A formação e a espiritualidade litúrgicas são os pilares da Pastoral Litúrgica Paroquial (PLP)

A paz do Senhor!

A finalidade deste espaço é oferecer material de formação litúrgica para quem atua em ministérios litúrgicos na comunidade paroquial. Seja muito bem-vindo e bem-vinda. Se quiser e puder deixar sua contribuição, agradeço muito. (Serginho Valle)
Tecnologia do Blogger.

Postagens recentes

Liturgia: Coração da Unidade Eclesial

  A primeira viagem apostólica do Papa Leão XIV à Turquia , no final de novembro de 2025, foi avaliada como um gesto significativo em favor ...

Pesquise aqui

Total de visualizações

Pesquisar neste blog

Home Ads

Meu perfil

Minha foto
São José do Rio Preto, São Paulo, Brazil
Paz e bem! A celebração da Liturgia é uma arte e, como acontece no exercício de toda arte, só celebra bem quem bem conhece a linguagem da arte litúrgica celebrativa.

Serviço de Animação Litúrgica

Serviço de Animação Litúrgica
Para acessar as propostas celebrativas dominicais acesse: www.liturgia.pro.br

Facebook

Publicações recentes

JSON Variables

27 de mai. de 2018

Palavra de Deus: língua mãe do cristão


Uma das mais importantes consequências do Vaticano II foi devolver, por assim dizer, a Bíblia ao Povo de Deus. Quem viveu e participou dos anos pós-conciliares lembra dos encontros Bíblicos, das tardes ou fins de semana dedicados a cursos de Bíblia em nossas comunidades, dos círculos Bíblicos realizados nos bairros da paróquia. Junto a isso, surgiram as campanhas para comprar Bíblia. Na minha paróquia — São Luiz Gonzaga (Brusque – SC) — foi realizada a campanha: “Uma Bíblia em cada casa”.
No contexto litúrgico, nem é preciso dizer que a Liturgia da Palavra, depois da reforma litúrgica do Vaticano II (1964), foi uma das principais responsáveis para a divulgação do conhecimento Bíblico em nossas comunidades. Um fato que exigiu mais dedicação ao estudo da Sagrada Escritura, principalmente da parte dos padres, para que suas homilias tivessem conteúdo e fossem capazes de alimentar a vida espiritual do povo com a Palavra de Deus. Não que antes isso não acontecesse, mas como a Palavra era proclamada em latim, muitos padres limitavam suas homilias a traduzir o que leram em latim.
Outro dia, escutei um padre dizendo que a Bíblia saiu de moda. Referia-se aos cursos de formação, que mencionei acima. É claro que a Bíblia não sai de moda; disso meu amigo padre sabe muito bem. Hoje, o empenho é favorecer o contato com a Bíblia não tanto na área formativa, embora essa nunca tenha perdido sua força, mas o contato com a Bíblia para introduzi-la na vida. Disso, o grande esforço para implementar a Lectio Divina, dinâmicas e técnicas de meditação com a Bíblia, seja em vista do crescimento da espiritualidade pessoal como, até mesmo, de terapia psicológica.
A Lectio Divina, por exemplo, deveria ser um hábito em nossas comunidades. De modo especial, deveria ser hábito na preparação das celebrações e na preparação das homilias. Por isso, minha sugestão propõe preparar as homilias, por exemplo, dando uma olhada em comentários exegéticos (que é sempre útil e até necessário em algumas circunstâncias), mas especialmente preparar as homilias saboreando a Palavra na escola da Lectio Divina. É dessa forma que a Palavra de Deus, pouco a pouco, vai se tornando a língua materna do homiliasta. Isto é, ele fala aquela Palavra com a mesma facilidade com que fala sua língua mãe porque a tem no seu coração. Quando isso acontece, o contágio entre os celebrantes é inevitável e facilmente constatável.
Para tal finalidade, os aprofundamentos Bíblicos, feitos em cursos e com a literatura de bons autores são de grande utilidade; não se discute. Mas, mais importante e mais eficaz que isso é o clima e o estilo com que a Palavra é conservada no coração do homiliasta para transmiti-la aos que com ele celebram, de modo que “a Palavra habite em vós em toda plenitude” (Cl 3,16).
Hoje, o cristão comum, aquele que apenas frequenta a Eucaristia, graças ao incentivo de se ler a Bíblia e entrar em contato com a Palavra, não se contenta com uma homilia “meia boca”, do padre repetindo o que acabou de ser proclamado nas Leituras, como se este tivesse sido proclamado em alguma língua estranha. O cristão comum e, com muito mais exigência, aquele engajado, exigem conteúdo. E é bom que se tenha consciência disso, não só para demonstrar conhecimento, mas para tornar a homilia aquilo que é uma de suas principais finalidades: alimentar o povo celebrante com o Pão da Palavra.
No contexto da Pastoral Litúrgica Portanto, portanto, um dos desafios e objetivos consiste em tornar a Palavra de Deus acessível a todos, para que cada celebrante torne a Palavra de Deus a sua língua mãe, no seu modo de se expressar, especialmente pela expressão comportamental que testemunhe sua fé, seu agir e seu pensar de discípulo e discípula de Jesus.
Serginho Valle

