No
contexto da Pastoral Litúrgica, a Liturgia Paroquial é uma das principais
fontes da fé. Vale lembrar que para muitos católicos, a Liturgia é a única fonte
nutricional da fé. Uma das funções pastorais, dentre as mais importantes de uma
paróquia, é transmitir a fé às novas gerações e alimentar a fé de todos que
convivem no território paroquial. Isso acontece com vários meios, como a
catequese, cursos, encontros de formação, pastorais, etc... Dentre estas,
considero a Liturgia como uma das mais importantes fontes nutricionais da fé. Como
a Pastoral Litúrgica Paroquial lida, ou tem consciência, desta importante
função é uma das finalidades da minha reflexão.
Liturgia
paroquial sem departamentos
Sendo a transmissão da fé uma
atividade primordial da Igreja, pode-se entender que a paróquia vive em crise
quando perde sua função geradora e nutricional da fé. Uma paróquia que se perde
na burocracia de documentos ou na preocupação exagerada — muitas vezes
pressionada pelo departamento financeiro da Diocese — das finanças, deixa de
ser comunidade de fé e se transforma em empresa. Neste caso, segue,
infelizmente, o mesmo princípio das igrejas comerciais, que usam a fé como
fonte de lucro. A crise paroquial, em todos os níveis (podem crer nisso)
consiste em se tornar estéril ao transmitir a fé; uma comunidade cristã não
sobrevive, nem na área espiritual, pastoral, organizacional se negligencia a
transmissão e a nutrição da fé.
A paróquia, em nossos tempos,
continua sendo um local decisivo para o cristianismo. Nela, diferentes gerações
convivem e partilham a mesma fé em espaços, com palavras, em atividades e nas
celebrações litúrgicas. Estabelecer celebrações litúrgicas por faixa etária —
missas de jovens, missa de idosos —, como se fossem departamentos diferentes da
mesma vida, é correr o risco de colocar a perder a partilha da fé entre
gerações também no modo de celebrar. A paróquia é uma comunidade que celebra suas
Liturgias acolhendo a todos, até mesmo as crianças menores que, vez por outra,
se inquietam e correm pelos corredores.
Um serviço da Pastoral Litúrgica
Paroquial consiste em favorecer essa congregação de todas as idades para
celebrar juntos e juntos partilhar a mesma fé, juntos rezar a mesma fé para
juntos vivê-la, caminhando nas estradas de Jesus traçadas na comunidade onde se
vive.
Celebração
da fé na vida
Outro serviço muito característico
da Pastoral Litúrgica Paroquial é aquele de celebrar a fé em todas as estações
existenciais. Naquela do florescer, acolhendo os recém-nascidos no Batismo,
naquelas de decisão pelo discipulado, como no Sacramento da Crisma, e naquelas
celebrações que definem o caminho vocacional, seja matrimonial seja consagrando-se
ao serviço do Reino. Celebrar igualmente os momentos que os passos tornam-se
mais vagarosos ou dolorosos, como na velhice ou na doença, até o momento
derradeiro. Em resumo, a fé é celebrada em todos os momentos no contexto territorial,
espiritual e solidário de uma paróquia. É em tal contexto que a Pastoral
Litúrgica Paroquial exerce seu serviço.
Uma coisinha a mais que gostaria de
considerar: a educação na fé para se caminhar na “estrada de Jesus”, na estrada
do discipulado. É onde a Pastoral Litúrgica Paroquial torna-se pedagoga da fé
em suas celebrações, sem transformá-las em cursos de catequese e nem a igreja
em sala de palestras. A dinâmica celebrativa é, em si mesma, pedagógica,
altamente capaz de ensinar como viver a fé e como se nutrir da fé, como falar da
fé pela arte, pela cenografia celebrativa, pela comunicação visual, oral... com
tudo, enfim, que compõem e forma a linguagem celebrativa. A arte de celebrar a
fé exige que a dinâmica da criatividade conheça profundamente o modo
comunicativo com a qual a celebração se realiza.
Concluindo
O trabalho de uma Pastoral Litúrgica
Paroquial não consiste, como tantas e tantas vezes tenho repetido, em organizar
listas para funções em celebrações. É muito mais e bem mais que isso. É uma
atividade que considera a fé a ser celebrada como caminho, como pedagogia, como
partilha... sempre iluminada pelo aprendizado da fé, pela nutrição da fé, pela
transmissão da fé.
Serginho Valle
Julho de 2018
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