A formação e a espiritualidade litúrgicas são os pilares da Pastoral Litúrgica Paroquial (PLP)

A paz do Senhor!

A finalidade deste espaço é oferecer material de formação litúrgica para quem atua em ministérios litúrgicos na comunidade paroquial. Seja muito bem-vindo e bem-vinda. Se quiser e puder deixar sua contribuição, agradeço muito. (Serginho Valle)
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22 de mai. de 2021

Espiritualidade litúrgica no Sacramento da Penitência


A espiritualidade do Sacramento da Penitência diz respeito à reconciliação e à libertação do pecado. É o sacramento da volta, que retoma as relações com Deus e com os irmãos afetadas pelo pecado. É o sacramento que ajuda reencontrar Deus e o irmão ao cair em si e tomar consciência do pecado cometido. É o sacramento “para que os fiéis, tendo caído em pecado após o Batismo, se reconciliem com Deus” (Ritual da Penitência, n. 3).

A dimensão espiritual, como todo o projeto da espiritualidade do sacramento da Penitência, está demonstrada na parábola do filho pródigo (Lc 15,11-32). É uma espiritualidade reparadora, da volta para casa, da coragem e humildade de colocar-se aos pés da Igreja, na pessoa do padre, para pedir perdão pelos pecados. É um verdadeiro exercício de ascese, de luta interior, que faz “entrar em si” (Lc 15,17), reconhecer-se longe de Deus e da família/comunidade eclesial e, a partir disso, tomar o firme propósito de voltar: “voltarei para a casa do meu Pai e direi” (Lc 15,18-20).

O primeiro aspecto desta espiritualidade, portanto, é reconhecer-se pecador, aceitar a graça e entrar em si. Para tanto, conta-se com a graça divina e com a ajuda orante e acolhedora dos irmãos (Mt 18,15-20). É grande a riqueza espiritual de quem se sente necessitado do perdão reparador. De quem, harmonizado e maduro na fé, contempla seu estado deplorável e vai em busca da reconciliação com o Pai e com sua comunidade. Esta é a primeira graça do Sacramento da Penitência.

A espiritualidade do sacramento da Penitência tem início na acolhida da graça divina que faz alguém ser capaz de “entrar em si” e continua na humildade, no gesto humilde de confessar sua falta ao Pai, que lhe resgata a vida. É quando acontece o milagre da reparação: o Pai aceita e reveste seu filho com a dignidade de quem pode sentar-se à mesa para a festa da vida onde o alimento da vida plena é farto (Lc 15,22-24).

Interessante perceber o detalhe do “revestimento”. Uma vez perdida ou manchada a veste branca do batismo, ao perdoar quem pecou, o Pai reveste; dá uma veste nova ao filho, calçados para os pés e anel no dedo (Lc 15,22). É a reparação do pecado, a recuperação do irmão que estava morto e foi-lhe devolvida a vida (Lc 15,32). O pecado é a morte da vida e a volta a Deus é a reparação da vida, a recuperação da vida, a graça da ressurreição espiritual. É uma espiritualidade que contempla a reparação de quem estava no pecado, morto para Deus, longe de Deus e voltou a viver na graça.

São alguns acenos da espiritualidade litúrgica da Penitência vivenciada por quem o celebra, penitente e confessor. É a alegria espiritual de poder sentar-se à mesa e não passar o restante da vida comendo a sujeira, a lavagem existencial destinada aos porcos (Lc 15,16). Eis a espiritualidade reparadora de quem se faz ministro da reconciliação tanto no ministério sacerdotal como no ministério de quem se dispõe a preparar seus irmãos e irmãs para bem celebrar e viver esta espiritualidade da volta à vida, de volta à harmonia espiritual de viver na casa do Pai.

Serginho Valle

Maio de 2021

 

8 de mai. de 2021

Reflexão da espiritualidade do Matrimônio e Ordem na Pastoral Litúrgica


Pela minha experiência, tenho constato que um bom número das Equipes de Liturgia, em nossas comunidades paroquiais, dedica pouco tempo para refletir sobre a espiritualidade daquilo que celebram. Isto vale para quase todas as celebrações sacramentais e, de modo mais pontual, isto diz respeito à espiritualidade pressente nas celebrações matrimoniais e de ordenações.

Talvez, entre o Sacramento da Ordem e do Matrimônio, a preparação das ordenações leva vantagem. Como se trata de celebrações menos frequentes, as mesmas são preparadas com reflexões vocacionais, tríduos e até mesmo seminários ou conferências sobre a vida e a espiritualidade decorrentes do Sacramento da Ordem.

Infelizmente, assim não acontece na preparação celebrativa do Sacramento do Matrimônio. Em algumas situações, a celebração litúrgica fica em segundo plano ou é delegada ao que hoje se denomina de “cerimonialistas” que a preparam sem nenhuma referência ou inspiração à espiritualidade matrimonial. Na atividade cerimonialista, a atenção e preocupação concentra-se nos preparativos festivos, nos cuidados com enfeites, músicas e outros detalhes.

Diante de tal quadro, não apenas é muito importante que sua Equipe de Liturgia dedique tempo para refletir sobre a espiritualidade litúrgica presentes nas celebrações do Matrimônio e da Ordem. Como são realizadas mais celebrações matrimoniais que ordenações, é de bom senso dedicar mais tempo na reflexão da espiritualidade matrimonial presente nas orações, prefácios, ritos e símbolos usados na celebração do casamento.

