Todos
os celebrantes, fundamentados na Teologia do Sacerdócio Comum dos Fiéis, têm o
direito e o dever de participar ativamente da Liturgia da Igreja, em suas
celebrações. Inspirando-se na etimologia da palavra “participação” — “pars + in
+ actio” — que se traduz como “tomar parte”, “estar presente na atividade”, se
“fazer presente”, entende-se a participação litúrgica, num primeiro momento,
como acolhimento e presença física dos celebrantes na celebração.
Uma
segunda compreensão de participação é aquela que se denomina “participação
ativa”, entendida como envolver-se na celebração, cantando, rezando,
silenciando... estar presente na atividade celebrativa naquilo que compete a
cada um, seja em nível ministerial que assemblear. No caso da celebração
Eucarística, por exemplo, isso é claramente determinado na Instrução do Missal
Romano (IGMR
Do
ponto de vista da espiritualidade litúrgica, compreende-se a participação como
inserção — aquele que está inserido, que toma parte — no Mistério Pascal de
Jesus Cristo. Trata-se de inserção pessoal e comunitária. Participa-se do
Mistério Pascal de Jesus de modo pessoal e também como membro de uma
comunidade. Disto a necessidade enfatizar a compreensão da participação em seu
primeiro aspecto, aquele de se fazer presente para ser envolvido no clima
celebrativo, que sempre é clima epiclético, isto é, animado pelo Espírito
Santo. Dito em outras palavras, a participação, do ponto de vista da
espiritualidade litúrgica, pede a participação “in persona” (da pessoa) para
que seja santificada; para que participe da atividade santificadora do Espírito
Santo na Liturgia.
Na
segunda compreensão de participação litúrgica, aquela ativa, no contexto da
espiritualidade litúrgica, também esta coloca a condição de se fazer presente. Hoje,
existe toda uma discussão sobre o conceito de presença na Liturgia pelos meios
de comunicação social. Para a presente reflexão, quero apenas chamar atenção ao
fato que é o Espírito Santo que une a oração comum de todos os fiéis. É o
Espírito Santo que torna a oração agradável ao Pai e favorece a compreensão que
a Liturgia não é presbiteral, no sentido que o padre seja seu único protagonista
por presidir a celebração, mas pertence a toda a assembléia celebrante. Isto é
bem compreendido quando se define a Liturgia, no contexto da sua
espiritualidade, como atividade espiritual — atividade do Espírito Santo — com
a participação de todo o Corpo Místico de Cristo.
É
pela Liturgia que a Igreja se manifesta como comunidade orante diante do mundo
e invocadora incansável da presença divina na terra, como ensinado pelo próprio
Jesus que, onde dois ou três estiverem reunidos — estiverem participando — em
seu nome de uma súplica ao Pai, ele ali está presente (Mt 18,20), ali “ele está
no meio de nós!”
Serginho Valle
Maio de 2019
0 comentários:
Postar um comentário
Participe. Deixe seu comentário aqui.