Maio de 2018

16 de mai. de 2018

Lava-pés


Um pouco encurvado, um avental amarrado na cintura, mãos que derramam água para limpar os pés dos outros. Não existe sentimento que fique insensível durante a proclamação do lava-pés, na Missa da Quinta-feira Santa, recordando o gesto de Jesus ao lavar os pés de seus discípulos.
O lava-pés era uma cortesia típica das famílias hebraicas, transformado por Jesus em gesto de amor e humildade absolutos. Para melhor compreender o significado, Papa Francisco modificou recentemente o Missal Romano, definindo que, de agora em diante, pode-se escolher todos os membros do povo de Deus para participar do rito do lava-pés; a proposta tem a ver com a inclusão mulheres que, devido a um antigo e descontextualizado conceito, só permitia a participação masculina neste rito. Um costume que, na prática, ao menos aqui no Brasil, era desconsiderado, e com razão.
A finalidade, explica a Congregação do Culto Divino, é evitar que o lava-pés se transforme em teatro, mas evidencie a medida desmedida do amor cristão.
A proposta do rito do lava-pés, não consiste tanto em simplesmente repetir o gesto de Jesus, lavando os pés, mas enfatizar ritualmente o significado deste gesto: gesto de quem se coloca a serviço do próximo. É o gesto concreto do Mandamento novo, proclamado na Missa in Coena Domini, o gesto que explica em que consiste “amar o próximo como Jesus amou” (...). Consiste em se colocar a serviço da vida do outro para que viva de modo digno.

Notas históricas
Por muitos séculos, o lava-pés não se realizava durante a Missa da Quinta-feira Santa, mas fora da celebração, com o bispo que lavava os pés de 12 padres. O rito entrou na Missa com o Papa Pio XII. Até 1955, portanto, era um rito prevalentemente clerical, reservado ao clero, não realizado diante da assembléia do Povo de Deus. A partir de 1955 adquire visibilidade e a possibilidade de ser realizado durante a Missa.
Com a mudança feita por Papa Francisco, não será mais necessário que todos sejam homens, nem que os 12 sejam escolhidos antecipadamente para este rito. A orientação diz respeito a um grupo de fiéis, homens e mulheres, jovens e idosos, sadios e enfermos, padres, consagrados, leigos. Ou seja, a variedade e a unidade do Povo de Deus.
Serginho Valle

Maio de 2018

12 de mai. de 2018

Imaculada Conceição


Solenidade litúrgica que celebra Maria, Mãe de Jesus, concebida em pecado, no dia 8 de dezembro. Em vista do Mistério Pascal de Jesus Cristo, por graça especial de Deus, Maria participa do privilégio único de ter sido concebida sem pecado original. Disto a denominação de Imaculada (sem mácula, sem mancha) Conceição (concepção).  
            Era necessário, sem dúvida, que o Filho de Deus merecesse uma mãe imaculada, quer dizer, sem nenhum pecado desde sua concepção. Por isso, Maria recebeu a plenitude da graça (Lc 1,28), para que pudesse ser a Mãe de Deus. No contexto do projeto divino, é para nós e para nossa Salvação, que Maria nasceu Imaculada desde a sua concepção, segundo o dogma definido por Pio IX, em 1854.
            Maria foi especialmente escolhida por Deus para exercer a vocação maternal e a vocação da maternidade, para que o Filho de Deus nascesse plenamente humano. Para exercer tal função, Deus a quis toda pura, sem mancha; toda imaculada (Ef 5,27). É isso que a Igreja expressa na Liturgia desta solenidade, nos textos eucológicos.


Coleta da Missa da Imaculada

                              Ó Deus, que preparastes uma digna habitação para o vosso Filho, pela Imaculada
                             Conceição da Virgem Maria, preservando-a de todo pecado em previsão dos 
                             méritos de Cristo, concedei-nos chegar até vós purificados de toda culpa por sua  
                             maternal intercessão. PNSCJ. Amém!

