
Domingo
de Ramos e dias feriais da Semana Santa
O
início da Semana Santa acontece com a Procissão de Ramos e com a celebração da
Eucaristia, na qual se lê a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Este é o
motivo, pelo qual o Domingo de Ramos é também conhecido como Domingo da Paixão.
Um Domingo com a característica de ser uma espécie de sala de ingresso para se
adentrar na Semana Santa, composta dos seguintes elementos: o acolhimento de
Jesus com ramos e palmas, celebrando-o como Cristo Rei; em seguida, a
realização da Salvação divina no trono da Cruz e no gesto sacerdotal de ofertar
a própria vida para a remissão dos pecados; para a Salvação da humanidade.
Desta
forma, o Domingo de Ramos é convite para contemplar a Cruz de Jesus Cristo como
trono do amor divino, mas também como local do sofrimento de milhares de
pessoas, em toda a terra, violentados nas mais diferentes formas de cruzes,
presentes na sociedade atual. Na contemplação da Cruz de Jesus, podemos considerar
a figura humana de um abandonado, que é o Filho de Deus, para compreender a
grandeza do amor divino para com a humanidade.
Celebrações
feriais da Semana Santa
As
celebrações feriais da Semana Santa, aquelas celebrações que acontecem nos dias
da semana, de segunda a quarta-feira, mais especificamente, fazem memória dos
últimos dias de Jesus, com destaque especial para a traição de Judas
Iscariotes. Na pessoa de Judas se concentra uma humanidade negadora da proposta
divina, que se apega ao ídolo do dinheiro, capaz de vender e matar até mesmo o
Deus salvador.
Além
dessas celebrações, inclua-se também a celebração da Quinta-feira Santa, na
parte da manhã, na qual se celebra a Missa Crismal. Uma celebração solene —
belíssima pela riqueza simbólica que contém — na qual se realiza a bênção dos
Santos Óleos — dos Catecúmenos, dos Enfermos — e, preste-se atenção ao termo, a
consagração (não apenas uma bênção) do Santo Crisma, Óleo Crismal, sacramento
do Espírito Santo. A celebração da Quinta-feira Santa, na parte da manhã, é uma
celebração que reúne festivamente toda Igreja particular (diocese), do bispo
com seu presbitério, seu diaconato, os religiosos e todos os fiéis leigos. Nesta
Missa os sacerdotes renovam suas promessas sacerdotais, uma vez que a
Quinta-feira Santa é o verdadeiro “Dia do Padre”.
Tríduo
Pascal
Depois,
inicia-se o Tríduo Pascal com a Missa vespertina denominada “In Coena Domini”
(Missa da Ceia do Senhor). Uma celebração que faz memória da Instituição da
Eucaristia, do serviço de Jesus Cristo, simbolizado no gesto do lava-pés, e na
entrega do Mandamento Novo aos discípulos e discípulas do Evangelho.
Do
ponto de vista Teológico, a Última Ceia é antecipação do que o Senhor
realizaria na Cruz. Por isso, gosto de dizer que em vez de se chamar de “Última
Ceia”, bem que poderia ser denominada como “Primeira Ceia”, uma vez que Jesus
realiza, pela primeira vez, de modo sacramental, isto é, com os símbolos
sacramentais do pão e do vinho, a mesma entrega do seu Corpo e Sangue para nos
salvar. Se a Cruz é o altar da entrega definitiva de Jesus, o altar da
Eucaristia é, sacramentalmente falando, o próprio Jesus entregando-se na Cruz
para remissão dos pecados. Assim, entende-se que a celebração da Quinta-feira
Santa é a oferta da vida de Jesus no altar da Eucaristia.
A
celebração da Quinta-feira Santa não se conclui com a bênção final, como nas
demais celebrações Eucarísticas. Passa, assim, uma mensagem de algo inacabado, necessitado
de continuidade. E, de fato a continuidade acontece com a celebração da
Sexta-feira Santa, realizada às 15hs00 que, segundo os relatos evangélicos, é a
hora da morte de Jesus. Também este horário é simbólico; é sacramental. No meio
da tarde, a vida social e vida pessoal param e todos se dirigem à igreja da
comunidade para celebrar a Morte e a Paixão de Nosso Senhor.
A
celebração da Sexta-feira Santa caracteriza-se como uma celebração totalmente
silenciosa. Quase nenhuma canção e total ausência de instrumentos musicais.
Quando cantar, não se cantar a plenos pulmões, mas se canta de modo aquietado,
não para sofrer, mas para respeitar o momento supremo do Filho de Deus que
morre para nos salvar. Uma celebração para silenciar respeitosamente diante do
grande Mistério que é a Morte de Jesus, na Cruz. Também esta é uma celebração
que se conclui sem a bênção final. Também este final é indicativo de uma
celebração inacabada, porque deverá continuar no dia seguinte, na noite da
grande e solene Vigília Pascal.
Vigília Pascal
O
Tríduo Pascal é concluído com a Vigília Pascal, a mais importante, a mais
solene, a mais rica de todas as Vigílias da Igreja. Riqueza de conteúdo
espiritual e riqueza de ritos litúrgicos. É a celebração de chegada, digamos
assim, da Igreja, que celebra sua Páscoa em três momentos — na Quinta-feira
Santa, na Sexta-feira Santa e no Sábado Santo —. Três celebrações distintas,
mas que formam uma única celebração, celebrando um único e grande Mistério: a
Páscoa de Jesus Cristo.
Em
continuidade a celebração de Sexta-feira Santa, que se conclui no mais profundo
silêncio, a Vigília Pascal inicia-se silenciosamente, ao redor do Fogo Novo,
fora da igreja. É símbolo de uma comunidade que se reúne à luz da Páscoa de
Jesus Cristo que, na escuridão da noite, ilumina o mundo com uma nova luz. É a
Igreja que caminha guiada pela nova luz — a Luz de Cristo — como assembléia
para o interior da igreja, onde ouvirá solenemente o grande “Exultet”, a grande
proclamação da Páscoa. Na Vigília Pascal, temos uma Igreja que se coloca em
escuta da História da Salvação, numa longa e bem organizada Liturgia da
Palavra, até explodir de alegria, cantando o solene e tradicional “Allelluia
Paschalis”, acompanhado por todos os instrumentos e pelo repicar de sinos e
sinetas. Depois, a renovação das promessas batismais e a Eucaristia, onde nos
alimentamos com a Vida Nova da Páscoa de Jesus Cristo.
Serginho
Valle
2017
0 comentários:
Postar um comentário
Participe. Deixe seu comentário aqui.