
A emoção sempre está presente na
Liturgia. Quando esta desaparece, a celebração litúrgica torna-se apática,
morna. Mas é uma emoção que necessita tender ao sentimento. Não somente a
emoção da paz, mas que a paz se instale como sentimento cada vez que se celebre
a Liturgia, especialmente a Eucaristia. Não somente a emoção da alegria, mas
que a celebração seja envolvida pelo sentimento da alegria espiritual. E assim
se espera com a oração; não só a oração emocionada, mas a oração como
sentimento que brota do coração do celebrante, do centro de sua vida e se
expressa como vida.
Para
isso, primeira condição consiste em entender a celebração, do ponto de vista
orante, como oração comunitária, na qual se reza como Igreja; não tem sentido,
por exemplo, alguém ficar rezando o terço durante a Missa. A Liturgia, enquanto
ato celebrativo, é oração da Igreja — ênfase em ser oração da Igreja — e por
isso, pertence a toda a comunidade eclesial e não seja trocada por
espiritualidades de grupos ou movimentos. Sempre se reza a Liturgia como
Igreja, embora se reconheça que o modo de celebrar possa ter características
específicas; algumas espiritualidades cantam mais outras preferem celebrar
silenciosamente, por exemplo. Não existe, portanto, o bonito e o feio, o chato
e o agradável, mas modos diferentes de rezar celebrando.
Quando
se fala que a Liturgia é a oração da Igreja, entende-se que a Liturgia caracteriza-se
como a oração do Corpo Místico de Cristo, no qual é o próprio Jesus que reza e torna
cada celebrante um participante de sua oração filial ao Pai. Este é um dos
motivos pelo qual a Igreja orienta e estabelece como celebrar a Liturgia, em
vista de favorecer a dimensão comunitária da celebração e não o sentimento
pessoal (nem mesmo do padre) ou de algum grupo. A individualidade orante ou a
coletividade orante de um grupo, na ação celebrativa litúrgica, não é anulada,
mas associada ao Corpo Místico de Cristo, do qual ele é a cabeça e cada
celebrante, individualmente, é membro vivo (1Cor 12,27). Deduz-se, portanto,
que a celebração Litúrgica sempre é ato orante da Igreja, da qual cada celebrante
participa como membro vivo, com sua vida individual.
Serginho Valle
Junho de 2019
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