
Nunca, nem em minha juventude, gostei de rock,
especialmente do chamado “rock pesado”. Para mim é gritaria e agressividade
sonora sem graça. Mas, reconheço que se trata de gosto pessoal, que defendo com
o conhecido provérbio latino “de gustibus et coloribus non disputandum est”.
(“A respeito de cores e gostos não se discute”).
Há
quem defenda o ritmo roqueiro nas Missas para atrair jovens. Discordo deste
princípio pastoral; se música fosse a solução para atrair jovens para as
celebrações, tudo seria bem mais fácil. A música tem, sim, sua função
evangelizadora, mas não a solução no quesito presença e participação em
celebrações litúrgicas. Não gosto do barulho agressor do rock; entendo que
promove dispersão e dificulta a oração, impedindo o recolhimento silencioso
que, ao meu ver, é essencial para uma participação consciente, ativa e efetiva
na celebração.
Os
jovens que curtem rock e outros ritmos semelhantes têm muitos (e tantos) outros
locais para ouvir sua música barulhenta. Disto a Liturgia pode sentir-se dispensada.
Invés de oferecer barulho, é mais pastoral que a Igreja ofereça-lhes espaço e
oportunidades onde possam silenciar, neste mundo tão barulhento, no qual vivem
e convivem. Os jovens podem, sim, ser atraídos para a celebração pela música,
desde que esta seja um diferencial, uma música diferente, capaz de transmitir
uma mensagem diferente, a ponto de acalmar e cantar em seus corações com
acordes de ternura e de paz, de prece e de consolo.
Música
litúrgica não tem conotações agressivas, nem no ritmo e nem na letra. E, mesmo considerando
que a letra seja poetizada com conteúdos bíblicos, a agressividade barulhenta
do ritmo roqueiro, ou de outro de igual naipe, a abafa com a agressão de
baterias e de guitarras no último volume. A música litúrgica não tem a
finalidade de atordoar os sentidos auditivos para promover transe; tem a
finalidade de acalmar, de pacificar o coração e colocar em estado de quietude
todos os sentidos para se encontrar com a paz divina, na oração, na meditação
celebrativa. Por estes, e outros mais, não considero o rock um ritmo adequado
para a celebração litúrgica.
O
argumento maior de minha recusa ao rock nas celebrações, além dos propostos
acima, está na finalidade da música litúrgica na ato celebrativo: cantar a
celebração com canções e ritmos que condizem com a celebração do culto divino,
com canções e ritmos que favoreçam a beleza nas formas e possibilitam o clima
orante (MS 4-5) e introduza os celebrantes na participação plena do Mistério
Pascal celebrado.
(Serginho Valle)
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