Os mais novos não
lembram. Quem está na faixa dos 30 aos 35 também não lembra como era celebrada
a Liturgia há anos atrás. Já ouviram falar que a língua litúrgica era o latim.
Escutaram os antigos dizer que os padres celebravam a missa de costas para o
povo. Alguns chegam até mesmo a se rejubilarem não terem vivido naqueles
tempos, porque, segundo contam seus avós, a Missa era bem mais longa que hoje em
dia. Muita coisa mudou mesmo, em termos de celebração litúrgica.
Mudou no jeito de celebrar, é claro.
O modo de celebrar era diferente, mas a razão pela qual se celebrava sempre foi
a mesma em todos os tempos. Mudou muita coisa: o local do altar mudou; antes era
colado na parede do fundo da Igreja, agora está na frente, visível a todos.
Mudou o espaço ocupado pela presidência do padre. Antes era lá em cima, perto
do altar, agora, ele está mais próximo do povo e preside boa parte da
celebração da cadeira presidencial. Mudaram os paramentos do padre. Antes o
padre usava de cinco a seis peças para celebrar a missa. Hoje o padre usa duas
ou três, a túnica, a estola e a casula.
Tantas coisas mudaram na celebração.
Mudou também o jeito de entender a celebração. Há anos atrás se dizia: “eu vou
assistir a missa”. Hoje se diz: “eu vou participar da missa”. Verdade que
alguns ainda insistem em falar “assistir missa”, mas ou é por costume, ou é
porque ainda não prestou atenção que a missa mudou e que não dá mais para ser
assistida de modo passivo. Mudou o jeito do povo se comportar na Igreja. Antes
o povo ficava rezando o terço ou ladainhas ou fazendo novenas para santos e
santas durante a missa. Hoje, não tem sentido rezar o terço durante a Missa,
por exemplo. Quem vai à missa, reza o terço depois, faz as novenas outra hora,
mas não durante a missa. A Missa é celebração.
Mudou ainda
algumas coisas com relação à música. Antes o coral cantava a Missa praticamente
sozinho e o povo participação ouvindo. Eram cantos polifônicos, em latim ou em
português. O povo escutava. Era bonito (quando o coral cantava bem). Hoje toda
a assembléia é convidada a cantar ou a alterar canções entre o coral, o
ministério da música e a assembléia. Alguns não cantam, por desafinação, outros
por vergonha e outros porque ainda estão no modo antigo e preferem ouvir música
na igreja, embora o “ouvir musica” seja um modo de participar e até mesmo de
rezar.
Quanta coisa mudou na nossa Liturgia.
Quanta coisa! Leitura? Quem fazia leitura antigamente? Era só o padre. Lia em
latim. Poucos entendiam. Mulher fazer leitura? Nem pensar. Aliás, era até mesmo
proibido que a mulher subisse no presbitério, quanto mais ler. Hoje não, a
mulher lê na Igreja e recebem o ministério do leitorato.
E a distribuição da comunhão. Só
padre. Hoje os leigos ajudam na distribuição da Eucaristia; homens e mulheres.
Às vezes algumas pessoas não comungam com os ministros ... Por que será? Será
que pensam que Cristo é menos Cristo quando dado por um irmão ou irmã leigo? Ou
será que o Cristo da hóstia consagrada que o padre dá está mais presente? Fatos
assim indicam que muitos ainda precisam mudar, passando de expectadores para
celebrantes.
A Liturgia mudou não para ser “apresentada”
a uma assembléia celebrativa, mas para ser melhor participada e comungada. Às
vezes, na ânsia de novidade, alguns padres ou ministérios celebrativos
confundem participação com animação e, em vez de celebrar orando, celebrando
com cantorias, gesticulações e palmas a todo instante e abolindo o silenciar.
Falo dos excessos. Não foi para isso que a Liturgia mudou. Mudou para ser mais
participativa, com um novo jeito de se comunicar celebrativamente, não para
transformar o padre em animador de auditório e os músicos, por exemplo, em
bandas. Se a Liturgia mudou, hoje há a necessidade de mudar algumas
mentalidades para entender o sentido e a finalidade das mudanças para celebrar
liturgicamente.
Serginho Valle
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