3 de jun. de 2016

Princípios básicos da comunicação oral - IGMR 38

IGMR 38.       
Nos textos que o sacerdote, o diácono, o leitor ou toda a assembléia devem proferir em voz alta e distinta, a voz corresponda ao gênero do próprio texto, conforme se trate de leitura, oração, exortação, aclamação ou canto; como também à forma de celebração e à solenidade da assembléia. Além disso, levem-se em conta a índole das diversas línguas e o gênio dos povos.
            Nas rubricas, portanto, e nas normas que se seguem, as palavras “dizer” ou “proferir” devem aplicar-se tanto ao canto como à recitação, observados os princípios acima propostos.


            A presente orientação da Instrução Geral do Missal Romano (IGMR 38) relata um princípio básico da comunicação oral, num contexto particular, aquele da celebração da Missa. São coisas básicas, que se deduz do bom senso, como o fato de proferir em voz alta e distinta, com clareza, aquilo que se lê, para que todos ouçam e compreendam. É o que se aprende desde os primeiros exercícios de retórica ou de oratória: falar alto, com clareza para ser ouvido. A este princípio básico de ler em voz alta e clara, seguem dois outros elementos, na IGMR 38: respeitar o gênero comunicativo e a forma celebrativa.
            Quanto ao gênero, entende-se que uma oração, por exemplo, seja proferida na assembléia celebrativa de modo diferente de uma leitura, na Liturgia da Palavra. A primeira tem o gênero orante e a segunda o gênero proclamativo de uma mensagem. Um salmo tem o gênero poético, por isso pede uma comunicação declamativa, quando não for cantado. Por isso, a orientação da IGMR 38 quanto a proferir uma oração com o tom orante e proferir uma leitura com um tom proclamativo, um salmo com tom declamativo, etc... Um é o gênero das aclamações, que diz respeito ao gênero aclamativo e, outro, é aquele do canto que, como se comentará oportunamente, se divide em outros gêneros, de acordo com o momento celebrativo, no qual se faz uso de canções.
            A segundo distinção refere-se à forma de celebração. A Missa é sempre igual, mas a forma, o modo de celebrar varia. O jeito de celebrar com uma assembléia pequena, formada de poucas pessoas, é diferente do modo celebrativo de uma assembléia grande. A celebração da Missa com crianças ou jovens tem formato diferente da assembléia formada por enfermos, exagerando na comparação para se fazer compreensivo. Por isso, o tom de voz, a altura do som, o formato comunicacional difere. Em assembleias com menor número de pessoas, por exemplo, o tom de voz e a entoação é mais baixa e coloquial. A Missa semanal tem um formato comunicativo diferente daquela dominical. E assim por diante.


Nem tudo é tão básico assim: leitores e músicos despreparados
            Mesmo sendo básico, nem sempre tais princípios, que deveriam ser básicos, são acolhidos e percebidos em algumas comunidades. A escolha de leitores e leitoras que mal sabem ler, por exemplo, afeta consideravelmente tais princípios básicos pelo fato de não saiberem ler. Se não sabem ler, não sabem interpretar e, se não sabem interpretar tem-se uma má comunicação, quando não, ruídos capazes de perturbar toda uma celebração. Por isso, para que tais princípios básicos sejam colocados em prática é necessário que os leitores e leitoras saibam ler. Quem não sabe ler, primeiro aprende, depois se candidate às leituras.
            O mesmo vale para quem tem problemas de comunicação em público. Pessoas que ficam nervosas e mal conseguem balbuciar palavras quando estão diante de muita gente, pessoas com problema de dicção, crianças ou adolescentes que leem sem entoação e sem pontuação. Quanto a isso e por isso, a exigência de se ter leitores capacitados precisa ser levada a sério; não se pode admitir qualquer um para se fazer de qualquer jeito. A Palavra de Deus, em primeiro lugar, as pessoas que compõem a assembléia, a Eucaristia em si, merecem todo o respeito e quando se lê mal se desrespeita a Palavra, os celebrantes e a Eucaristia. Que seja feito sempre o melhor possível.
            O mesmo vale para alguns grupos musicais, que ainda não se tornaram ministérios de música. Ainda falaremos sobre isso, mas dentro do que diz a IGMR 38, é visível que muitos grupos musicais (por isso não os considero ministério) cantam na Missa, pois não são capazes de cantar a Missa. Passam a impressão que estão lá mais para se apresentar (por isso os chamo de grupos musicais) e não para servir a assembléia através de suas canções, de onde a função e a finalidade ministerial.
Serginho Valle



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Um comentário:

  1. Parabéns... Saber ler, pontuar e interpretar uma frase é o mínimo para se fazer uma boa Proclamação da Palavra. Acho q onda quetemos q ser humildes o suficiente para reconhecer quando não somos aptos. Tem gente que tem dificuldades de leitura até em missas pela TV. Falta bom senso e humildade de quem lê e de quem escolhe os leitores.

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