro.
Água
O terceiro símbolo que destaco é a
água. A simbologia Bíblica da água tem merecido longos comentários em livros e
em teses de doutorado. É, liturgicamente falando, um símbolo importante e,
enquanto tal, merece destaque.
A água simboliza o Espírito Santo
que purifica quem nela é banhado no Batismo e, igualmente, indica a renovação
da vida, como simbolizado nas águas do dilúvio, e na passagem (Páscoa) para a
liberdade, como na passagem do Mar Vermelho. As referências da simbologia
Bíblica são muitas, de onde a necessidade e a importância de ser tratada como
um símbolo importante na Vigília Pascal.
É valorizada no local onde será
disposta, de preferência no presbitério, do lado oposto à Mesa da Palavra,
sobre um suporte devidamente preparado, e colocada num vaso ou num jarro
grande, bonito e transparente.
Flores
Por fim, um quarto elemento a ser
destacado: as flores. Na Vigília Pascal, as flores não são apenas enfeites para
tornar o espaço celebrativo mais bonito, embora cumpram também esta função. As
flores estão no espaço celebrativo da Vigília Pascal também como símbolo da
natureza em festa. Toda a criação é renovada com e através da Ressurreição de Jesus
e são as flores (em algumas comunidades também frutos e frutas da terra) que
representam este renascer da criação. Isto está ligado também ao fato de a
Páscoa ser celebrada, no hemisfério norte, durante a Primavera, quando a
natureza se renova e floresce.
Diante disso, um belo e exuberante
arranjo de flores deveria estar no presbitério, ou ser ali colocado na
procissão ofertorial, na preparação do altar, como representante digno da
criação que é renovada pela Ressurreição de Jesus.
Serginho Valle
2017
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