            Como em outras coletas, ditas “novas”, a coleta da Imaculada Conceição retoma quase que textualmente a essência da definição dogmática de Pio IX (1854): foi preservada de toda mancha do pecado, em vista dos méritos de Cristo. Uma coleta, portanto, que pode ser definida como “dogmática”.
            A coleta proclama Maria como morada digna da vida divina, na pessoa de Jesus Cristo, preservada de todo pecado. Maria, portanto, é imaculada, sem mácula, sem mancha, sem pecado. A coleta ressalta que a Imaculada Conceição de Maria atinge também toda a humanidade pelos méritos de Cristo, quer dizer, por aquilo que Jesus realiza em favor de todos os homens e mulheres, purificando-nos de toda a culpa pela maternal intercessão da Virgem Imaculada.
            No contexto teológico do Dogma da Imaculada Conceição, sua fundamentação bíblica encontra-se no Mistério da Encarnação (Lc 1,26-38, Mt 1,21; Rm 1,4). Graças ao “sim” de Maria, Deus que falara de tantos modos, nestes últimos tempos falou através do seu Filho Jesus, para que tivéssemos nele a vida plena (Gl 4,4-5; Jo 10,10). Graças aos méritos divinos concedidos a Maria, tornando-a digna habitação do seu Filho, pode-se participar da graça divina como filhos e filhas adotivos de Deus (Ef 1,3-12; 1Pd 1,3), destinados a viver livres de toda culpa, justificados em Cristo para poder participar da vida divina (Ef 1,7; Cl 1,14; Hb 9,22).

Prefácio da Imaculada Conceição (embolismo)

A fim de preparar para o vosso Filho mãe que fosse digna 
dele preservastes a Virgem Maria da mancha do pecado original, 
enriquecendo-a com a plenitude da vossa graça. Nela, nos destes 
as primícias da Igreja, esposa de Cristo, sem ruga e sem mancha, 
resplandecente de beleza.Puríssima, na verdade, devia ser 
a Virgem que nos daria o Salvador, o Cordeiro sem mancha, 
que tira os nossos pecados. Escolhida, entre todas as mulheres, 
modelo de santidade e advogada nossa, ela intervém 
constantemente em favor de vosso povo.

O Prefácio da Solenidade da Imaculada Conceição, que tem como tema: “Maria e a Igreja”. Um Prefácio inspirado, no que se refere à Igreja, no texto paulino de Ef 5,27, na teologia mariana presente na Sacrossanctum Concilium (SC 103) e no contexto teológico da Lumen Gentium (LG 65).
O texto prefacial faz referência à Maria como a primeira filha da Igreja, o novo Povo de Deus, que participa plenamente da glória celeste, por ser preservada da mancha original. Maria é primeira, aquela que, no dizer de Paulo, é apresentada toda bela e sem mancha, sem ruga; toda santa e sem defeito aos olhos de Deus (Ef 5,27). Ela é a filha do povo que encanta o olhar do rei, a ponto de lhe conceder tudo que pedir; uma filha que se torna intercessora diante do rei divino (1ª leitura – Est 5,1-2;72-3).
O segundo aspecto do Prefácio, fundamentado na Teologia Mariana pós-conciliar, faz referência à celebração do Mistério Pascal de Cristo na vida de Maria, Mãe de Deus, contemplando-a e proclamando-a como o primeiro e o mais excelso fruto da redenção realizada por Jesus Cristo (SC 103). Por isso, ela é a primeira cristã e o modelo de discípula a ser imitada por todos os cristãos (LG 65).

Espiritualidade da Solenidade da Imaculada Conceição
            A celebração Litúrgica da Solenidade da Imaculada Conceição, do ponto de vista da espiritualidade Litúrgica, encontra-se plenamente envolvida no Mistério Pascal de Jesus Cristo. Maria recebe de Deus a graça de ser preservada do pecado em vista do Mistério Pascal de Jesus Cristo, em vista do processo redentor escolhido por Deus. É o que se reza na coleta inicial e o que se proclama no embolismo prefacial. Um feito que produz na vida espiritual a admiração, o louvor, a ação de graças pela obra divina realizada na vida de um ser humana, Maria, a Mãe de Jesus.
            Sendo humana, entende-se que os méritos divinos que atingem o ser humano na pessoa de Maria, igualmente atinge a vida de quem celebra este Mistério. Toda humanidade, e cada celebrante, uma vez purificados de suas manchas desde o Batismo, são chamados à purificação pessoal para acolher em suas vidas a vida divina, cujo corpo é morada do Espírito Santo (1Cor 3,16). É uma espiritualidade propositora do caminho da purificação da humanidade, da Igreja e de cada ser humano em vista da santificação. No seio de Maria, Deus veio habitar a vida humana e, onde Deus habita, ali habita a sua santidade. Disso, a espiritualidade de purificar-se, distanciar-se do pecado para se tornar santo e santa, acolhendo a vida divina na vida humana purificada; sem pecado.
            Interessante notar, igualmente, que a Solenidade da Imaculada Conceição é celebrada no Tempo do Advento. Em tal circunstância, respira os ares espirituais da esperança. Esperança de haver pessoas dispondo-se à purificação pessoal para acolher Jesus, que nasce no Natal. O Advento, no dizer de Paulo VI, é o tempo litúrgico mariano por excelência e, por isso, a espiritualidade desta solenidade favorece igualmente a compreensão do Advento como tempo mariano, isto é, tempo para esperar o Senhor com amor de mãe gestante: feliz e radiante da alegria humana.
Serginho Valle
Maio de 2018