“Não
gosto de Missa; é sempre a mesma coisa”. O refrão é conhecido e tão velho
quanto quê. Pode ser que você já tenha pensado a mesma coisa. Mas, tenho
certeza que mudou de idéia depois que passou a ver sentido na Missa.
É sempre assim. Quando a gente
começa a ir na Missa para passivamente assisti-la, então é a mesmice de sempre.
O padre que reza lá na frente e o povo que senta e levanta, ajoelha e canta até
terminar. Quando se deixa de ser um passivo assistente e passa a celebrar, a
coisa muda. E muda para melhor.
Muda porque na assistência passiva a
gente só vê. E, por ser uma assistência passiva, sempre vê a mesma Missa.
Quando a gente celebra, a coisa fica diferente. Cada Missa torna-se uma Missa
nova, muito diferente da anterior. Cada vez você tem um sentido novo, uma razão
para estar lá celebrando. Haverá domingo que você estará celebrando para pedir
alguma ajuda a Deus. Outro, você estará lá para agradecer. Numa Missa você pode
estar triste, magoado com alguém, e você quer celebrar com os irmãos a paz.
Noutro você quer abraçar o mundo, e você vai para celebrar com os irmãos a
alegria de Deus na sua vida. Cada domingo você vai celebrar sua vida diante de
Deus e encontrará Deus oferecendo um sentido novo ao seu viver.
Você então ouve Deus falar pela
Bíblia. Depois tem a mensagem do padre, a mensagem das canções, das orações...
Cada vez é diferente, muito diferente. Mas tem um algo mais: o pão e o vinho,
Corpo e Sangue do Senhor nunca é o mesmo. Cada vez que você come daquele pão é
o mesmo Cristo que você comunga, mas é sempre vida divina na sua vida humana
divinizando sua existência. E vida divina nunca é igual, é sempre mais vida
plena, eterna, interminável... É o novo de Deus agindo e dando sentindo ao
nosso viver.
Mas,
se existe “assistência passiva”, quer dizer que pode haver uma “assistência
ativa?” Sim, do ponto de vista comunicativo, existe uma assistência ativa: é
aquela, na qual o espectador sempre vê algo diferente naquilo que já viu
anteriormente, desde que olhe cada vez com um olhar diferente. Tem gente que
assiste muitas vezes o mesmo filme e sempre vê algo diferente e emocionante; vê
o mesmo filme, mas com olhares diferentes A dinâmica da assistência ativa nunca
vê a Missa com os mesmos olhos; cada rito, cada palavra, mesmo conhecidos,
estabelece uma nova mensagem na vida do celebrante. Mas, para isso é preciso conhecimento
e aprendizado do processo comunicativo litúrgico e crescimento na
espiritualidade litúrgica, não somente da parte do receptor, também do
comunicador.
Serginho Valle
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