23 de dez. de 2015

Nós vimos a sua glória!

O Natal é, acima de tudo, uma acontecimento salvífico e é isso que celebramos em nossas liturgias Natalinas. Na realidade, todos nós vamos à igreja e, na assembléia litúrgica fazemos ação de graças porque “nós vimos a sua glória”. A Liturgia do Natal, portanto, é uma grande ação de graças que elevamos ao Pai, que nos concedeu a graça de “ver a sua glória divina com os nossos olhos”.
            A Liturgia da Missa do dia, que celebramos em 25 de dezembro, proclama na assembléia litúrgica o Prólogo do Evangelho de São João. É um texto que exige atenção para ser bem refletir e meditado na celebração do Natal, dada à sua densidade teológica e o profundo mistério narrado por João. Cada palavra e frase tem um significado cristológico e uma relação com outras passagens da Sagrada Escritura.
            Por que a Liturgia faz isso, no dia do Natal? Para mostrar a todos os celebrantes a grandeza do mistério que celebramos neste dia. Procure compreender o que significa “o Verbo (a Palavra de Deus) se fez carne”. Existe uma distância enorme entre a Palavra de Deus (Dabar) que habita nas alturas e a “carne” (o corpo) da pessoa humana. É a distância entre criador e criatura. E, no entanto o criador assume a condição de criatura. Por isso, a Liturgia faz ação de graças no Natal pela Palavra que se tornou gente.
            Outra parte diz: “veio habitar entre nós”. Por que Deus deixaria sua habitação divina para morar em nosso meio? Por causa do amor e porque quer a nossa salvação. Ele precisava fazer-se um de nós para que nós, através de sua morte e ressurreição, readquiríssemos a vida divina. Na Missa do Dia, a Igreja intercede a Deus que todos os celebrantes possam ter na sua natureza humana a vida divina. É a divinização do homem. Mais um motivo de ação de graças.
            João, no seu Evangelho não narra a transfiguração de Jesus. Por que? Porque na simplicidade do presépio, na ternura do recém nascido nós vemos a glória a Deus. Quem crê, pára diante do presépio e, na contemplação própria daqueles que são capazes de ver a beleza da vida nas coisas pequenas e simples, pode dizer: “nós contemplamos a glória de Deus”. Está ali, naquela criança recém nascida.
            A bem da verdade, a Liturgia Natalina se reveste de alegria, de festa, de luz — e precisa que seja feito deste modo — porque a glória de Deus está entre nós e podemos contemplá-la com nossos olhos.
Este foi o modo mais original de desejar feliz Natal ao mundo: nascendo como criança e permitindo-nos contemplar a glória de Deus.
Só mesmo Deus para agir desse modo ao dizer a toda à humanidade: Feliz Natal!

Feliz Natal!
Serginho Valle
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