Oportunamente,
como parte da celebração deve-se observar o silêncio sagrado. A sua natureza
depende do momento em que ocorre em cada celebração. Assim, no ato penitencial
e após o convite à oração, cada fiel se recolhe; após uma leitura ou a homilia,
meditam brevemente o que ouviram; após a comunhão, enfim, louvam e rezam a Deus
no íntimo do coração.
Convém que já antes da própria celebração se
conserve o silêncio na igreja, na sacristia, na secretaria e mesmo nos lugares
mais próximos, para que todos se disponham devota e devidamente para realizarem
os sagrados mistérios.
Com este parágrafo concluímos uma parte
da leitura da Instrução Geral do Missal Romano, relativa a elementos gerais do
processo comunicativo na Missa. A conclusão acontece com o tema do silêncio,
apresentado na IGMR 45, como elemento essencial na comunicação litúrgica. O
silêncio é um elemento essencial em qualquer comunicação, não somente na
comunicação litúrgica. Não existe comunicação saudável sem silêncio, isto é, de
comunhão e participação, sem o silêncio, porque o silêncio é o ambiente
apropriado para se acolher o que o outro diz. É no silêncio que acolhemos a mensagem
de uma bela música ou de uma pintura, de uma foto ou de uma dança. Ora, se o
silêncio é importante na comunicação humana, tanto mais importante o é na
comunicação com Deus, seja na oração, na meditação da Palavra, no estudo da
Teologia e, particularmente no contexto da celebração litúrgica.
A IGMR 45 diz que o silêncio é parte integrante
da celebração litúrgica. Isso significa que a comunicação litúrgica, no
contexto celebrativo do Mistério Eucarístico, acontece em ambiente silencioso e
em clima de silêncio. Celebra-se a Eucaristia no silêncio. Missas barulhentas, com
volume alto nos microfones ou no ministério de música; com conversas e
murmúrios antes e no durante celebrativo... são ruídos que impedem uma boa
comunicação litúrgica.
Diferentes silêncios
Outro fato que chama atenção são os
diferentes modos de silenciar propostos pela IGMR 45. O texto, para ser mais
preciso, fala de diferentes contextos nos quais se criam diferentes formas de
silenciar. Da mesma forma como diferentes ritos têm características
celebrativas diferentes, existe uma finalidade do silenciar para cada rito em
vista da participação plena e ativa na Eucaristia.
Assim, existe o “silêncio para o
recolhimento” como condição necessária para se refletir sobre a própria vida,
antes do ato penitencial. Existe o “silêncio meditativo”, na Liturgia da
Palavra, com a finalidade de refletir sobre o que se ouviu na Palavra e na
homilia. Existe o “silêncio orante”, para silenciosamente louvar e agradecer a
Deus, para adorar a Eucaristia. O silêncio é sempre silencioso, isto é, sem
fundo musical e sem motivações de mensagens do padre ou de outro ministro; é
silencio mesmo, mas com finalidades diferentes.
Acrescentaria ainda o “silêncio da
escuta”, necessário para se ouvir quem preside, quem proclama a Palavra ou
propõe uma monição. E, ainda, o “silêncio da educação” que respeita quem
celebra ao meu lado, não conversando durante a Missa, não rindo ou, pior de
todos, não mexendo no celular.
Silêncio antes da Missa
Uma orientação que merece ser considerada,
com certa urgência em algumas comunidades, é o silêncio antes da celebração. A
importância do silêncio, seja na sacristia, como mencionado na IGMR 45, seja na
igreja, no tempo que se espera para o início da Missa. Em algumas comunidades,
tem-se a impressão que a igreja, antes da Missa, é uma praça pública, tanto se
conversa. Sem contar o mau gosto de ministérios de músicas afinando seus
instrumentos antes da Missa, dentro da igreja. O ideal é criar um clima de
silêncio e, neste caso, uma música ambiente gregoriana ou instrumental ajudaria
os celebrantes a se prepararem silenciosamente para a celebração.
Quanto ao silêncio na sacristia, dedicarei
futuramente um artigo sobre este espaço. Que se converse sobre alguns detalhes
da celebração, tudo bem, mas quando a sacristia, antes da da celebração da
Missa, é local para se contar piadas ou fazer brincadeiras, então é preciso pensar
se tais atitudes condizem com aquilo que se vai celebrar.
Tenho a impressão que existe uma
confusão motivada pelo sentido festivo da Missa. Sempre se diz que a “Missa é
uma festa”. É verdade. Mas, qual o sentido da festa litúrgica? É a festa do
encontro fraterno e com Deus, que não acontece na barulheira, mas na alegria
interior, de onde a necessidade de silenciar para experimentar a manifestação
silenciosa do silencioso Deus. Quando não é capaz de celebrar a Missa em clima
silencioso, então a comunicação litúrgica deixará a desejar.
Serginho
Valle
2016
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