A
Liturgia celebra o Natal em três grandes momentos: preparação, solenidade e
celebrações natalinas. A preparação consta de quatro semanas, das quais as duas
últimas são dedicadas a uma preparação mais próxima e mais intensa. A
celebração da Solenidade do Natal consta de quatro Missas em momentos
diferentes do dia e da noite e, por fim, as “celebrações natalinas” que constam
de festas e solenidades, concluídas com a festa do Batismo de Jesus. Nossa
atenção se concentrará no Lecionário proposto para o “Ano B”, que conta algumas
peculiaridades, neste ano de 2017.
Tempo da preparação
O
tempo de preparação denomina-se Advento, termo que designa espera, expectativa,
tempo de preparação de um acontecimento importante. São quatro semanas de
Advento, mas neste ano de 2017, teremos apenas três porque — e aqui está a
primeira peculiaridade — o 4º Domingo do Advento será celebrado no dia 24 de
dezembro. Isto significa que a Liturgia do 4º Domingo do Advento será celebrada
somente nas Missas vespertinas de sábado à tarde-noite (23 de dezembro) e nas
Missas Dominicais matutitas. As Missas de Domingo à tarde já serão Missas do
Natal.
Desde
a antiguidade, desde quando a Liturgia introduziu um tempo de preparação ao
Natal, os dois primeiros Domingos do Advento são dedicados à 2ª vinda de Jesus
Cristo. São Domingos escatológicos que, juntamente com os últimos Domingos do
Tempo Comum, completam uma série de celebrações dedicadas à segunda vinda de
Jesus Cristo. Nestas celebrações dedicadas à 2ª vinda do Senhor, o Advento é um
tempo de preparação marcado pela virtude da vigilância.
O
convite para se cultivar a virtude da vigilância, no “1º Domingo do Advento – B”
é apresentado com dois símbolos: o caminho e o trabalho do porteiro. Vigilante para
não tomar um caminho que não conduza ao encontro com Jesus, em sua 2ª vinda. Vigilância,
vivendo atento, como deve ser o trabalho de um porteiro para impedir que algo
estranho entre na casa (a vida pessoal) e impeça a preparação do encontro com o
Senhor que vem.
O
2º Domingo do Advento do Ano B (Ano Litúrgico em curso) tem a particularidade
de apresentar um dos principais personagens do Advento, João Batista, o qual é
ligado à primeira vinda de Jesus. Por isso, a dimensão escatológica da
preparação da 2ª vinda encontra-se na 2ª leitura e na eucologia. No Ano B,
iluminando-se na 2ª leitura, o 2º Domingo do Advento é celebrado nos desertos
da sociedade, o local onde João Batista continuando profetizando a necessidade
de preparar caminhos que conduzam ao encontro do Senhor que um dia voltará.
A
preparação do Natal, propriamente dita, denominada de preparação próxima do
Natal, inicia-se no 3º Domingo do Advento, conhecido como “Dominca laetare” –
“Domingo da Alegria” —, termo emprestado pela antífona de entrada: “alegrai-vos
sempre no Senhor, alegrai-vos”. Neste 3º Domingo do Advento, a Igreja coloca flores
na celebração e a Liturgia celebra a Eucaristia vestida com paramentos cor de
rosa. Motivo disso? A aproximação do Natal de Jesus Cristo. Por isso, o 3º
Domingo do Advento é o primeiro momento preparatório diretamente
relacionado ao Natal; momento que prepara a 1ª vinda do Senhor, no Natal. Para
tal, a Liturgia propõe aos celebrantes as figuras de Isaias e João Batista como
testemunhas de uma nova esperança para a humanidade.
Por
fim, o “4º Domingo do Advento”, Domingo essencialmente mariano, dedicado à
Virgem Mãe. Ela está grávida do Menino Jesus e a Igreja proclama alegremente
que “Ele está no meio de nós”. É uma celebração que conduz os celebrantes ao
acolhimento do projeto divino, que se realiza no Natal, tendo Nossa Senhora
como modelo de fé e de disponibilidade, condições indispensáveis para acolher o
Menino Jesus. Uma celebração para incentivar os celebrantes a preparar suas
vidas e seus corações a ser a casa de acolhida do Menino Jesus, a exemplo da
Virgem Mãe Maria.
Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo
O
grande anúncio do Natal se resume numa frase: Deus vem ao nosso encontro! Como
em toda celebração do Natal, a Liturgia da Igreja transborda de alegria, torna-se
festivamente alegre em seus espaços celebrativos, em suas canções, nos
paramentos, na preparação celebrativa. Tudo para que os celebrantes possam
fazer experiência do contentamento espiritual, da alegria de quem experimenta
no Natal o encontro com Deus, na pessoa do Menino Jesus. Natal é uma festa, uma
grande celebração do encontro da humanidade com Deus na pessoa de Jesus Cristo.
Ele, Jesus, se torna o “Emanuel”, quer dizer, o “Deus conosco”, “Deus que vive
entre nós”.
Sagrada Família: primeira celebração
natalina
Por
fim, a última festa litúrgica (neste ano de 2017) é dedicada à Sagrada Família
que, a exemplo do 4º Domingo do Advento, será celebrada somente nas Missas
Dominicais vesperais e nas Missas Dominicais matutinas, por ser 31 de dezembro.
A
Sagrada Família é uma celebração que liga o Natal à família destacando o
cultivo de três elementos: a fé, o amor e a confiança. Fé como atitude de
acolhimento da vontade divina, a exemplo da fé de Abraão e da fé de José e
Maria. Amor, naquilo que mais o caracteriza: doar-se, para que os membros da
família possam viver felizes e saudáveis. Depois, a confiança (característica
fundante da fé) que permite a cada membro da família viver livremente. Respirando
este clima familiar, os filhos crescem em sabedoria, em graça e força diante de
Deus e da sociedade.
Conclusão
As
primeiras celebrações natalinas, contempladas nesta catequese litúrgica, no
contexto do Ano B, caracterizam-se pela espiritualidade do encontro entre Deus
e a humanidade, entre Deus e a vida pessoal de cada homem e mulher. No tempo do
Advento. Natal é a grande celebração do encontro: encontro com Deus e encontro
com o outro, com os familiares e com aqueles com quem convivemos no nosso
cotidiano. O encontro com Deus, na pessoa do Menino Jesus, caracteriza-se pelo
acolhimento e, é no acolhimento que está o “segredo” de celebrar bem, isto é,
santamente o Natal. Quem acolhe e toma nos braços do coração o Menino Jesus não
terá dificuldade de acolher e abraçar aqueles com quem convive.
Serginho Valle
Dezembro de
2107
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