Um
pouco encurvado, um avental amarrado na cintura, mãos que derramam água para
limpar os pés dos outros. Não existe sentimento que fique insensível durante a
proclamação do lava-pés, na Missa da Quinta-feira Santa, recordando o gesto de
Jesus ao lavar os pés de seus discípulos.
O
lava-pés era uma cortesia típica das famílias hebraicas, transformado por Jesus
em gesto de amor e humildade absolutos. Para melhor compreender o significado,
Papa Francisco modificou recentemente o Missal Romano, definindo que, de agora
em diante, pode-se escolher todos os membros do povo de Deus para participar do
rito do lava-pés; a proposta tem a ver com a inclusão mulheres que, devido a um
antigo e descontextualizado conceito, só permitia a participação masculina
neste rito. Um costume que, na prática, ao menos aqui no Brasil, era
desconsiderado, e com razão.
A
finalidade, explica a Congregação do Culto Divino, é evitar que o lava-pés se
transforme em teatro, mas evidencie a medida desmedida do amor cristão.
A
proposta do rito do lava-pés, não consiste tanto em simplesmente repetir o
gesto de Jesus, lavando os pés, mas enfatizar ritualmente o significado deste
gesto: gesto de quem se coloca a serviço do próximo. É o gesto concreto do
Mandamento novo, proclamado na Missa in Coena Domini, o gesto que explica em
que consiste “amar o próximo como Jesus amou” (...). Consiste em se colocar a
serviço da vida do outro para que viva de modo digno.
Notas
históricas
Por
muitos séculos, o lava-pés não se realizava durante a Missa da Quinta-feira
Santa, mas fora da celebração, com o bispo que lavava os pés de 12 padres. O
rito entrou na Missa com o Papa Pio XII. Até 1955, portanto, era um rito
prevalentemente clerical, reservado ao clero, não realizado diante da
assembléia do Povo de Deus. A partir de 1955 adquire visibilidade e a
possibilidade de ser realizado durante a Missa.
Com
a mudança feita por Papa Francisco, não será mais necessário que todos sejam
homens, nem que os 12 sejam escolhidos antecipadamente para este rito. A
orientação diz respeito a um grupo de fiéis, homens e mulheres, jovens e
idosos, sadios e enfermos, padres, consagrados, leigos. Ou seja, a variedade e
a unidade do Povo de Deus.
Serginho Valle
Maio de 2018
0 comentários:
Postar um comentário
Participe. Deixe seu comentário aqui.