 

Refletir a espiritualidade na comunidade

         Considero que a reflexão da espiritualidade sacerdotal e matrimonial presente na celebração do Matrimônio e da Ordem podem ser um excelente recurso de discernimento vocacional entre os jovens. Por isso, não se restringir a refletir a espiritualidade desses Sacramentos entre os membros da Equipe Litúrgica, mas em diferentes oportunidades de encontros com jovens e adolescentes. Apresentar o que o rito celebra e como o rito compromete existencialmente quem é ordenado e os noivos que se casam.

Outra atividade para aprofundar a espiritualidade presente nas celebrações desses Sacramentos pode ser feito em colaboração com as Pastorais Familiar e Vocacional da comunidade. É sempre bom dedicar um grande espaço à espiritualidade matrimonial e sacerdotal, reforçando o que dizia acima, em encontros realizados com casais, com jovens, e, particularmente com adolescentes da catequese crismal. É importante ajudá-los a reconhecer que a vida cristã, seja matrimonial ou sacerdotal, sempre é alimentada pelo Espírito Santo e que, mesmo em diferentes modos de viver, é sempre caminho de amor, de oblação da vida a Deus e de santidade.

Além disso, é de suma importância que a espiritualidade seja ressaltada no momento celebrativo de cada um desses sacramentos. Neste caso, a necessidade de preparar celebrações belas e alegres, como requer um momento tão especial para aqueles que estão iniciando uma nova etapa em suas vidas. Celebrações marcadas muito mais pela fé e pela oração e, menos pela dimensão teatral e espetacular. A beleza da espiritualidade não é ostensiva; é simples e belamente sóbria.

Serginho Valle

Março de 2021

 

1 de mai. de 2021

Sacramentos medicinais


Assim como o cuidado com a vida corporal necessita, de tempos em tempos, de alguma medicina, de algum remédio, o mesmo acontece com a vida espiritual. Também a vida espiritual sente necessidade de ser socorrida com alguma medicina, com algum remédio de ordem espiritual. Do ponto de vista litúrgico, a Igreja presta socorro medicinal nas e pelas celebrações do Sacramento da Penitência e do Sacramentos da Unção dos Enfermos. Um adendo: os dois sacramentos medicinais cuidam do espirito e do corpo, neste caso mais especificamente, a Unção dos Enfermos. 
        O caminho e a caminhada são dois símbolos muito caros aos cristãos usados para descrever a vida cristã e a pedagogia no discipulado. O discípulo e discípula cristãos caminham na “estrada de Jesus”, como rezamos na Oração Eucarística V. A “estrada de Jesus” é a estrada do Evangelho, é o próprio Evangelho. Um caminho seguro e com a garantia de vida plena e de vida totalmente realizada. 
          Mas, como acontece em todos os caminhos e caminhadas onde colocamos nossas vidas, dada nossa condição humana, os desvios de rota, cansaços e debilidades são, para a maior parte de nós, inevitáveis. Os Sacramentos da Penitência e da Unção dos Enfermos ajudam e favorecem a retomada do caminho e da caminhada de quem se desviou ou daquele que caiu nas malhas do pecado. São dois sacramentos celebrados para fortalecer as fraquezas que a vida humana enfrenta tanto no corpo como no espírito. 
        As debilidades e fraquezas na vida cristã podem ser espirituais, psicológicas, morais e corporais. Quem cai no pecado ou vive no pecado é um enfraquecido do ponto vista espiritual e debilitado no plano psicológico. Quem tem a experiência sacerdotal de celebrar o perdão, no Sacramento da Penitência, sabe que muitos problemas psicológicos estão relacionados ao pecado ou a uma situação pecaminosa. Hoje, não resta dúvida que a ausência ou carência de uma moral iluminada pela luz do Evangelho é causa de desvio de conduta e de transtornos psicológicos e comportamentais. 
         Do ponto de vista da fraqueza corporal (doença), a maior parte das pessoas experimenta — quase que naturalmente, eu diria — a debilidade psicológica. A doença grave ou a ameaça de alguma doença sempre mexe com o emocional e com o psicológico da pessoa. Todos percebemos isso, de modo muito claro, na experiência da pandemia, em 2020 e 2021. A fraqueza corporal, a debilidade física tem relação com a debilidade psicológica. Em socorro destas fraquezas vêm os sacramentos da Penitência e da Unção dos Enfermos. Disto a importância e a necessidade de serem bem celebrados, especialmente celebrados com calma e em clima de oração. 
        Não é sem motivo, por estes poucos argumentos que propus, que os sacramentos da Penitência e da Unção dos Enfermos são conhecidos como sacramentos medicinais. São apresentados aos cristãos como reforço na caminhada, como remédio na caminhada existencial, para que a pessoa enfraquecida possa recuperar a boa estrada ou recuperar o vigor da saúde de conviver entre os irmãos e irmãs, “se for da vontade de Deus”, como diz o Ritual da Unção dos Enfermos. 
        Celebrar estes sacramentos, do ponto de vista espiritual, especialmente do ponto de vista da espiritualidade litúrgica, é buscar uma “medicina” da qual Deus é o dispensador em modo pleno e benéfico. Ele concede o remédio do perdão, que perdoa e reconcilia; ele revigora com o remédio da cura ou do consolo fortalecedor do óleo o resgate da vida, lá onde a força corporal fraqueja.

Serginho Valle
Maio de 2021