Algumas
comunidades têm mais de um padre. E como ninguém é igual a outro alguém, é
comum haver comparações. Preste atenção nas preferências. Um se agrada mais do
padre alegre, sorridente. Outro tem preferência pelo padre quieto, que celebra
de modo mais silencioso, que conduz a celebração pelos caminhos do silêncio e
não tanto pela animação de palmas e gestos. Tem aquele que se identifica com o
modo de um padre presidir batizados, de ouvir confissões, de celebrar a
Eucaristia. E tem outros que não o suportam. Questão de gosto, não de
discussão, é claro! Tudo muito natural; não há nada de errado nisso. Pode ser
uma questão de simpatia ou antipatia por alguém ou, simplesmente, uma
preferência pelo jeito de celebrar. E, além de tudo, cada padre, com seu jeito,
não celebra sozinho, celebra com a comunidade e a comunidade celebra com o
padre.
Vamos
procurar ligar alguns pontos. Primeiro: quem celebra não é o padre sozinho, ele
celebra com a comunidade, reunida em assembleia. Segundo: a celebração não é do
padre, é de toda a comunidade. Terceiro: o sujeito da celebração litúrgica é a
comunidade reunida em assembléia. Pode, então, surgir duas perguntas: se é a
comunidade quem faz a celebração, o que o padre faz lá na frente do povo
durante as celebrações litúrgicas? E na Missa; não é o padre quem faz a
missa?
É
fácil entender as razões. O sujeito da celebração, quem faz a celebração
litúrgica é a comunidade, a Igreja reunida em assembléia. O padre também faz
parte da comunidade. Ele fica lá na frente porque, na celebração litúrgica,
presta um serviço celebrativo: o serviço de presidir ou dirigir a celebração.
Na Missa, o padre é o presidente, não no sentido de que manda na celebração,
mas que preside a celebração. Isso não significa, em absoluto, que o padre seja
o dono da celebração. A celebração litúrgica, da Missa e de todos os Sacramentos,
pertence a toda comunidade reunida em assembleia, presença viva da Igreja,
embora o modo de presidir conte muito e quase sempre favorece ou impede uma boa
participação celebrativa.
O
modo de presidir tem a ver com o modo comunicativo da linguagem litúrgica.
Quanto a isto, infelizmente, nem todos os padres a dominam a contendo. Alguns
entendem que se comunicar bem na Liturgia é “apresentar” a Missa e, em vez da
presidência litúrgica, assumem o papel de animadores da assembleia, com
convites para bater palmas, levantar as mãos, cantar mais alto, além do
exercício visual de fechar e abrir olhos. Alguns fazem exatamente o oposto e
celebram de modo seco, quase como leitores de Missal ou de folhetos. Mas, este
é um assunto que voltarei oportunamente, quando tratarei da arte de celebrar.
Tem ainda, e não
em pequeno número, aqueles padres que dominam a arte da comunicação litúrgica.
São aqueles que sabem dosar a palavra e o silêncio, conhecem o tom afinado para
se cantar na celebração e equilibram a participação dos celebrantes com
palavras, silêncios, canções e gestos próprios e comedidos para cada rito.
Celebração bem presidida não aquela na qual se excede em canções, palavras,
silêncios ou gestos e ritualidades, mas aquela que obedece o equilíbrio
celebrativo proposto pela Igreja, para favorecer a oração, a reflexão e a
adoração.
Serginho
Valle
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