“Ara Christus
est”. Cristo é o altar. É assim que os
primeiros teólogos da Igreja descreviam o altar. O altar é a presença de Jesus,
ao redor do qual a Igreja se reúne para celebrar a ação de graças ao Pai, na
celebração Eucarística. Por isso, o altar não é uma simples mesa, mas de um
sacramento ou, como dizem os gregos, um “symbolon”, um símbolo (não apenas um
sinal), quer dizer, uma presença: a presença de Jesus Cristo. Oportunamente,
trataremos mais sobre o altar.
Como
considerado em outras reflexões publicadas neste blogger, a procissão inicial
da Missa não é um rito de acolhimento do padre e de ministros, mas uma
caminhada da Igreja que se aproxima de Jesus Cristo, o altar da Igreja, sobre o
qual a Igreja oferece o Sacrifício Eucarístico, Sacrifício da Nova e Eterna
Aliança. É neste sentido que o título desta reflexão encontra seu sentido: “o
endereço é o altar”. Na procissão de entrada da Missa, a Igreja se direge a
Cristo, simbolizado sacramentalmente no altar. É devido a isto que a chegada da
procissão é realizada com alguns ritos de homenagem ao altar e, é também devido
a isto que o altar que sempre deve ser visível e nunca escondido atrás de
toalhas, panos, flores, folhagens e velas.
O primeiro rito
é a inclinação profunda na direção do altar realizada por todos que participam
da procissão. Não se faz genuflexão para o altar, mas inclinação profunda.
Entende-se que o Sacrário esteja localizado numa capela própria — Capela do
Santíssimo — ou na lateral do presbitério, nunca atrás do altar, como pedem as
orientações litúrgicas do espaço celebrativo. Pode acontecer que esteja atrás
do altar, como acontece no Santuário da Vida, da Rede Vida, mas este foi projetado para se encontrar noutro
espaço, separado pelos arcos.
O segundo rito
é a colocação da Cruz Processional ao lado do altar. Com este gesto os
celebrantes são lembrados que a Cruz é o altar do sacrifício de Jesus Cristo.
Na celebração da Eucaristia, a Cruz é a mesa do altar. Em se levando velas
processionais, estas podem ser colocadas ao lado do altar, não sobre o altar, também
com a finalidade de prestar homenagem a Jesus Cristo, presente no altar. Lembro
que o Círio Pascal não substitui as velas do altar, porque o Círio Pascal é um
sacramento (símbolo) da Ressurreição de Jesus. Ainda no contexto das homenagens
ao altar, está o rito da deposição do Evangeliário sobre o altar, outro símbolo
da presença viva de Jesus Cristo no meio da assembléia. Não se coloca sobre o
altar, portanto, nem o Lecionário e nem a Bíblia. O Evangeliário explicita a
unidade da Palavra com a Eucaristia, pois uma não vive sem a outra, e une as
duas Mesas que alimentam os celebrantes com o Pão da Palavra e com o Pão
Eucarístico.
Além destes
símbolos, pode-se colocar outros sinais de homenagem ao altar, como velas e
flores e um incensório, não sobre o altar, como dito, e sim próximos do mesmo,
nas laterais ou no chão, na frente do altar. Em vez do incensório, nas Missas
mais solenes, é costume fazer a incensação do altar, expressando o respeito e a
veneração pelo local onde a Igreja oferece o seu sacrifício ao Pai. Tudo isso para
ressaltar a centralidade do altar, na celebração da missa.
Eis os vários
motivos pelos quais não colocamos nada sobre o altar: velas, fores, papelada,
livros... a não ser aquilo que é necessário para a Missa, que trataremos em
outro momento. É triste e revela mal gosto e desconhecimento litúrgico de quem
transforma o altar em prateleira de livros, velas e flores, além de toalhas com
bordados e desenhos (nem sempre artísticos) que o escondem. O altar é para ser
visto. O mesmo cuidado de nada colocar sobre o altar deve ser respeitado quando
não existe Missa e quando se celebra outro sacramento, como mo Matrimônio, por
exemplo. Sobre isto, publiquei aqui no blogger dois artigos sobre isto.
Dentre as
homenagens prestadas ao altar, está o beijo do padre que presidirá a Eucaristia.
E aqui entendemos o significado do beijo. Se o “altar é Jesus Cristo”,
entendemos que o padre saúda Jesus Cristo com um beijo no altar. Antes de
saudar a assembléia celebrante, Jesus Cristo é saudado com o beijo da Igreja,
dado pelo padre e pelos ministros ordenados, não por outros ministros e muito
menos por coroinhas. Depois do beijo, o padre não inicia a Missa no altar, mas
se dirige à cadeira presidencial, de onde dá continuidade aos ritos iniciais,
já iniciados com a procissão de ingresso.
Em tempo. Todos
estes ritos são acompanhados pelo “canto de entrada”, o qual se conclui quando
o padre estiver na cadeira presidencial para iniciar a Missa.
Serginho Valle
No artigo diz que não pode se colocar nada sobre o altar. Nem mesmo os castiçais 2,4 ou 6 dependendo das circunstâncias colocados de forma harmônica?
ResponderExcluirA proposta, do ponto de vista da Teologia Litúrgica não especifica circunstâncias mais ou menos especiais. O altar é sempre soberano, neste sentido.
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