A Igreja estabelece um ministério
especial para quem é convidado a proclamar a Palavra de Deus na celebração
litúrgica. É o ministério do leitorato. É um ministério conferido pelo bispo
diocesano a pessoas que, em primeiro lugar, são dignas de testemunhar a Palavra
proclamando-a publicamente diante da comunidade. Diante disso, a celebração
litúrgica não tem um simples leitor, mas alguém que se coloca a serviço da
Igreja, na comunidade, para proclamar a Palavra de Deus aos celebrantes reunidos
em assembléia celebrativa.
Hoje,
infelizmente, a maior parte das comunidades não atenta para este ministério e opta
pelo caminho mais fácil: escolher qualquer um que saiba ler. Piora a situação
quando esta escolha acontece poucos minutos antes do início da Missa. Corre-se
o risco, deste modo, de desconsiderar o testemunho existencial, por exemplo,
como um requisito importante para alguém ser leitor na celebração da Missa. Não
se considera aquilo que o bispo diz ao instituir alguém no ministério: “recebe
o Livro Sagrado, medita o que lês e viva o que proclamas”. Ou seja, não se
trata de um simples leitor de um texto Bíblico, mas alguém que anuncia aquilo
que crê e procura pautar sua vida na luz da Palavra de Deus.
O fato de
colocar qualquer um que, apenas, saiba ler, mas vive distante da Palavra é indicativo
de desrespeito para com a Palavra. O leitorato deveria ser valorizado em nossas
comunidades também pela coerência de vida e não apenas pela aptidão da leitura.
Para isso, é importante oferecer ao leitor a oportunidade de entrar em contato
com a Palavra para aprender a afinar sua vida com esta mesma Palavra antes de
assumir o ministério do leitorato.
Posso
adivinhar uma pergunta: onde encontrar pessoas assim? Não é tão difícil. Em
nossas comunidades existe muita gente que vive ou procura viver a fé através de
um testemunho ético, com princípios de honestidade e de bondade. Entre nós, existe
muita gente que testemunha (ou se empenha) de modo exemplar na vivência da fé e
no discipulado do Evangelho.
Preparação dos leitores
Outro
elemento a ser considerado é a preparação dos leitores. A atividade inicial
desta preparação consiste em colocar os futuros leitores em contato com a
Palavra. Eles precisam conhecer a Palavra que irão proclamar, qual a dinâmica
desta Palavra na vida deles e como se colocam a serviço do Reino proclamando a
Palavra. Em muitos casos, isso é suficiente para se ter bons leitores e
leitoras. Reconhecer, em resumo, que se trata de uma Palavra divina e como tal
deve ser tratada. Não se admite, portanto, nenhuma atitude desrespeitosa.
Tal
pressuposto coloca algumas condições para que alguém possa assumir o leitorato,
como é o caso de crianças e de adolescentes, ou até mesmo de adultos, quando
não são capazes de compreender o que leem. Em outras palavras, não se pode
assumir como leitor quem apenas sabe ler, mas não compreende o que lê; é
preciso um algo mais que isso. É preciso conhecer a Palavra e entender o que
cada leitura pretende comunicar. Em resumo, não se trata de algo funcional, do
cumprimento de uma função, mas de algo como que emprestar a boca e o exemplo de
vida para que a Palavra produza frutos na assembléia onde é semeada.
A
preparação para o leitorato contempla também recursos comunicativos: capacidade
de ler interpretando o texto, capacidade de proclamar de maneira compreensiva
aquilo que está lendo; além de recursos básicos como saber ler, conhecer a
pontuação, ter boa dicção, saber lidar com o microfone... Leituras mal feitas
desrespeitam a Palavra e os celebrantes.
Além
disso, o respeito do leitor para com a Palavra (e também para com a assembléia)
é demonstrado pelo seu modo de vestir, o modo como se apresenta diante dos
celebrantes. Já fizemos menção da importância da “veste celebrativa” para os
leitores em outra oportunidade. Onde esta não é adotada, então o critério do
vestir-se é regido pela simplicidade, pelo decoro e pelo bom gosto.
Tais recursos
para os leitores exigem capacitação e isto significa oferecer oportunidades de
cursos para o treinamento de leitores, seja do ponto de vista técnico como
espiritual.
Ambão e livro
Ainda com
relação ao respeito para com a Palavra de Deus, chamo atenção para a dignidade
do local de onde se proclama a Palavra e para a importância do Livro da
Palavra.
O local da
proclamação da Palavra é o Ambão ou Mesa da Palavra. Já tivemos oportunidade de
escrever sobre o ambão neste blogger. Lembro, apenas, que não se trata de uma
simples estante, mas de um espaço privilegiado, de destaque e nobre.
A Palavra
de Deus também é respeitada pelo uso do Livro: Lecionário para as leituras e
salmo responsorial e, o Evangeliário para a proclamação do Evangelho nas Missas
Dominicais e solenes. Não se admite, em hipótese alguma, proclamar a Palavra de
folhetos ou de livretes. Nenhum dos dois é digno de ser usado na proclamação
Palavra.
Serginho Valle
2016
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