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13 de dez. de 2025

Por que a Liturgia fala a nossa língua: o sentido pastoral do português na celebração


 

Todos juntos, louvando em todas as línguas, como demonstra o fundo da ilustração.

    Entre as diversas propostas e finalidades da reforma litúrgica promovida pelo Concílio Vaticano II, destaca-se uma intenção clara e profundamente pastoral: abrir o tesouro da Sagrada Escritura a todos os celebrantes. Trata-se de servir com abundância o alimento da Palavra de Deus na Mesa da Palavra, de modo que ela seja realmente acolhida, compreendida e vivida.

Compreender a leitura

    O primeiro passo, nesse caminho, é tornar a leitura compreensível. Não é possível entender aquilo que se proclama se a leitura for feita em uma língua desconhecida. Durante muito tempo, as leituras eram proclamadas em latim. Como consequência, poucos celebrantes — ou quase ninguém — compreendiam o que estava sendo lido.

    A reforma litúrgica assume, então, uma decisão prática e pastoral: para que a Palavra seja verdadeiramente compreendida, ela deve ser proclamada na própria língua do povo. É fundamental que os celebrantes entendam aquilo que escutam. Por isso, as leituras são feitas na língua de cada assembleia — em português, para nós, aqui no Brasil.

    Depois de estabelecer que as leituras deveriam ser proclamadas na língua do povo, a reforma litúrgica compreendeu que, para o bem dos celebrantes, toda a celebração deveria acontecer na própria língua. Assim, no Brasil, celebramos a Liturgia em português e, por isso, a nossa Liturgia fala português.

    A proposta de celebrar em língua vernácula — isto é, na língua de cada país — é inteiramente pastoral. Possui uma finalidade concreta e objetiva: possibilitar que os celebrantes participem ativamente, compreendendo aquilo que estão celebrando. É notoriamente sabido que a língua é um fator preponderante para que a participação plena e consciente aconteça na celebração.

A língua litúrgica

    É comum ouvir a afirmação de que a reforma litúrgica aboliu a língua oficial da Liturgia. Essa ideia, porém, não corresponde à verdade histórica. A primeira língua utilizada na Liturgia cristã foi o grego. Em seguida, adotou-se o latim e, posteriormente, as línguas vernáculas, próprias de cada país.

    Por que a Igreja substituiu o grego pelo latim? Porque o povo de Roma já não compreendia o grego. A história litúrgica relata que o Papa Dâmaso (366 – 384), inclusive, não compreendia plenamente o grego. Se era, que era Papa, não compreendida, imagine o povo. Surge, então, uma pergunta inevitável: qual é o sentido de celebrar a Liturgia sem entender uma única palavra? O senso pastoral de Papa Dâmaso optou por algo prático: mudar a língua do grego para o latim.

    Outro exemplo de sensibilidade pastoral em relação a língua, na antiguidade, é dos irmãos São Cirilo e São Metódio, no século VIII. Eles compreenderam que o Evangelho só cumpre sua missão quando é acolhido pelo coração do povo na língua e na linguagem do povo. Por isso, traduziram a Escritura e a Liturgia para a língua eslava. 

    Sua proposta pastoral afirmava que Deus fala todas as línguas e se comunica na cultura de cada povo. Deste modo, a língua vernácula torna-se instrumento de evangelização no ato celebrativo. Para mais informações sobre o tema Liturgia e evangelização clique aqui: PDL 

O latim é a língua litúrgica?

    Afinal, o latim é ou não a língua oficial da Liturgia? Essa pergunta comporta duas respostas.

    A primeira é afirmativa: sim, o latim é a língua litúrgica oficial. Isso porque os documentos oficiais da Igreja são redigidos em latim. O mesmo vale para os documentos litúrgicos: os rituais, o Missal Romano, o Pontifical Romano. Os livros litúrgicos originais são escritos em latim e recebem o nome de editio typica, isto é, a edição típica, original, a partir da qual se realizam as traduções para todas as línguas do mundo.

    A segunda resposta é negativa: não, o latim não é a língua oficial da Liturgia no ato celebrativo. Por quê? Porque cada país celebra a Liturgia em sua própria língua. Assim, a língua de cada povo torna-se oficial para a celebração litúrgica.

    A finalidade é claramente pastoral: tornar compreensível tudo o que é proclamado, rezado (eucologia), refletido (homilia) ao longo da celebração. E, mais ainda, ajudar a compreender que Deus entende todas as línguas e que podemos falar com Ele na língua que usamos em nosso país; na língua com a qual nos comunicamos entre nós.

    Celebrar a Liturgia nas incontáveis línguas faladas na terra remete-nos ao milagre de Pentecostes (At 2,1-4), quando o Espírito Santo transforma o louvor da humanidade em um único louvor proclamado em todas as línguas — “e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem. Diante disso, diante do argumento que é o Espírito que concede à Igreja falar em todas as línguas, torna-se insuficiente exigir que apenas uma língua, o latim, seja considerada apta para ouvir a Palavra de Deus, para rezar, para refletir e para celebrar os Santos Mistérios na Liturgia.

Serginho Valle
Dezembro de 2025.

Leituras complementares no mesmo tema:

Porque conhecer o que celebramos    

A Liturgia mudou


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