3 de fev. de 2017

Símbolo contextual

Por símbolo contextual entendo aquele símbolo que é criado em função e inspirado no contexto de uma determinada celebração. Um símbolo com a finalidade de favorecer a participação celebrativa dos celebrantes. Assim, se o contexto celebrativo estiver iluminando pela luz da caridade, o símbolo favorecerá celebrar a Eucaristia iluminada pela luz da caridade cristã. Exemplo deste símbolo contextual é o que vemos muito comumente nas Missas de Primeira Comunhão, servindo-se do pão e do vinho, outro exemplo, é o simbolismo contextual nas Missas rituais do Sacramento da Confirmação e em outras celebrações.
A confecção do símbolo contextual é um trabalho a ser realizado pelo ministério da ornamentação. É o ministério da ornamentação que tem a responsabilidade de criar o símbolo contextual. Para isso, o ministério da ornamentação precisa conhecer o contexto celebrativo de cada Eucaristia. Isto deverá acontecer especialmente nas Missas Dominicais. Sobre este tema, iremos voltar num próximo artigo.
Como todo símbolo, também o símbolo contextual obedece aos critérios do processo comunicativo litúrgico. Um critério importante faz referência ao local onde o símbolo contextual é colocado. Nunca sobre o altar, mas próximo do mesmo, na lateral ou na frente do altar e, em certos casos numa lateral do presbitério. O mesmo diga-se a respeito do ambão. O símbolo contextual não é mais importante que o ambão, por isso não poderá encobrir; esconder o ambão.  O símbolo contextual não pode anular outros símbolos já presentes na igreja, especialmente quando se trata das Mesas Eucarísticas, aquela da Palavra e aquela da Eucaristia.
Outro critério comunicativo é quanto ao tamanho do símbolo contextual que, igualmente, deve obedecer aos critérios da proporcionalidade: de acordo com as dimensões da igreja confecciona-se o símbolo contextual, para que seja visível por todos. Em certos casos, para ser melhor visto e apreciado, o símbolo contextual pode ser preparado na porta da igreja; assim, os celebrantes poderão visualizá-lo de perto e nos detalhes. Depois, o mesmo será conduzido ao presbitério na procissão inicial ou no momento da homilia, se o padre for fazer alusão ao mesmo, ou, acompanhando a procissão das oferendas. 
            Um terceiro critério é a beleza. No que se refere aos padrões de comunicação litúrgica, beleza rima com simplicidade. Por isso, o símbolo, mesmo necessitado de indicações explicativas, sua simplicidade deve ser tal que deixe uma ou mais portas abertas para outras interpretações, que poderão acontecer no decorrer da celebração, da parte dos celebrantes.

Conceito de símbolo
Por se tratar de símbolo, lembramos que todo símbolo mantém relação direta com a vida e, no caso da comunicação litúrgica em contexto celebrativo, com a vida cristã e com o discipulado. Com este critério bem especifico, evita-se o risco do alegorismo, que é um modo forçado de propor uma interpretação ou um significado desvinculado da vida. Exemplo típico de alegorismo, escrito em livros litúrgicos da Idade Média, por exemplo, é dizer que as janelas da Igreja simbolizam a brisa do Espírito Santo que por ali passa. As janelas não exercem função simbólica na igreja. Em caso de alegorismo, portanto, o símbolo não é capaz de comunicar-se com espontaneidade, pois, em certos casos, pode necessitar de um malabarismo intelectual para propor uma interpretação.
Isto também indica que a confecção do símbolo não pode ser pensada de forma apressada, como teremos oportunidade de ponderar futuramente. A criação simbólica exige meditação, reflexão teológica, reflexão espiritual e oração. Não se cria um símbolo de modo aleatório, mas a partir de uma reflexão de quem se deixa iluminar pela Palavra, uma vez que o símbolo contextual é criado em sintonia com o contexto celebrativo de cada celebração. Ele faz parte do contexto celebrativo; não é uma peça avulsa. 
Serginho Valle
2017


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