10 de abr. de 2017

Catequese litúrgica - Semana Santa e Tríduo Pascal

No calendário do Ano Litúrgico, na conclusão do Tempo Quaresmal, celebra a Semana Santa e dá início ao Tempo Pascal. Um tempo que propõe uma espiritualidade riquíssima, considerando que a celebração da Páscoa é o centro, o ápice e a fonte de todo o Ano Litúrgico e toda a atividade da Igreja. 

Domingo de Ramos e dias feriais da Semana Santa
O início da Semana Santa acontece com a Procissão de Ramos e com a celebração da Eucaristia, na qual se lê a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Este é o motivo, pelo qual o Domingo de Ramos é também conhecido como Domingo da Paixão. Um Domingo com a característica de ser uma espécie de sala de ingresso para se adentrar na Semana Santa, composta dos seguintes elementos: o acolhimento de Jesus com ramos e palmas, celebrando-o como Cristo Rei; em seguida, a realização da Salvação divina no trono da Cruz e no gesto sacerdotal de ofertar a própria vida para a remissão dos pecados; para a Salvação da humanidade.
Desta forma, o Domingo de Ramos é convite para contemplar a Cruz de Jesus Cristo como trono do amor divino, mas também como local do sofrimento de milhares de pessoas, em toda a terra, violentados nas mais diferentes formas de cruzes, presentes na sociedade atual. Na contemplação da Cruz de Jesus, podemos considerar a figura humana de um abandonado, que é o Filho de Deus, para compreender a grandeza do amor divino para com a humanidade.

Celebrações feriais da Semana Santa
As celebrações feriais da Semana Santa, aquelas celebrações que acontecem nos dias da semana, de segunda a quarta-feira, mais especificamente, fazem memória dos últimos dias de Jesus, com destaque especial para a traição de Judas Iscariotes. Na pessoa de Judas se concentra uma humanidade negadora da proposta divina, que se apega ao ídolo do dinheiro, capaz de vender e matar até mesmo o Deus salvador.
Além dessas celebrações, inclua-se também a celebração da Quinta-feira Santa, na parte da manhã, na qual se celebra a Missa Crismal. Uma celebração solene — belíssima pela riqueza simbólica que contém — na qual se realiza a bênção dos Santos Óleos — dos Catecúmenos, dos Enfermos — e, preste-se atenção ao termo, a consagração (não apenas uma bênção) do Santo Crisma, Óleo Crismal, sacramento do Espírito Santo. A celebração da Quinta-feira Santa, na parte da manhã, é uma celebração que reúne festivamente toda Igreja particular (diocese), do bispo com seu presbitério, seu diaconato, os religiosos e todos os fiéis leigos. Nesta Missa os sacerdotes renovam suas promessas sacerdotais, uma vez que a Quinta-feira Santa é o verdadeiro “Dia do Padre”.

Tríduo Pascal
Depois, inicia-se o Tríduo Pascal com a Missa vespertina denominada “In Coena Domini” (Missa da Ceia do Senhor). Uma celebração que faz memória da Instituição da Eucaristia, do serviço de Jesus Cristo, simbolizado no gesto do lava-pés, e na entrega do Mandamento Novo aos discípulos e discípulas do Evangelho.
Do ponto de vista Teológico, a Última Ceia é antecipação do que o Senhor realizaria na Cruz. Por isso, gosto de dizer que em vez de se chamar de “Última Ceia”, bem que poderia ser denominada como “Primeira Ceia”, uma vez que Jesus realiza, pela primeira vez, de modo sacramental, isto é, com os símbolos sacramentais do pão e do vinho, a mesma entrega do seu Corpo e Sangue para nos salvar. Se a Cruz é o altar da entrega definitiva de Jesus, o altar da Eucaristia é, sacramentalmente falando, o próprio Jesus entregando-se na Cruz para remissão dos pecados. Assim, entende-se que a celebração da Quinta-feira Santa é a oferta da vida de Jesus no altar da Eucaristia.
A celebração da Quinta-feira Santa não se conclui com a bênção final, como nas demais celebrações Eucarísticas. Passa, assim, uma mensagem de algo inacabado, necessitado de continuidade. E, de fato a continuidade acontece com a celebração da Sexta-feira Santa, realizada às 15hs00 que, segundo os relatos evangélicos, é a hora da morte de Jesus. Também este horário é simbólico; é sacramental. No meio da tarde, a vida social e vida pessoal param e todos se dirigem à igreja da comunidade para celebrar a Morte e a Paixão de Nosso Senhor.
A celebração da Sexta-feira Santa caracteriza-se como uma celebração totalmente silenciosa. Quase nenhuma canção e total ausência de instrumentos musicais. Quando cantar, não se cantar a plenos pulmões, mas se canta de modo aquietado, não para sofrer, mas para respeitar o momento supremo do Filho de Deus que morre para nos salvar. Uma celebração para silenciar respeitosamente diante do grande Mistério que é a Morte de Jesus, na Cruz. Também esta é uma celebração que se conclui sem a bênção final. Também este final é indicativo de uma celebração inacabada, porque deverá continuar no dia seguinte, na noite da grande e solene Vigília Pascal.

Vigília Pascal
O Tríduo Pascal é concluído com a Vigília Pascal, a mais importante, a mais solene, a mais rica de todas as Vigílias da Igreja. Riqueza de conteúdo espiritual e riqueza de ritos litúrgicos. É a celebração de chegada, digamos assim, da Igreja, que celebra sua Páscoa em três momentos — na Quinta-feira Santa, na Sexta-feira Santa e no Sábado Santo —. Três celebrações distintas, mas que formam uma única celebração, celebrando um único e grande Mistério: a Páscoa de Jesus Cristo.
Em continuidade a celebração de Sexta-feira Santa, que se conclui no mais profundo silêncio, a Vigília Pascal inicia-se silenciosamente, ao redor do Fogo Novo, fora da igreja. É símbolo de uma comunidade que se reúne à luz da Páscoa de Jesus Cristo que, na escuridão da noite, ilumina o mundo com uma nova luz. É a Igreja que caminha guiada pela nova luz — a Luz de Cristo — como assembléia para o interior da igreja, onde ouvirá solenemente o grande “Exultet”, a grande proclamação da Páscoa. Na Vigília Pascal, temos uma Igreja que se coloca em escuta da História da Salvação, numa longa e bem organizada Liturgia da Palavra, até explodir de alegria, cantando o solene e tradicional “Allelluia Paschalis”, acompanhado por todos os instrumentos e pelo repicar de sinos e sinetas. Depois, a renovação das promessas batismais e a Eucaristia, onde nos alimentamos com a Vida Nova da Páscoa de Jesus Cristo.
Serginho Valle

2017
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