A formação e a espiritualidade litúrgicas são os pilares da Pastoral Litúrgica Paroquial (PLP)

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A finalidade deste espaço é oferecer material de formação litúrgica para quem atua em ministérios litúrgicos na comunidade paroquial. Seja muito bem-vindo e bem-vinda. Se quiser e puder deixar sua contribuição, agradeço muito. (Serginho Valle)
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7 de dez. de 2025

Celebrar a Paz e a Justiça e o compromisso social


 

A imagem apresenta cenas de destruição entrando na assembleia e a força da paz sendo suplicada pela oração e presente na espiritualidade litúrgica

Celebrar a paz e a justiça e o compromisso social

As assembleias celebrativas que mais atraem pessoas, lotando igrejas e salões em nossos dias, são compostas por fiéis em situações de vulnerabilidade: estresse emocional, ansiedade, angústia, fobias, medos... Problemas de ordem psicológica que, logicamente, afetam a vida das pessoas.

Os motivos são variados: desemprego, doenças, luto, perda de dinheiro, separações ou litígios familiares…

Participar de celebrações litúrgicas implorando o socorro divino em condição de vulnerabilidade psicológica é compreensível e recomendado.

 É um foco importante, necessário e justo — mas não pode ser o único. Existem necessidades pessoais e necessidades sociais atingindo toda a humanidade que também precisam ser levadas para a celebração litúrgica. Uma dessas necessidades é a justiça e a paz.

 

Celebrar o dom da paz e da justiça

O mundo está queimando em guerras e violências que causam sofrimentos em todas as partes da terra.

 Isso também precisa entrar nas celebrações, intercedendo a Deus o dom da justiça e da paz para que cessem as guerras e as violências. A paz e a justiça são dons divinos oferecidos por Deus para que a humanidade se torne cada vez mais humana. O cultivo da paz e da justiça humaniza a sociedade e a torna mais segura, mais favorável à vida digna.

A Bíblia apresenta a justiça inseparável da paz (Is 32,17; Tg 3,18). A paz é o dom divino oferecido a um mundo conturbado por guerras e violências provocadoras de injustiças absurdas contra a humanidade. Nada mais justo que esse dom seja suplicado em nossas celebrações, em favor de irmãos e irmãs vítimas de guerras e de tantas violências. Quanto mais rejeitado e descuidado for o dom da paz, mais necessidade se tem de implorá-las em nossas celebrações litúrgicas.

 

Liturgia como promotora da fraternidade

As violências, em suas mais diferentes manifestações, impedem a sociedade de construir a fraternidade ensinada por Jesus. Um exemplo são as polaridades políticas e até religiosas que dividem, distanciam e criam inimigos na comunidade e na sociedade. Promoção de violência por não se pensar como este ou aquele grupo.

 A realidade desses movimentos que impedem a construção da paz e da justiça precisam ser levados para dentro de celebrações, não só como motivo intercessor, mas também como provocação para que as celebrações litúrgicas sejam promotoras de reconciliação e alimentadoras da solidariedade social através da fraternidade cristã.

 A Liturgia, especialmente celebrada em grandes assembleias como a Eucaristia, é fonte promotora da fraternidade e da reconciliação.

 

Anunciadores e construtores da paz

Graças à presença de Jesus em todas as celebrações litúrgicas, como ensina a Sacrosanctum Concilium (SC 7), ele continuamente oferece o dom da paz (Jo 14,27), motivo pelo qual os celebrantes sempre devem se dispor a acolher o dom da paz como bem pessoal e como compromisso do testemunho cristão.

 O mesmo Jesus que, depois Ressurreição, entra no Cenáculo e deseja a paz (Jo 20,19) continua presente na Eucaristia e, igualmente, continua enviando os celebrantes como anunciadores e construtores da paz: “em cada casa que entrardes, dizei: paz a esta casa” (Lc 10,5).

 Assim, os celebrantes da Liturgia, especialmente os que participam da Eucaristia, não apenas intercedem pela paz e realizam o rito da paz, mas são também comprometidos com ela, enviados como construtores de paz e promotores da justiça, condição para que a paz seja semeada, cultivada e partilhada na sociedade.

