Muitas são as comunidades paroquiais
que criaram a Pastoral da Esperança, com a finalidade de atender famílias e
pessoas em casos de morte e de pós-morte. O contexto desta reflexão tem a ver
com a relação entre a Pastoral Litúrgica e a Pastoral da Esperança. Duas
pastorais que, especialmente em comunidades mais numerosas, precisam atuar
conjuntamente.
A Pastoral da Esperança nasceu da
necessidade de ajudar o padre no atendimento de pessoas e famílias enlutadas. É
um trabalho que exige preparo psicológico e espiritual de seus agentes, para
que saibam ser presença, especialmente silenciosa e de fé, no difícil momento
da morte. Mas, não é sobre este aspecto que dirijo minha reflexão.
Contextualizados na dimensão litúrgica, a Pastoral da Esperança tem, entre as
suas atribuições, realizar algumas celebrações, como o rito de encomendação dos
falecidos, além de outras celebrações no decorrer dos dias pós-morte e, até
mesmo na Missa de 7º Dia. De onde sua relação com a Pastoral Litúrgica.
A relação entre as duas pastorais, a
Litúrgica e da Esperança, acontece em dois modos. Naquele prático, pela qual a
PL oferece subsídios para que as celebrações sejam bem feitas e aconteçam de
modo participativo e, no segundo modo, propondo aos dirigentes de celebrações
orientações e até mesmo formação para celebrar do melhor modo possível. Neste
segundo elemento inclui-se a formação de uma ou de mais Equipes de Celebrações,
de acordo com a necessidade da comunidade.
Quanto a Equipe de Celebração para a
Pastoral da Esperança, esta é formada por um dirigente (aquele que presidirá a
celebração), um leitor, um salmista, um intercessor (que fará as preces dos
fiéis e ladainhas) e um ou mais músicos. Não se pode celebrar o momento da
morte de modo improvisado, com uma única pessoa fazendo tudo sozinho, mesmo que
esta “única pessoa” seja o padre ou o diácono. Esteja portanto a presidência da
celebração das exéquias a encargo do padre, do diácono ou de um leigo, sempre
contará com uma Equipe de Celebração. Além do respeito para com a Liturgia, a
Equipe de Celebração torna-se uma presença qualificada da comunidade rezando
com a família.
O mesmo modo de proceder deverá
acontecer nas celebrações que a Igreja propõe para os dias pós-morte até a
Missa de 7º Dia. Seja que se faça uma novena, seja que se reze o terço ou outra
forma celebrativa, haverá uma Equipe de Celebração para rezar com a família
enlutada de modo organizado, sereno e com todo respeito que a experiência
dolorosa da morte exige. Não se pode improvisar, principalmente quando a
Pastoral da Esperança age em nome da comunidade visitando famílias enlutadas. Não
há necessidade de grandes aparatos e nem de longas celebrações, mas há sim a necessidade
de se fazer bem feito com uma presença qualificada e confortadora.
Os ritos exequiais contemplam sempre
a proclamação da Palavra. O mesmo deveria acontecer nas celebrações dos dias
pós-morte. Sejam três dias de celebrações, sejam novenas ou sete dias — dependendo
do costume de cada comunidade — sempre deverá haver a proclamação da Palavra.
Sempre, mesmo que seja a recitação do terço; proclama-se a Palavra, cantam-se
duas ou três canções, e recita-se o terço.
É dever da Equipe Litúrgica,
juntamente com o padre, ter conhecimento do conteúdo das orações feitas nestas
ocasiões. Isto é importante, seja do ponto de vista doutrinal, seja na
modalidade oracional. A CNBB, aqui no Brasil, propõe um roteiro exequial para
tais celebrações. A Equipe Litúrgica da comunidade, juntamente com a Pastoral
da Esperança tenham conhecimento de tal ritual e se propõe a adaptá-lo (se for
o caso) e implantá-lo na comunidade.
Um dado, já mencionado
anteriormente, mas sempre necessário, é quanto a qualificação dos membros da
Pastoral da Esperança, especialmente aqueles que dirigem e participam das
celebrações. Por qualificação entende-se que sejam pessoas serenas, com
maturidade psicológica e espiritual capazes de lidar, sem exageros e sem frieza,
com a situação de dor e sofrimento provocados pela morte. Isto reconhecendo que
um modo de a Pastoral da Esperança exercer de modo eficaz suas atividades pastorais
passa pela celebração, de onde a necessidade de pessoas preparadas e de
celebrações qualificadas.
Serginho Valle
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