30 de mar. de 2016

A Última Ceia e a Missa

Você já deve ter ouvido falar que a Última Ceia foi a primeira Missa celebrada na terra. É verdade! A Última Ceia foi a celebração final de todo o projeto salvador do Pai realizado em Cristo, denominado de “Mistério Pascal”. A Última Ceia foi uma celebração de ação de graças — EUCARISTIA — e ao mesmo tempo a oferta do sacrifício que Jesus iria realizar na Cruz, o momento supremo do Mistério Pascal de Cristo. Para sermos breves. Cristo realizou na Última Ceia seu Mistério Pascal em modo ritual celebrativo.
            Isso é o mínimo do mínimo para se entender a Missa. Mas tem um porém que merece refletir um pouco. São as palavras de Cristo depois da bênção do cálice, que na Missa, nós chamamos de consagração do vinho. Cristo diz: “fazei isto em memória de mim”. Nas palavras de Jesus está expresso que a Missa é uma celebração memorial. O que significa isso?
            Significa que a Missa não é teatro — encenação, reprodução, ou qualquer sinônimo semelhante a isso — da Última Ceia. É muito mais que isso. Missa é a memória do Mistério Pascal, do sacrifício e da Ressurreição do Senhor. E aqui chegamos ao centro da questão, a chave da compreensão de todo ato litúrgico, de modo especial, da Missa. Se a Missa fosse teatro, ou coisa parecida, nós estaríamos repetindo um rito realizado por Cristo. Seja o padre como os ministros e, até mesmo, o povo celebrante, seriam atores ou, na pior das possibilidades, expectadores de um rito realizado há mais de 2000 anos. Mas não, todos nós somos celebrantes na Missa e, no momento celebrativo da Eucaristia, estamos participando Mistério Pascal de Cristo, do qual fazemos memória e graças a ação memorial, que sempre acontece pela atualização da Salvação, na força do Espírito Santo.
            Fazer memória não é repetir um rito, mas atualizar um acontecimento. Isso é tão importante para entender a Missa, que vou repetir com outras palavras. Fazer Memória não é teatralizar a Última Ceia, é atualizar, trazer para o momento presente, para o nosso hoje, para a nossa vida de agora, o acontecimento salvífico de Cristo. Quer dizer, a Salvação do Pai, realizada no Mistério Pascal de Cristo “naquele tempo”, acontece HOJE a nós que estamos celebrando a Missa nesse momento. É isto que se entende como a primeira e mais importante participação; participar (tomar parte) do Mistério Pascal de Cristo, participar da sua Salvação no nosso hoje.
            O mais bonito de tudo é que isso não é obra nossa, mas ação do Espírito Santo. Sem o Espírito Santo não existe Eucaristia, não existe participação na Salvação de Cristo, não existe presença memorial do Mistério Pascal de Cristo. Qualquer comparação de Missa com teatro é totalmente fora de contexto.
Serginho Valle


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