 Não somente na Eucaristia. O Sacramento da Penitência, como celebração pessoal ou nas celebrações penitências comunitárias, é também fonte de paz, que transforma cada penitente em profeta da reconciliação e da paz.

 A oração de São Francisco de Assis descreve bem esse significado: o penitente arrependido torna-se instrumento da paz, levando perdão, união e fé. É o que acontece no “envio” de todas as celebrações litúrgicas: os celebrantes são enviados com o compromisso de serem anunciadores e construtores da paz.

 São João Paulo II, na Carta Apostólica Mane Nobiscum Domine (n. 27) diz:

 O cristão, que participa na Eucaristia, dela aprende a tornar-se promotor de comunhão, de paz, de solidariedade, em todas as circunstâncias da vida. A imagem lacerada do nosso mundo, que começou o novo milênio com o espectro do terrorismo e a tragédia da guerra, desafia ainda mais fortemente os cristãos a viverem a Eucaristia como uma grande escola de paz, onde se formem homens e mulheres que, a vários níveis de responsabilidade na vida social, cultural, política, se fazem tecedores de diálogo e de comunhão.”

 

O cenário litúrgico atual

Como dizia no início, o cenário litúrgico de hoje tende a valorizar, às vezes demasiadamente, o lado pessoal das mazelas humanas. Não há nada de errado nisso, mas corre-se o risco de ficar somente no lado pessoal que, a bem da verdade, em certo sentido é mais fácil e cômodo.

 A celebração litúrgica não pode esquecer a dimensão comunitária e, isso significa, no atual contexto social, comprometer os celebrantes com a construção da paz. Através da pedagogia mistagógica, a Liturgia é educadora do comportamento cristão na sociedade.

 De vez em quando, aparece um exorcista explicando como o diabo age para destruir vidas pessoais, e alerta sobre a vigilância contra o mal agressor na vida pessoal. É certo que o mal pessoal provocado pelo demônio é um fato. Também o mal social, com pensamentos que contaminam e favorecem divisões na sociedade, são tentações e influências diabólicas.

 Podemos nos perguntar: será difícil reconhecer que guerras, genocídios, brutalidade contra inocentes, fome, desnutrição, pessoas sem teto e crianças de rua são realmente realidades diabólicas? Será difícil compreender que tais contextos são situações de sofrimento de milhões de irmãos e irmãs com os quais, na maior parte das vezes, podemos ajudar somente com nossas orações?

 A Liturgia não é uma praça de protesto. É um espaço de paz, porque nela acontece o encontro com o Príncipe da Paz que visita o seu povo, como cantamos na Liturgia Natalina. Por isso, celebrar a Liturgia esquecendo que o mundo e a humanidade precisam da paz pode produzir alienação em vez de comprometimento evangelizador e fraterno.

 A paz se perde quando a injustiça social provoca pobreza, fome, doenças e sofrimento. A reconciliação para ser social precisa olhar a sociedade com os mesmos olhos de Jesus: “dai-nos olhos para ver as necessidades dos irmãos e irmãs…” a Liturgia proclama na Oração Eucarística para as Diversas Circunstâncias IV. Que olhos pedimos?

 Os mesmo olhar de Jesus para socorrer os necessitados vítimas de violências e de guerras.

 A Liturgia é o espaço onde somos iluminados com a luz do Evangelho para ver a realidade social com os olhos de Jesus. É na celebração litúrgica, de todos os Sacramentos, que recebemos o mesmo olhar de Jesus Cristo como condição para oferecer e cultivar os valores do Reino de Deus — entre eles, a paz.

 O rito da paz, na celebração Eucarística é um rito de reconciliação. Antes de participar da Mesa Eucarística, que é mesa de comunhão com Deus, é necessário estar em comunhão com quem celebra comigo e com quem não está em paz comigo. Um semeador de discórdia não pode comungar a Eucaristia que sempre, e em todas as circunstâncias, compromete o comungante tornando-o instrumento da paz.

Serginho Valle
Dezembro 2025

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