Dentre
as várias dimensões presentes na Liturgia, a dimensão orante ocupa certo
destaque por considerar a Liturgia como a oração da Igreja; oração celebrada na
Igreja e pela Igreja. É no contexto da dimensão orante que, de modo natural,
podemos dizer, vincula-se uma dimensão central da espiritualidade litúrgica. Nesta
breve reflexão, duas dimensões que fazem da Liturgia uma escola de oração e a
principal escola da espiritualidade da Igreja
Jesus Reza Conosco Na
Liturgia
Jesus
fez de sua vida uma oração constante e nunca interrompida com Deus, a quem
chama de Abba (Pai). Agora, a oração filial de Jesus continua por nós e em nós,
como diz Santo Agostinho, na e pela Liturgia. Assim sendo, podemos descrever a
Liturgia como ação orante, como atividade orante pela qual a Igreja, Corpo
Místico de Cristo, reza ao Pai com uma prece constante e nunca interrompida,
oferecida por Jesus ao Pai, nosso sumo e eterno sacerdote mediador.
A
este propósito, vale a pena lembrar que o Papa Paulo VI introduz a reforma da
Liturgia das Horas, na Constituição Laudis Canticum, com uma orientação importante
que nos ajuda a compreender a dimensão orante da Liturgia: “o cântico de louvor que ressoa eternamente nas moradas celestes, e que
Jesus Cristo, Sumo Sacerdote, introduziu nesta terra de exílio, foi sempre
repetido pela Igreja, durante tantos séculos, constante e fielmente, na
maravilhosa variedade de suas formas."
São
Paulo VI está dizendo que a oração da Igreja, entendida como Oração Litúrgica,
continua a oração “das moradas eternas”, trazida por Jesus à terra. É uma
oração, portanto, vinculada à oração celeste, feita diante do trono divino.
A
Igreja reza a liturgia – a Igreja reza com a Liturgia
Outro aspecto da dimensão orante
está no fato que a Liturgia é a oração da Igreja e é a oração com a qual a
Igreja reza. Note-se que com esta afirmação não se está excluindo a oração
pessoal, que é também uma forma orante da Igreja e na Igreja. Ao afirmar que a
Igreja reza a Liturgia e reza com a Liturgia entende-se que cada celebração
litúrgica, seja em que parte da terra estiver, é celebrada por toda a Igreja e
como Igreja Corpo de Cristo que se reúne em assembléia para louvar o Pai. Neste
aspecto, a Igreja jamais deixa de rezar, deixa de ser orante diante de Deus.
Em
tal contexto orante, como conhecemos pela prática, vários são os modos pelos
quais se exercita a oração litúrgica, sempre considerada como oração
celebrativa. Isto, reforçando, acontece em todas as celebrações sacramentais, porque
as celebrações sacramentais não são apenas ritos funcionais e fáticos, mas
também orantes e, igualmente, são celebrados em clima orante.
Na perspectiva orante da Liturgia serve
um destaque à Liturgia das Horas, com a finalidade de santificar o dia pela
oração. A Liturgia das Horas é uma celebração litúrgica que se serve
essencialmente da Palavra de Deus para rezar a Deus com louvores, meditação e
súplica. Sendo oração celebrada, entende-se que aconteça no contexto de uma
assembléia orante, mas pode ser recitada individualmente, especialmente na
forma do Ofício das Leituras.
Serginho Valle
Maio de 2019
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